Por Fernando Guedes*
Procurando informações sobre esportes, li a notícia de que o governador
do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tinha usado uma rede social para responder
a postagem de um site gaúcho que o criticara pela presença da deputada Maria do
Rosário (PT) numa solenidade de entrega de viaturas para a Polícia Civil. Ele
foi curto, direto e preciso dizendo o óbvio: é governador de todos os gaúchos.
Nestes
bicudos tempos, em que a afirmação de Umberto Eco de que as redes sociais deram
voz a uma legião de imbecis se mostra muito atual (ele falou isso em 2015, na
Itália) e que precisamos que nossa juventude se interesse, sim, pela política,
a postura do governador chama ainda mais atenção. Se pensarmos bem, a atitude é
simples, mas acaba ganhando ares de extraordinária.
O discurso dele de que ao assumir o cargo governa para quem votou nele e nos
adversários também e que os deputados presentes ao evento estavam ali por
estarem credenciado pelas urnas, nos leva a duas constatações:
– Política
boa é política a favor de alguma coisa boa. Exatamente o contrário do que aconteceu
na eleição do ano passado, quando o que decidiu o resultado foi o voto contra.
Os dois candidatos levados ao segundo turno falaram pouco em fazer. E trataram
mais de se opor a algo.
Ganhou quem
apoiou o discurso – gritado nas redes sociais – “contra tudo isso que está aí”.
Perdeu o candidato que teve os votos de quem era contra “o radicalismo de
direita, os militares, o entreguismo dos privatistas…” e que passou boa parte
da campanha travestido do chefe impedido de se candidatar.
A eleição
passou. Mas as redes continuam ecoando mais tentativas de desqualificar e
desconstruir – de ambos os lados – do que propostas de construção e
refazimento. Agora, é tempo de governar e fazer política.
Por isso, a
resposta do governador do Rio Grande do Sul é um bom exemplo de comunicação
correta e contemporânea, essencial para lideranças modernas e uma forte
demonstração de que , mais do que nunca, o Brasil precisa da política.
Podem esses
citados por Eco discordar do conteúdo. Mas acredito que não dá para discordar
da forma. Em lugar de gritar tuítes em letras maiúsculas para desqualificar o
autor da crítica, o governador se colocou como o líder vitorioso que, passada a
campanha tem a noção exata do que é governar, exercer o poder.
Ao fazer
isso, Eduardo Leite garantiu aos eleitos pela oposição a mesma legitimidade
dada a ele pelos votos vencedores no Rio Grande do Sul.
Sem se dizer
dono único da verdade, sem se referir diretamente ao partido da deputada Maria
do Rosário (PT), sem tecer loas ao próprio partido (PSDB), sem desqualificar
ninguém, o governador do Rio Grande do Sul mostrou nos poucos minutos desse
vídeo que é possível governar para todos respeitando os que não votaram no
vitorioso. Isso é política. Nem nova,
nem velha. Só política. Simples assim.
*Reproduzido do Diário
do Centro do Mundo. Ilustração: Politize
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