Por
Altamir Pinheiro
No
ano de 1972, estreava o filme "O Poderoso Chefão" ("The
Godfather"). Baseado no livro homônimo de Mario Puzo, de 1969, o filme foi
dirigido por Francis Ford Coppola e estrelado por um elenco de peso, que
incluía Marlon Brando, James Cann, Robert Duvall, Diane Keaton, e o jovem Al
Pacino. O Poderoso Chefão é um filme baseado em várias histórias
diferentes, semelhantes às trajetórias de muitos mafiosos italianos que
enriqueceram nos Estados Unidos. Os historiadores afirmam que o
personagem de Vito Corleone, por exemplo, foi inspirado em mais de um
criminoso, como o siciliano Lucky Luciano, o chefe mais respeitado da
"comissão" dos mafiosos. Frase do Poderoso Chefão: “AMIGOS E NEGÓCIOS: ÁGUA E AZEITE”.
O diretor Francis Ford
Coppola acreditava fielmente que apenas dois atores no mundo poderiam
interpretar Vito Corleone: os atores Laurence Olivier e Marlon Brando. Coppola
chegava a chamar o segundo de "meu herói", para total desagrado da
Paramount, que acreditava (com razão) que o ator poderia causar problemas durante
as filmagens. Apesar do enorme talento, Marlon Brando sempre teve fama de
preguiçoso, excêntrico e pouco profissional. Coppola conseguiu convencer os
produtores do estúdio a escolher Brando para o papel de Vito Corleone. “HOMENS
REALMENTE GRANDES NÃO NASCEM GRANDES, TORNAM-SE GRANDES”.
A voz rouca e marcante do personagem criado por
Brando foi inspirada no sotaque do mafioso Frank Costello, após o ator
ouvir o gângster depor em uma comissão do FBI. Outra curiosidade da filmagem é
que Marlon Brando colocava algodão nos cantos da boca para ficar com a
aparência de um cachorro "buldogue". Outro fato curioso foi
que apesar de retratar o cotidiano de famílias mafiosas de Nova
York, as palavras "máfia" e "Cosa Nostra" não são ditas
durante o filme. Isso porque uma entidade de direitos civis dos
ítalo-americanos fez um acordo com o estúdio, pedindo para que os termos não
fossem usados, pois poderia denegrir a imagem dos italianos. “MANTENHA SEUS
AMIGOS POR PERTO, SEUS INIMIGOS MAIS AINDA”.
Muitos
telespectadores acreditam que o "chefão" do filme é Don
Corleone, interpretado por Marlon Brando, quando na verdade se pararmos
para pensar, o filho dele, Michael, é quem é o verdadeiro chefão!!! Afinal de
contas, Michael(Al Pacino)l simplesmente exterminou todos aqueles que traziam
problemas à sua família, incluindo um chefe de polícia corrupto, um traficante
que tramou contra a vida de seu pai, todos os rivais mafiosos e até o seu
cunhado traidor. É muito se comparado ao velho Don, que teve uma série de
problemas, foi baleado, via a filha sendo espancada pelo genro, perdeu o filho
mais velho em um atentado e foi desafiado por outros mafiosos... “EU TE DEI
LIBERDADE, MAS A ENSINEI NUNCA DESONRAR SUA FAMÍLIA”.
A saga do mafioso Don Corleone no submundo dos
anos 40/50. Cenas clássicas (a cabeça do cavalo de raça na cama luxuosa do
produtor de cinema é antológica. Até porque, o
filme teve ao todo 18 assassinatos, contando com a morte do cavalo de Woltz), interpretações marcantes e trilha sonora esplendorosa de Nino Rota.
Oscar de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator. Brando, que
recusou o prêmio Levou também o Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama, Diretor
e Ator em Drama. A saga dos Corleone se estendeu em “O Poderoso Chefão Parte 2
(1974) e “O Poderoso Chefão Parte 3 (1990). “EU
DIRIJO UM NEGÓCIO. PRECISO SER RÍGIDO DE VEZ EM QUANDO”.
