Engolido pelo isolamento
político, sem apoio de qualquer partido e numa sigla nanica (o PSL), o deputado
federal e capitão da reserva Jair Bolsonaro chega neste domingo à convenção que
sacramenta sua candidatura à Presidência da República com a esperança de que
seguirá carregado pela mesma onda que o trouxe até aqui: a onda do
conservadorismo. Antes mesmo de as portas do Centro de Convenções Sul América,
no Rio, serem abertas, uma fila de apoiadores se formou até a rua, à espera do
início oficial da candidatura do líder dessas pessoas. Do lado de dentro, a
expectativa que consolida a chapa-puro sangue, que assim mantida, garantirá a
ela apenas sete segundos no horário eleitoral gratuito: uma placa com o nome da
professora Janaína Paschoal (também do PSL) indica que ela estará no evento. O
nome do vice, garantem seus assessores, não será, no entanto, anunciado na
convenção de hoje.
— Eles conversaram, estão em
sintonia total, mas o vice vai ser anunciado até o dia 5 (prazo final das
convenções partidárias) — disse ao GLOBO o presidente nacional sob PSL, Gustavo
Bebianno.
O presidenciável depende do
fortalecimento da onda conservada. Denunciado por racismo pela Procuradoria
Geral da República (PGR) e autor de uma coleção de frases homofóbicas e
misóginas, o presidenciável do PSL está sozinho política e partidariamente, mas
está longe de estar isolado. Suas ideias ressoam entre grupos, organizados ou
não, cada vez maiores na sociedade brasileira.
São as “pessoas de bem”,
expressão ouvida em quase todas as transmissões de apoiadores de Bolsonaro em
suas redes sociais. O ritmo dessas postagens é intenso, ainda na fila para
entrar no centro de convenções.
A vida política de Davy
Albuquerque, de 18 anos, resume o que significa a onda que carrega Bolsonaro.
Na fila para entrar no centro de convenções, Davy fazia uma transmissão em uma
rede social convocando as pessoas para a convenção. O garoto fundou o movimento
Brasil Conservador, que reúne cerca de 300 pessoas. As bandeiras são simples:
contra o aborto, contra a “ideologia de gênero”, contra a legalização ou
descriminalização de qualquer droga, a favor do armamento, a favor da família
tradicional, contra a “sexualidade infantil”.
– As pessoas aqui estão
juntas pelo conservadorismo – diz ele.
Davy, fiel da Igreja
Presbiteriana da Ilha do Governador, acrescenta ainda um item no pacote:
– É preciso também ser
honesto. Não ser corrupto. Combater a corrupção.
Ao se ter uma ideia do todo
em relação aos eleitores de Bolsonaro, o que fica mais nítido na convenção que
sacramentará sua candidatura à Presidência, é difícil saber quem veio primeiro:
a onda conservadora ou Bolsonaro. A impressão que se tem é que o candidato pega
uma carona nessa onda.
A predominância é masculina, mas
há muitas mulheres na convenção. Os militares são presenças numerosas.
– Selva! – repetem alguns,
usando a saudação comum aos militares do Exército.
As bandeiras são difusas, uma
transferência do caos da internet para a vida real. Um pré-candidato levou ao
centro de convenções diversos apoiadores do movimento fundado por ele, o
“Ideologia Brasil”. “Politicamente correto não, obrigado”, vestiam alguns. “Vai
trabalhar, companheiro”, estava escrito em outra camiseta, que reproduz a
imagem do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). “O Brasil jamais será
vermelho” e “Não à erotização infantil” são outras bandeiras presentes à
convenção nacional do PSL.
A onda Bolsonaro carrega
apoiadores já tradicionais, como o ator Alexandre Frota.
– Eu não sou o cara. O cara é
Deus – dizia ele em transmissões para as redes sociais antes dos primeiros
discursos.
Outros apoiadores chegaram
agora, pelo menos de maneira explícita. Autora do pedido de impeachment da
presidente Dilma Rousseff e filiada ao PSL, Janaína Paschoal estará ao lado
direito de Bolsonaro na mesa central da convenção, como mostra a plaquinha já
colocada no lugar. Ela é cotada a ser vice do candidato. Mas um vai e vem
infinito deixa as coisas indefinidas até o momento definitivo da convenção.
Do lado esquerdo, se sentará
a mulher de Bolsonaro, Michelle. Logo em seguida estão o general da reserva
Augusto Heleno – cujo partido, o PRP, descartou aliar-se ao capitão da reserva
– e o economista Paulo Guedes, o “posto Ipiranga” de Bolsonaro, expressão usada
pelo próprio candidato em entrevista ao GLOBO publicada neste domingo, em que
admitiu não saber nada de economia.
Um candidato a presidente da
República desconhecer os assuntos básicos de economia não parece ser um
problema para a onda de apoiadores. Bolsonaro só não pode deslizar na defesa
intransigente contra o aborto, contra a “ideologia de gênero”, do armamento, de
ser honesto, nas palavras desses apoiadores.
A onda chegou até aqui,
momento decisivo para a campanha e a hora da verdade – palavra expressa no
slogan de Bolsonaro, “Muda Brasil de Verdade”. Resta saber se, agora, vira uma
marolinha.
*Fonte: Jornal O Globo
Imaginemos que todos esses milicos e outros bichos “cruzem” com Janaína Paschoal?! - Vai nascer burros, bestas, jumentos, cobras e lagartos1! - Só não nascem ideias férteis... NEM mesmo ideias ralas !!! – NUNCA, JAMAIS nasceriam frutos sadios!! TUDO SERÁ IMPRODUTIVO NESSES CRUZAMENTOS ENTRE ANIMAIS DE SANGUE PODRE!!!
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