Dois artigos do jornalista Ricardo Kotscho, um dos melhores
profissionais de imprensa do Brasil:
1. “Moro entra no governo de um cara que só ganhou a eleição porque
ele, Moro, tirou o lugar do favorito da disputa. Vão fingir que é normal?” (do
leitor João Bosco, em mensagem enviada ao meu Facebook na manhã desta
quinta-feira).
Sim, caro João Bosco, já estão
fingindo que é tudo muito normal e comemorando a nomeação de Sergio Moro para
superministro da Justiça e das Polícias do governo do capitão Jair Bolsonaro.
Fico imaginando como foi o
encontro dos dois nos jardins do bunker da Barra da Tijuca, onde Moro chegou às
nove da manhã com um aparato de segurança digno de chefe de Estado e saiu uma
hora e meia depois sem falar com a imprensa, tamanho era o tumulto de
jornalistas e curiosos.
A cena da chegada deve ter sido
emocionante, os dois se abraçando efusivamente, e falando um para o outro:
“Valeu, companheiro, vencemos!”
Na véspera, o vice do capitão,
general Mourão, já tinha revelado que os contatos com Moro foram feitos ainda
durante a campanha, e não havia dúvida de que ele aceitaria o convite.
De fato, não houve nenhuma
surpresa no noticiário, com todo mundo achando a coisa mais natural do mundo o
vencedor da eleição convidar para ministro justamente o juiz que condenou e
prendeu seu principal adversário na disputa eleitoral.
Só os advogados de defesa de
Lula acharam que isso não está certo e ingressaram no final da tarde de
quarta-feira com um pedido de nulidade do processo sobre o Instituto Lula,
movido pelo Ministério Público Federal em parceria com Sérgio Moro, por prática
de law fare (uso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de
perseguição política), “agora agravada pela conexão política entre o juiz e
Jair Bolsonaro.
Entre outras alegações, os
advogados lembram “a prática de atos por este Juízo, antes e após o
oferecimento da denúncia, que indicam a impossibilidade de o defendente obter
julgamento justo, imparcial e independente”.
Cristiano Zanin Martins e
Valeska Teixeira Martins apontaram também a iniciativa do juiz de cumprimentar
Bolsonaro pela vitória e que “não se tem notícia de que outro magistrado tenha
feito algo semelhante”.
Diante dos últimos
acontecimentos, me ocorreu que o Supremo Tribunal Federal até agora não julgou
o mérito da condenação de Lula pelo triplex do Guarujá, que o tirou da eleição
e mandou para a cadeia, onde está há mais de 200 dias numa cela solitária.
O que aconteceria no país se,
nos próximos meses ou anos, o STF tomasse a iniciativa de marcar o julgamento
de Lula e, por algum milagre, diante da evidência da parcialidade do juiz e da
falta de provas, anular todo o processo? Vai ter nova eleição?
Ou Moro ofereceu por mero acaso
a delação requentada de Antonio Palocci, para a imprensa deitar e rolar, às
vésperas do primeiro turno?
Claro que agora ninguém quer
mais nem pensar nisso, a começar pelos supremos ministros, mais interessados em
manter boas relações com a nova ordem e com o agora superministro, que amanhã
poderá se tornar um colega deles.
Ir agora para o ministério de
Bolsonaro é apenas um rito de passagem para o juiz federal de primeira
instância de Curitiba, que se tornou mundialmente famoso ao prender Lula e tem
agora o objetivo maior de chegar logo ao STF.
Como isso pode demorar, por
suprema ironia, Moro quem sabe estará no tribunal para julgar Lula novamente,
se um dia o processo do triplex for colocado na pauta para ser discutindo o
mérito.
No Brasil destes novos tempos
fundamentalistas, nada a partir de agora é impossível.
Pois agora já se fala até na
criação de um “Ministério da Família” para abrigar o pastor e cantor gospel
Magno Malta, aquele que não se reelegeu senador no Espírito Santo e puxou a
reza na noite da vitória.
E vida que segue, sabe lá Deus
como e para onde.
2. Os primeiros movimentos do novo governo eleito no domingo não
nos dão a menor esperança de que isso possa dar certo.
Em entrevistas coletivas
caóticas em volta da mansão de Jair Bolsonaro, que continua recolhido na Barra
da Tijuca, dois porta-vozes se revezam para liberar a conta gotas, no varejão
do dia, o que se poderia chamar de “programa de governo”.
Apresentado como superministro
da Economia, que englobará Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio, Paulo
Guedes, que o presidente eleito chama de “Posto Ipiranga” (ele tem respostas
para tudo), anuncia como prioridade aprovar “pelo menos uma parte” da reforma
previdenciária de Temer ainda este ano, para enfrentar o rombo fiscal..
Obscura figura do baixo clero,
tal como era Bolsonaro até outro dia, Onyx Lorenzoni, deputado do DEM, indicado
para a Casa Civil, já discorda, e chama de “porcaria” o projeto que está
encalhado no Congresso.
É só uma amostra da bateção de
cabeça dos novos donos do poder, um exército brancaleone em que se misturam
três filhos parlamentares, um economista megalômano, um suplente de senador,
membros das bancadas BBB (Bala, Bíblia e Boi), o desconhecimento da realidade e
muitas vaidades, para ver quem tem mais força junto ao presidente eleito.
