Do jornalista José Adalberto Ribeiro
Fico
triste com a partida prematura de Inaldo, triste partida. Existe o principio
existencial de que devemos saudar os que partem com bons sentimentos. Sim, mais
que isto, por uma questão de justa fidelidade à memória de quem reverenciamos.
Um pouco mais jovem do que eu, Inaldo brilhava e brilha na geração do nosso
jornalismo impresso desde a década de 1980. Deixou um legado na galeria da
Imprensa pernambucana.
Inaldo
na coluna “Pinga-Fogo” no Jornal do Commercio e eu na coluna Diário Político do
Diário de Pernambuco, vivenciamos o apogeu do jornalismo impresso em
Pernambuco. Foi o trem da história que passou na vida de nossas gerações nas
décadas de 1980 e 1990.
Louvando
o que bem merece, seja dito: Inaldo era um ótimo jornalista e também ótimo
músico instrumentista de saxofone. Uma vez assisti uma performance dele na
banda Pinga Fogo e fiquei empolgado com o repertório e com os trinados do sax.
Eu disse a ele: “Tu sôis bom, bicho”. Ele respondeu na brincadeira: “Que nada,
bom sôis tu”.
Diletante
na música e admirador dele, emprestei-lhe um LP intitulado “Ronnie Aldrich e
seus dois pianos”, com repertório de clássicos universais, de Mozart, Schubert,
Chopin, gênios. Inaldo adorou. O tema de “Elvira Madigan”, de Mozart, sublime
criação da natureza humana!
Ele
e eu almoçamos certa vez no antigo restaurante Lobster na Av.Rui Barbosa com o
então governador Miguel Arraes. De modo meio enigmático, o “mito” na época nos
recomendou que devíamos valorizar cada centímetro de jornal para abordar temas
de interesse do povo. Inaldo ouvia o mito com atenção reverencial. O
“pessedista” Arraes, como dizia, era um dos seus ídolos e o velho gostava dele.
Se entendiam nos roçados da política
interiorana.
Pertence
a uma família de irmãos vitoriosos e bem sucedidos nas suas áreas de atuação, a
exemplo do competente e também respeitável editor Ivanildo Sampaio, a quem
rendo homenagem como jornalista da melhor
estirpe.
Ele
era conhecido por seus “arquivos implacáveis”, tipo aqueles fichários com
relatos sobre os cenários e personagens da cena política, nacional e local.
Também de boa memória, conhecia, de salteado e de cor, os viventes e os fatos
da nossa fauna e nosso flora política. Conhecia e gostava do traçado.
A
vida física foi ingrata para Inaldo. Devido a uma cirurgia mal sucedida, perdeu
a articulação no joelho e ficou com a perna travada. Com mobilidade limitada,
tornou-se um sedentário, ele um andarilho da notícia nas nuvens da política.
Certamente sofria no coração, mas não externava amargura por essa limitação
física. Resultado é que ficou obeso.
Construiu
uma boa família, viveu cercado da melhor estima de familiares, parentes,
aderentes, conterrâneos, amigos e conhecidos.
Tinha
um viés progressista de esquerda no sentido humanitário, do bem.
Nesta
despedida, recorrendo ao gênio de Mozart, dedico o tema de “Elvira
Madigan” em reverência à boa memória do amigo e repito: “Tu sôis bom, Inaldo!”.
*Reproduzido do blog de
Magno Martins.
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