PREFEITURA MUNICIPAL DE GARANHUNS

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O PADEIRO E O CAPITÃO


Por Junior Almeida

Em Capoeiras sempre existiram algumas padarias, umas maiores outras menores, outras bem pequenas, as ditas “de fundo de quintal”. Em um desses estabelecimentos além de pães e bolos, eram fabricadas bolachas de vários tipos para serem vendidas fora da padaria. Em um caminhão o dono do comércio saía de cidade em cidade vendendo os seus produtos em mercearias e supermercados.


Pai de muitos filhos, alguns deles empregados em seu comércio, o proprietário saia muitas vezes de casa, com seu veículo carregado para suas vendas, com o dia ainda escuro. Acompanhado de dois ajudantes e seu inseparável cachorro pequinês, chamado de “Capitão”. O cão era de cor amarelada, porte pequeno, com os dentes à mostra, invocado, chato que só a gota serena, acostumado a dar carreira em menino. Não podia ver ninguém chegar perto do seu dono que danava-se a latir, tentando intimidar quem quer que fosse.


O que fez o cachorro Capitão ficar mais arisco ainda, foi o fato de tempos atrás ele ter corrido atrás de uma moto, que passava em frente à padaria e ter levado um chute do condutor. Depois desse fato, Capitão passou a viver preso no quintal da panificadora. Foi o melhor, pois o cachorro poderia arrumar confusão para o seu dono. O cão era dócil com os empregados da padaria, que sempre falavam com ele durante o serviço, mas a alegria dele era bem maior quando o seu dono o soltava um pouco na rua, quando abria a padaria cedinho e não tinha quase ninguém para ele encrencar.


Na escala de entrega de bolachas em outras cidades, o chefe da família dividiu o serviço com um dos filhos, e dos seis dias da semana que fazia entrega, ele fazia apenas dois, mesmo assim em cidades mais próximas à Capoeiras. Nessas viagens além do motorista e ajudantes, o cachorro Capitão era um dos presentes dentro da cabine do caminhão. Perto do seu dono, com as patas na porta do veículo e cabeça na janela, o cãozinho sempre viajava olhando a estrada. Nas paradas para entrega, dependendo do movimento de pessoas, Capitão descia ou não do caminhão.


Em certa época, alguns militares do quartel do exército em Garanhuns deram sumiço em alguns fuzis, e para encontrar as armas, que segundo informações tinham saído do 71 BI,  militares do próprio Exército e também da PM fizeram várias blitz nas saídas de Garanhuns, ou mesmo em outras cidades. Foi um tempo incômodo para as pessoas da região que precisavam se deslocar à Garanhuns para resolver qualquer coisa.


Nas blitz, uma revista minuciosa era feita em todos os veículos sem escapar ninguém. De automóveis a caminhões, ônibus e vans, ninguém escapava do pente fino. Começavam de madrugada e iam até a noite com essas revistas, até que descobriram através dos soldados presos, que os fuzis estavam enterrados em um cemitério de uma cidade vizinha a Garanhuns. O alívio foi geral para os moradores do Agreste.


Numa madrugada de uma segunda feira, o dono da padaria com o caminhão previamente carregado, saiu de Capoeiras com dois ajudantes e o cachorro Capitão, para vender bolacha em São Pedro de Garanhuns, Neves e Jupi. Na estrada, já próximo da entrada da Suíça Pernambucana, para quem vem de Capoeiras e Caetés, o motorista avistou no meio da neblina do Bairro do Magano algumas luzes. Eram de alguns veículos parados numa dessa blitz. Já sabendo do que se tratava, o dono da padaria recomendou aos empregados que colocassem os cintos de segurança, coisa que também o fez, diminuiu a velocidade, e mais à frente um militar o mandou parar no acostamento.


Estacionado o caminhão, um soldado da polícia mandou que os seus ocupantes descessem para que eles pudessem revistar o veículo. Os três homens seguiram a orientação e desceram. Capitão se preparou pra descer também, mas o seu dono o mandou recuar. Ele obedeceu, mas com o vidro do motorista entreaberto o cachorro danou-se a latir para o lado do militar. Um cabo estava com o dono do carro verificando documentos, enquanto outros examinavam a carga. Ao final o graduado disse que precisaria verificar a cabine. O padeiro sabia que seu cão fosse para o chão, poderia lhe causar problemas e, tentou argumentar que não precisaria revistar nada, pois não tinha nada lá. O militar logicamente não aceitou a conversa, e chamou seu superior e comunicou o fato. Esse, com três estrelas no ombro, também rejeitou a proposta, e ordenou que seus subordinados fizessem logo a necessária revista.


O dono do carro abriu a porta, e seu cachorro desceu, foi ficar junto dele. Quando os militares foram fazer a revista, apenas olhando pelas duas portas do meio caminhão, sem subir nele, Capitão começou a latir sem parar acuando os militares. Foi aí que quando já estava pra ser liberado o padeiro, tentou ajudar e falou:


Sai pra lá. Cala a boca Capitão!


Como ele falou alto, chamou a atenção de todos os militares ao redor. O dono do carro tentou remendar o que tinha dito, explicando que “capitão” era o nome do seu cachorro. O capitão de verdade, o da Polícia, que comandava seus Homens, não achou graça nenhuma com a suposta homenagem, e além de uma bronca bem dada, tudo que tinha de errado no veículo, ele encontrou para aplicar uma pesada multa no condutor do veículo.


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