Jorge
Mario Bergoglio, Francisco, é o primeiro religioso da América Latina a ocupar o
cargo de papa na poderosa Igreja Católica.
O
argentino também foi (é) o primeiro papa ligado à Companhia de Jesus, ordem
fundada por Santo Inácio de Loiola.
Sempre foi
pouco provável que alguém dessa ordem chegasse ao topo na hierarquia da Igreja.
Primeiro
porque a própria Companhia de Jesus sempre teve uma orientação no sentido de
evitar que seus integrantes ocupassem cargos de destaque na Igreja Romana.
Por conta
dessa posição, até mesmo chegar a bispo e ainda mais a cardeal, era difícil,
para alguém ligado à ordem.
Jorge
Mario já surpreendeu muitos quando se tornou bispo e arcebispo na Argentina,
imagine o espanto que causou quando foi escolhido papa pelo colégio de cardeais.
Antes de
Francisco, os católicos foram comandados por João Paulo II, polonês, e Bento
XVI, um alemão.
Com os
dois a Igreja quebrou uma tradição de escolher papas italianos, que sempre
foram os preferidos da cúpula romana.
Quando
Bento XVI renunciou e se anunciou o conclave para eleição do seu sucessor se
especulou muito que o novo sumo pontífice poderia ser um americano, um
africano, um brasileiro ou mesmo alguém da ásia.
A imprensa
mundial – inclusive a da Argentina – errou feio nas especulações, porque nenhum
veículo de comunicação importante de nenhum país listou o nome de Jorge Mario
entre os papáveis.
Mas em
2006, quando Bento XVI foi o ungido, o atual papa foi o segundo mais votado,
uma sinalização de prestígio do argentino, que aparentemente passou
despercebida pelos repórteres que cobrem o vaticano.
A
Companhia de Jesus foi uma espécie de “ponta de lança” da Teologia da
Libertação”, corrente progressista da Igreja Católica que defende a opção
preferencial pelos pobres.
João Paulo
II, no seu papado, freou o movimento de
Teologia de Libertação, considerado politizado demais, com alguns religiosos dessa
corrente sendo acusados até de marxistas.
Francisco,
primeiro papa ligado à Companhia de Jesus, sempre teve boa relação com os
sacerdotes defensores da causa dos pobres. É menos conservador do que João
Paulo II e Bento XVI.
Desde os
tempos de bispo, em Buenos Aires, sempre rejeitou a pompa e a riqueza, optando
por uma vida simples, como a de São Francisco de Assis, que inspirou o nome de
papa, e de acordo com os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Dá para
imaginar um bispo de uma capital importante andando de ônibus? Pois Jorge Mario
fazia isso na Argentina e angariou muita simpatia do povo do seu país por isso.
Como papa
desde 2013, Francisco tem surpreendido muito, sempre positivamente.
Continua
defendendo a simplicidade, como quando era bispo e arcebispo, tem sido
tolerante com as mães solteiras e os homossexuais, e nem por isso estouram
escândalos de pederastia e pedofilia, como aconteceu no papado de Bento XIV.
“Francisco
é o homem da paz. E assim surgiu o nome no meu coração. Francisco de Assis. É o
homem que nos dá esse espírito de paz, o homem pobre... Ah, como eu queria uma
Igreja pobre para os pobres!”, disse Jorge Mario Bergoglio, ao justificar a
escolha do seu nome.
É um papa “arretado”,
com perdão da expressão da palavra. Está mais para João Paulo I, que esteve à
frente do trono de Pedro apenas 37 dias e morreu dormindo, no Vaticano,
levantando suspeitas de que poderia ter sido assassinado por sua defesa de uma
Igreja sem pompa, sem riquezas, ao lado dos pobres.
Francisco
é assim, como João Paulo I. Que governe a igreja ainda durante muitos anos.
O mundo
precisa de tolerância, de quem pregue a paz, de quem pense nos pobres.
Para
alguns reacionários o papa é comunista. Os que têm bom senso e conhecem a
mensagem de Jesus sabem que ele é o verdadeiro cristão, que dá bom exemplo, e
contribui para um mundo melhor.
(Texto
inspirado no livro “Francisco – O Papa da Simplicidade”, do historiador espanhol
Mario Escobar).
*Foto: Educris
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