Entre as novidades até agora
apresentadas para formar o elenco, entraram também o juiz Sérgio Moro, que
condenou Lula, e o astronauta Marcos Pontes, cotado para ministro de Ciência e
Tecnologia, um militar que se tornou garoto propaganda dele mesmo, depois de
uma rápida viagem ao espaço.
Moro é esperado no Rio nesta
quinta-feira para dar o sinal de positivo a Bolsonaro, que o quer no Ministério
da Justiça. Faz todo sentido e não chega a ser uma surpresa.
Fora isso, é o de sempre:
procissões de empresários, pastores e parlamentares, levando sugestões de nomes
e demandas setoriais, figuras manjadas do velho establishment, tão criticado
pelo presidente eleito na campanha.
Entre eles, muitos que estão
sendo investigados pela Lava Jato e que agora poderão contar à mesa com a
companhia do implacável juiz Moro.
Que o sistema
político-partidário vigente desde o advento da Nova República, após o fim da
ditadura, estava com o prazo de validade vencido, todo mundo já sabia.
Mas nada indica que a Era
Bolsonaro vá mudar alguma coisa para melhor, muito ao contrário. Não corremos
esse risco.
Na onda conservadora que varreu
o país, elegeram-se vários cacarecos de diferentes tribos, agora ávidos para
pegar uma boquinha no governo do capitão reformado, como pudemos ver na noite
da vitória durante a reza puxada pelo senador-pastor Magno Malta, outra figura
emblemática da nova ordem.
Pelo cheiro da brilhantina, há
um clima retrô pairando no ar da Barra da Tijuca, bem a propósito o novo centro
do poder, que faz lembrar a Casa da Dinda, de triste memória.
Se não conseguiram até agora nem
organizar entrevistas coletivas, podemos imaginar o que nos espera quando eles
forem todos para Brasília, com a missão de governar 208 milhões de brasileiros
afundados na maior crise política e econômica da nossa história.
Nas mesmas redes sociais que
levaram Bolsonaro ao poder, já surgem as primeiras críticas de apoiadores
insatisfeitos com o que estão vendo no entorno do eleito.
Esperavam o quê?
*Foto: Agência Brasil
Tudo isso parece um sonho… Não existe ninguém mais qualificado e predestinado do que o meritíssimo juiz Dr. Sérgio Moro para ocupar a pasta da justiça.
ResponderExcluirP.S.: – Até que enfim o Brasil acordou… Com o MINISTRO MORO, nada nos deterá!!!
Prezados eleitores deste blog,
ResponderExcluirATENTAI BEM!!! Olha só o quanto avançamos!!! Se liguem nessa limpeza!!! Estão todos no ”ÔCO DA RUA ou ENTÃO PEGARAM O BECO”... Isto NÃO foi uma eleição, mas um EXORCISMO!!!
O BRASIL DERROTOU A VANGUARDA DO ATRASO... EI-LA:
-Dilma Rousseff (PT-MG);
-Lindbergh Farias (PT-RJ);
-Eduardo Suplicy (PT-SP);
-Jorge Viana (PT-AC);
-Roberto Requião (MDB-PR);
-Sílvio Costa(AVANTE-PE);
-Delcídio do Amaral (Ex-PT-MS);
-Fernando Pimentel (PT-MG);
-Luiz Marinho(PT-SP);
-Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM);
-Roseana Sarney (MDB-MA);
-Edison Lobão (MDB-MA);
-Valdir Raupp (MDB-RO);
-José Agripino Maia(DEM_RN);
-Eunício Oliveira (MDB-CE);
-Romero Jucá (MDB-RR);
-Cássio Cunha Lima (PSDB-PB);
-Marco Antonio Cabral (MDB-RJ), filho do presidiário Sergio Cabral;
-Fernando James(PTC-AL), filho do marginal Collor de Mello;
-Daniele Cunha (MDB-RJ), filha do presidiário Eduardo Cunha;
-Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do denunciante do mensalão Roberto Jefferson;
-Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), irmão do presidiário Geddel Vieira Lima;
-Leonardo Picciani (MDB-RJ), filho do preso domiciliar Jorge Picciani;
-Boulos – Fora!!!
-Lula – dentro (da cadeia)...
-Addad – Fora.
P.S1.: - Atentai bem para o que era cantado em verso e prosa pela putada: Dilma não sofrerá impeachment... FOI CHUTADA NA BUNDA!!! Lula não vai ser condenado... VAI MOFAR NA CADEIA!!! É gópi, É gópi, É gópi... Fora Temer... MICHEL TEMER MAIS DENTRO DO QUE TALO DE MACACHEIRA!!! E o pior: RECRUTA ZERO foi eleito presidente e MORO vai justiçar o PT!!!
P.S2.: - Que fase essa do PT...
"Ministério da Família" é ótimo para programa de humor... Desenterrem o finado Chico Anísio, por favor! Isso só poderia aparecer no governo de um Bolsonazista da vida... Já que ele só entende de ordem unida e de bala, tudo de ruim pode acontecer... Inclusive um ministério para o puxa-saco sem-vergonha Magno Malta! – Como diz a freirinha aqui do lado: vai dar porcaria nessa pocilga... No mais: esperavam o quê?!
ResponderExcluir