“Olhos que Condenam”, série de apenas quatro capítulos,
disponível na Netflix, é uma produção com qualidade de cinema que repercute fortemente em 190 países,
principalmente nos Estados Unidos, onde aconteceram os fatos em que o filme se baseou.
Série repercute tanto que já foi notícia desde o Correio
Brasiliense até o jornal El País, passando por sites, blogs, portais, emissoras
de rádio e televisão.
O impacto é grande porque a série é muito bem realizada, com qualidade de um bom filme de suspensa, conta uma história dramática de maneira realista,
emocionando o mais frio telespectador.
Na expressão do Correio Brasiliense, Olhos que Condenam "é um soco no estômago, mas necessário”.
Em 1989, uma corredora branca foi atacada, espancada e
estuprada num parque de Nova Iorque.
Cinco adolescentes negros ou de origem latina foram presos,
coagidos pela polícia foram obrigados a confessar um crime que não cometeram.
Diretora da série, Ava Duvernay, claramente toma o
partido dos negros e mostra a policial encarregada do caso, os agentes
subordinados a ela, assim como a promotora, Linda Fairstein, cometendo abusos e
forçando a barra pela condenação dos jovens.
Foi o que terminou
acontecendo, apesar da falta de provas materiais.
Os meninos pegaram
de 7 a 14 anos de prisão e viveram o inferno na terra atrás das grades.
Sofreram os pais, os irmãos, os amigos, os tios, avós, todos que tinham
ligações com os adolescentes.
As famílias foram
desestruturadas e a vida dos supostos criminosos nunca mais foi a mesma.
Depois de 13 anos
um outro jovem, branco, confessou ser o verdadeiro autor do estupro da
corredora, que sobreviveu ao ataque, porém ficou com muitas sequelas, inclusive
problemas de memória.
Os rapazes, todos
já adultos, foram então libertados por ordem judicial, processaram o Estado
Americano e receberam uma bolada de 41 milhões de dólares, que foi dividida
pelos cinco e retirada uma parte para pagamento dos advogados.
Em reportagem do El
País, a promotora Linda Fairstein criticou a série, que segundo ela falseou a
história.
Ela disse que a
diretora do filme só mostrou um lado e insiste que os condenados foram culpados
de pelo menos alguns delitos.
Linda virou
escritora de sucesso depois do caso que mobilizou o país, na época, mas com o
estrondoso sucesso da série nos Estados Unidos a promotora ficou com a
reputação abalada, foi abandonada por seu agente literário e teve de se
desligar de conselhos sem fins lucrativos do qual fazia parte.
Pelos menos os
jovens que cumpriram pena durante anos, por um crime que não cometeram, ficaram
satisfeitos com o fato de Linda ter “caído em desgraça”.
Eles deixaram isso
claro ao participar do programa da apresentadora Oprah Winfrey, que tem dos
maiores índices de audiência da TV americana.
Oprah entrevistou,
no mesmo dia, a diretora da série, os atores e os personagens reais desse drama
que está comovendo meio mundo.
“Olhos que Condenam”
é imperdível. Por contar uma grande história, pela direção impecável, pelo
elenco de ótima qualidade e por discutir os métodos da polícia e o sistema
judicial dos Estados Unidos.
Ao assistir, o
brasileiro certamente irá pensar e questionar: “Se a polícia, o Ministério Público e a Justiça
agem assim nos EUA, o que não são capazes de fazer no Brasil?".
Tanto a série
quanto a entrevista de Oprah, citada nesta matéria, estão no catálogo da Netflix.
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