Jornal que sempre foi ligado às classes dominantes e crítico implacável da esquerda, o Estado de São Paulo publicou esta semana um editorial arrasador em cima do presidente Jair Bolsonaro.
Criticou o ministério, os filhos de Bolsonaro e o próprio presidente, que foi avaliado como "despreparado e trapalhão".
Nenhum jornal ou site de esquerda bateu de tal forma no líder do PSL até agora. Leia na íntegra o texto do Estadão:
Muito
ajuda quem não atrapalha.
Não
tem a menor importância, para o País, o desfecho da crise envolvendo o ministro
da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Sem qualquer predicado
que o tornasse especialmente relevante para o processo de tomada de decisões do
governo, sua permanência ou não no Ministério de Jair Bolsonaro só interessava
de fato aos filhos do presidente, publicamente empenhados em escolher os
ministros e governar no lugar do pai. Já o presidente Bolsonaro, seja porque é
despreparado para exercer o cargo para o qual foi eleito, seja porque não
consegue impor limites aos filhos, seja por uma combinação dessas duas
características, revela-se incapaz de colocar ordem na casa e concentrar
energias naquilo que é realmente necessário para o País.
Assim,
não tendo o presidente a necessária condição técnica e administrativa para
substituir Bebianno a tempo e a hora, e muito menos coragem para enquadrar seus
meninos, comete o pecado capital de deixar o Brasil ser governado por um
quadrunvirato.
E
fez isso às vésperas do início da tramitação de projetos de extrema relevância
para o conjunto dos brasileiros, como a reforma da Previdência e o plano de
segurança pública, perdendo-se o governo em futricas e picuinhas palacianas,
cujo poder de causar confusão e desgaste é multiplicado pela onipresença da
criançada.
Foi
pelas redes sociais que a crise envolvendo Bebianno atingiu seu ápice. Pelo
Twitter, Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente, chamou Bebianno de
“mentiroso”, no que foi endossado pelo pai. Nada nesse episódio lembra
remotamente algo parecido com o respeito à institucionalidade que se exige de
quem ocupa o Palácio do Planalto. Tal comportamento pode até excitar os
militantes bolsonaristas nas redes, mas desgasta profundamente a imagem de um
governo cujo presidente prometeu, em seu discurso de posse, “hierarquia,
respeito, ordem e progresso”, mas até agora só protagonizou confusões e
patuscadas.
Felizmente,
nem todos no governo compartilham com Bolsonaro sua profunda falta de
reverência pela instituição presidencial, comprovada não apenas pelo modo
desleixado como se apresentou numa reunião ministerial, de chinelos e camisa
falsificada de time de futebol, mas sobretudo por permitir que seus filhos
atuem como se ministros plenipotenciários fossem. Há assessores que estão
genuinamente empenhados em fazer o governo funcionar, tentando dar à
administração uma feição minimamente sólida. No Congresso também há
parlamentares que se comprometeram a fazer avançar as reformas, mesmo com o
desgaste político que o tema suscita.
A
rigor, pode-se dizer que a pauta mais importante do governo está avançando não
por méritos do presidente Bolsonaro, mas a despeito dele. Enquanto o chefe de
governo se permite perder precioso tempo com os devaneios de poder dele e dos
filhos, inclusive com fantasiosas conexões internacionais para a inclusão do
Brasil num movimento “antiglobalista”, alguns ministros buscam tocar o barco,
sem ter, contudo, a menor certeza se o “capitão” da embarcação sabe para onde
pretende ir.
Antes
tudo isso fosse método, e não apenas o amadorismo irresponsável tão
característico do baixo clero, de onde saíram o presidente Bolsonaro e seu
fanático entorno. Está ficando cada vez mais claro, porém, que Bolsonaro, em
razão de seus limites mais que evidentes, não tem mesmo a menor ideia do que é
ser presidente e do que dele se espera num momento tão grave como este.
Desnorteado,
governando ao sabor da gritaria nas redes sociais, o presidente deixou de
construir uma articulação organizada no Congresso. Seu partido é um amontoado
de novatos que se elegeram pegando carona em seu nome; os líderes que escolheu
para negociar apoio dos parlamentares são igualmente inexperientes – um deles
chegou a convocar uma reunião de líderes partidários na Câmara à qual ninguém
compareceu; por fim, mas não menos importante, nem mesmo Bolsonaro parece
convencido da necessidade de uma profunda reforma na Previdência, dado que
passou a vida inteira como parlamentar a boicotar mudanças nas aposentadorias.
Seria ingênuo acreditar que Bolsonaro, de uma hora para outra, passará a se
comportar como presidente e assumirá as responsabilidades de governo. Mais
realista é torcer para que ele, pelo menos, pare de atrapalhar.
Um filho de nome Eduardo Bolsonaro abre a boca e diz que para fechar o STF precisa de apenas um soldado e um cabo mostra sua petulância.
ResponderExcluirOutro filho que ocupar as redes sociais Carlos Bolsonaro e diz que todos os jornalistas do Brasil e do Mundo são bandidos já mostra sua prepotência e arrogância.
0 outro Flávio Bolsonaro diz que iria defender a pena de morte no senado no Twitter e no outro dia é repreendido pelo pai dizendo que pena de morte é cláusula pétrea mostra a incompetência e a falácia de todos eles.
Um presidente que após as eleições não senta com o seu vice presidente para traças metas e falarem a mesma linguagem mostra incompetência e falta de habilidade política e falta de conhecimento do funcionamento da máquina pública.