Por Michel Zaidan Filho
O primeiro suplente
de deputado estadual pelo PSOL, o destemido líder do sindicato da Polícia
civil de Pernambuco, Áureo Cisneiros foi o primeiro a se insurgir contra uma
espécie de "acordão" costurado pela oligarquia que nos desgoverna e
seus partidos aliados, o PC do B e o PT, para eleger o principe- enfante, ora
deputado federal, João Campos à Prefeitura da cidade do Recife e assim
manter a hegemonia incrustrada na política pernambucana. Nada disso seria
novidade, se o "acordão" não envolvesse os parlamentares (municipais
e estaduais) do PSOL. Porque aí ficariam os eleitores sem muitas opções para
votarem contra a reprodução do familismo amoral que reina entra nós.
Disse o bravo suplente do PSOL que é desmoralizante ter feito uma oposição aos
desmandos da oligarquia durante todo esse tempo, e agora se compor com ela para
inviabilizar a pré-candidatura de Marília Arraes e eleger o filho de Eduardo
Campos. Afirmou ainda Cisneiros que o vereado Ivan Moraes vem fazendo uma
oposição "light" ao PSB, na Câmara dos vereadores, e o mandato
coletivo "juntas" já teria acenado para uma possível aproximação com
a bancada socialista na Assembléia Legislativa, ao em troca da
presidência da Comissão de Direitos Humanos.
A se confirmarem
essas notícias, vamos ter a continuidade da política do amigo e inimigo em
Pernambuco, com a obstaculização de toda e qualquer possibilidade de uma
terceira via democrática, socialista e de massas no estado. Lembro que esse
processo não é novo no cenário política da região. A polarização entre
PMDB e PFL, depois PSB e PFL tornou impossível que partidos como o PPS e
o próprio PT se oferecesse como alternativa a essa polarização. O ensaio de
independência e voo próprio feitos pelos petistas, com a conquista da
Prefeitura do Recife, não só contou com o apoio dos socialistas como foi,
depois, inviabilizado pela divisão interna do partido e o oportunismo de
Eduardo Campos, através do verdade iro "cavalo de tróia" que foi a
candidatura do empresário Maurício Rands.
É de se lamentar profundamente esse
tropismo que a oligarquia dominante exerce sobre esses partidos ditos de
esquerda em Pernambuco. Este tipo de "transformismo político"
produzido pelos maiorais do PSB só contribui para o subdesenvolvimento da
cultura partidária do estado retira dos eleitores a possibilidade de
escolha de seus candidatos preferidos. O argumento usualmente utilizado de que
é necessário a união para combater o fascismo (correto, em tese) não deve ser
utilizado para justificar políticas de aliança com adversários que
deveriam estar no banco dos réus e não na linha de frente das negociações
políticas. Lamento muito que parlamentares que militaram a vida toda contra os
desmandos do atual grupo governante (e há pessoas h onestas e sinceras)
aceitem negar toda a sua trajetória anterior em troca de cargos e mandatos. Não
pensam no futuro: apenas em sua sobrevivência imediata. Serão tão importantes
assim?
*Michel Zaidan Filho, natural de Garanhuns, é cientista político e professor da UFPE.
O que vem a ser príncipe- "enfante"?! Será que o Zaidan está falando francês?! Enfant gâté?!
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