“Comer, Rezar e Amar”, é o
livro da escritora americana Elisabeth Gilbert. Lançado em 2006, tornou-se um
best seller mundial e deu origem ao filme do mesmo nome estrelado por Julia
Roberts. O longa é de 2010.
O livro gostei muito. Tanto
tempo depois ainda lembro que Liz escreve num estilo gostoso, antenada com os
tempos em que vivemos.
Ela narra com elegância e bom
humor parte de sua vida, e talvez o que tenha ficado gravado na minha memória
de maneira mais forte foi sua passagem pela Itália, a discrição feita pela
autora da gastronomia.
Das páginas do livro sai o
gosto das massas, dos molhos, é de dar água na boca, como costumamos falar na
linguagem popular.
Quando vi o filme pela primeira
vez fiquei um tanto decepcionado. Não gostei muito, é verdade.
Talvez porque o livro
estivesse ainda na minha cabeça e as adaptações para o cinema dificilmente
correspondem à obra literária.
Cinema tem outra linguagem.
Temos filmes que superam os livros, alguns trabalhos cinematográficos arrasam
um bom romance. Mas um cineasta talentoso não precisa necessariamente transpor
o texto para a tela.
Precisa é ser fiel à essência
do que foi criado pelo autor, respeitar a ideia, a mensagem, o conteúdo, mas
com liberdade também de ir além, por conta da vantagem da imagem, da música, de
todos os outros recursos que a sétima arte oferece.
Neste sábado assisti “Comer,
Rezar e Amar” pela segunda vez. E gostei muito.
Da primeira vez,
possivelmente, eu esperava a Julia Roberts de “Uma Linda Mulher” ou pelo menos
de “O Sorriso de Mona Lisa”. Ora, no filme de 1990 ela tinha 23 anos, estava no
auge da beleza. No longa de 2003, devia estar com 35 anos. Com essa idade as
mulheres ainda são muito belas.
“Em Comer, Rezar e Amar”, a
atriz, então na faixa dos 43 anos, com um cabelo aloirado que não ficou bem,
não tem o mesmo brilho da estrela de 20 anos antes e isso é natural.
Hoje percebi, porém, que
Julia Roberts não está tão mal assim, como achei quando vi o filme a primeira
vez.
Há momentos, mesmo, em que
ela está tão bonita como quando era jovem. E é uma boa atriz, convence no papel
de Liz Gilbert.
“Comer, Rezar e Amar” - o
livro e o filme - mostram a personagem em busca de si mesma, tentando se “achar”,
depois do casamento desfeito, após oito anos.
Elisabeth vai à Itália, passa
uns dias na Índia e termina sua procura na Indonésia, em Bali.
No país europeu temos a
história, flashes de Roma e muito da gastronomia.
Como no livro, os pratos
servidos e degustados pela personagem deixam o espectador encantados, com
vontade de entrar na tela e participar do banquete.
Já na viagem à Índia a busca
é por paz, é um mergulho nas tradições do oriente, com sua religiosidade, os
gurus, o poder da reza e da meditação.
Liz faz um amigo na passagem
pela Índia, Richard Texas, que é muito interessante. Uma lição de vida tanto
para a escritora, quanto para os leitores do livro e os que assistem o filme.
Em Bali, um xamã velho, desdentado,
é importante para Elisabeth. É humilde, pobre e sábio e orienta não apenas o
personagem, mas todos nós.
Na Indonésia Elisabeth encontra
também o amor, na figura do brasileiro Felipe, bem interpretado pelo ator
Javier Bardem.
Não é uma jornada fácil, mas
Elisabeth Gilbert consegue se livrar da angústia, dos medos e se dá uma chance
de ser feliz. Pelo menos enquanto estiver amando o brasileiro Felipe e o filme
só vai até aí.
Por conta do personagem
brasileiro, “Comer, Rezar e Amar” tem na trilha sonora umas músicas bem legais
da Bossa Nova e até a voz de João Gilberto está presente em algum momento.
É um bom programa para este
sábado à noite ou qualquer hora do domingo.
Não se dê ao trabalho de baixar na
internet ou recorrer ao velho DVD. O filme entrou no catálogo da Netflix,
indispensável para quem gosta de cinema de qualidade.
*Na foto da revista de O Globo, Julia Roberts quando completou 50 anos.
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