Em Nova York, ambiente em que ocorre o filme,
existia de fato o regime das "cinco famílias mafiosas", instaurado
pelo mafioso Charles "Lucky" Luciano, após vencer uma guerra pelo
controle das atividades ilegais na cidade. Todas as organizações e famílias
mafiosas eram subalternas às cinco grandes famílias da máfia italiana: Bonanno,
Gambino, Genovese, Lucchese e Profaci (posteriormente Colombo). No filme
"O Poderoso Chefão", as famílias são Tattaglia, Stracci, Barzini e
Cuneo, além, claro, dos Corleone, o clã mais respeitado na trama. “DEIXE QUE
SEUS AMIGOS SUBESTIMEM SUAS QUALIDADES E QUE SEUS INIMIGOS SUPERESTIMEM SEUS
DEFEITOS”.
Para época, o filme foi
de uma perfeição inigualável, principalmente na cena em que Sonny (James
Cann) espanca Carlo (Gianni Russo) foi tão real que o segundo ficou com duas
costelas fraturadas de verdade. Outra cena de pagar o ingresso foi a
morte de Sonny Corleone tornando-se na cena mais cara
que se produziu no filme. Todo o sangue falso, os tiros e as centenas de
furos por todos os lados da cabine e carro custaram mais de 100 mil dólares. O
filme concorreu a 11 estatuetas no Oscar de 1973, e faturou 3: Melhor Ator
(Marlon Brando), Melhor Roteiro e Melhor Filme. Três dos cinco indicados a Ator
Coadjuvante naquela cerimônia haviam estrelado "O Poderoso Chefão":
Al Pacino, James Cann e Robert Duvall. “TEMOS SINDICATOS,
CASSINOS, ISSO É BOM. MAS OS NARCÓTICOS SÃO O FUTURO”.
Não é à toa que "O Poderoso Chefão" é um
clássico. A obra-prima de Francis Ford Coppola é uma aula de cinema em quase
todos os quesitos, inclusive na direção de arte. Assim como a cor, cada
categoria da produção de O Poderoso Chefão, tem algo a dizer. Direção de Arte,
figurino, roteiro, edição, direção, atuação, fotografia, tudo isso é um
espetáculo à parte. É o típico filme pensado e manipulado milimetricamente em
todos os aspectos. Até hoje não se consegue entender o porquê de Al Pacino não
ter ganhado o Oscar em nenhuma das ocasiões em que fez o Michael
Corleone?!?!?! Talvez, uma das maiores injustiças da história da
Academia... Só o seu olhar reflete tudo o que ele sente e pensa. Simplesmente
fantástico!!! “NÃO FAZ DIFERENÇA PARA MIM O QUE UM HOMEM FAZ PARA VIVER”.
Al Pacino foi indicado ao Oscar, mas o que era para
ser motivo de felicidade, apenas deixou o jovem ator revoltado: ele foi
indicado na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, enquanto Marlon Brando, que
apareceu menos tempo em cena, foi indicado a Melhor Ator. Em resposta à
Academia, Al Pacino boicotou a cerimônia. Em 1973, Marlon Brando, vencedor do
Oscar de Melhor Ator por sua atuação em "O Poderoso Chefão", promoveu
um boicote drástico para a história da Academia. O ator simplesmente "DEU
O CANO" na premiação em protesto à forma como índios americanos eram
tratados nos Estados Unidos. O ator enviou a índia ativista e atriz Sacheen
Littlefeather para rejeitar oficialmente a estatueta e ainda ler um discurso na
cerimônia. A cara de Roger Moore e Liv Ullmann, encarregados de entregar o
prêmio, é impagável diante da recusa de Sacheen em aceitar a estatueta. “NÃO
ODEIE SEUS INIMIGOS. ISSO AFETA SEU RACIOCÍNIO”.
A seguir ouça a bela canção original do filme o
poderoso Chefão intitulada Speak Softly Love (Fale Suavemente, Amor), com letra
de Larry Kusik e música de Nino Rota. Pois, em se tratando de
máfias e gângsteres O Poderoso Chefão não é uma simples película cinematográfica,
mas uma obra de arte. Que trilha sonora... Que filme...
Que família... Que história...
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