Por Junior Almeida
Em
Capoeiras o dia dedicado a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, é celebrado
em três capelas do município; Povoado Alegre, sítios Moqueca e Pedra Miúda, além
da casinha de orações no alto da Serra
Branca, no Sítio Bom Destino, sendo esse último local, um lugar de romarias e
que recebe milhares de pessoas todo dia 12 de outubro.
Como
o feriado nacional também tem a data comercial do dia da criança, a dona de casa
Maria Luíza da Silva Vasconcelos, conhecida por Dora de Mané do Saco, junta o útil ao agradável, aproveitando para
rezar e agradecer a Nossa Senhora uma graça alcançada, além de fazer uma festa
para as crianças carentes da cidade, distribuindo brinquedos, balas e algodão
doce.
Tudo
começou em 2004, quando Dora, na época feirante, depois de um exaustivo dia de
trabalho, perdeu toda sua mercadoria quando retornava da feira de Venturosa
para Capoeiras. Tudo que possuía havia caído do bagageiro do carro em que viajava,
então, tome aperreio! À noite, já em casa, Dora só chorava, pois além de ter
ficado sem nada para vender, teria ainda que pagar o que tinha comprado fiado e
perdido na estrada.
Foi
aí que, com muita fé, Dora pediu à Santa que a ajudasse, que resolvesse sua situação,
e que se isso acontecesse, enquanto vida tivesse, comprometia-se a realizar todos os anos uma festa
para as crianças pobres de Capoeiras. Naquela mesma noite a dona de casa sonhou
com um local às margens da estrada que liga as duas cidades, e um homem
vestindo azul, dizendo que tinha guardado a sua mercadoria.
Dora
acordou esperançosa e, logo cedo foi atrás de um conhecido que tinha um carro
de aluguel, pra levá-la até o local do seu sonho. Quando soube o que se
passava, o dono da velha Caravan
tentou a convencer não viajar, pois segundo ele, se a situação já estava ruim
com o prejuízo da perda da mercadoria, então, iria piorar mais ainda, por ela
ter que pagar o fretamento do carro.
Não
adiantou o dono do carro argumentar. Dora estava convencida, pois, segundo ela,
algo muito maior dizia que ela estava certa. E não é que estava?! Perto da Serra
do Tará, Dora encontrou o lugar que tinha “visto” enquanto dormia e, nesse local
o homem exatamente como lhe fora revelado em sonho. O motorista parecia não acreditar
no que via. Sabendo do relato de sua passageira, ele dizia tal situação não ser
possível, mas Dora sabia exatamente a quem creditar o milagre.
Já
em outubro daquele ano ela organizou uma pequena festa. No comércio da cidade
pediu ajuda e arrecadou pipoca, balas, doces e brinquedos, principalmente bolas
e bonecas, e distribuiu com aproximadamente 50 crianças. Ano após ano a festa vem
crescendo e, no ano passado perto de 500 meninos e meninas pobres da cidade receberam
suas lembrancinhas, além de passarem o dia brincando com Dora e alguns
voluntários, que chegam até se fantasiar, para entreter os pequenos.
Durante
o evento, a organizadora que todos os anos se veste de palhaça, e que hoje em
dia já está aposentada, não deixa de fazer a alegria dos pequenos carentes de
Capoeiras. Ela revelou ao blog que separa o dinheiro seu salário de setembro, e
gasta tudo em brinquedos e guloseimas para as crianças, além de pedir doações
no comércio local.
Dora
diz que este ano quer superar o passado em número de crianças, doces e
brinquedos, e para isso conta com a colaboração dos amigos, principalmente os
de Capoeiras, que doam itens para ser distribuídos durante a festa.
A festa para as crianças de Capoeiras, organizada
por Dora, acontece todos os anos em
frente à sua residência na Rua Quirino Correia, a popular Rua da Palha, sempre pela manhã, depois
que termina a Missa da Matriz de São
José, dedicada à Padroeira de todos os brasileiros.
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