Do Professor Michel Zaidan Filho*
Consumada
a farsa judiciária do TRF-4 contra o recurso interposto pela defesa de LULA,
abre-se um novo capítulo na história das eleições presidenciais deste ano.
A primeira
constatação é a de que a unanimidade do veredicto condenatório (e o aumento da
pena) cumpre uma exigência de não ser permitido apelações ou embargos
declaratórios neste tribunal. O que levará a defesa de LULA a apelar ou
recorrer ao STJ e, depois, ao STF, ou
pedir a suspensão da sentença.
Segunda constatação: LULA não pode e nem será
preso, como alguns gostariam. A lei penal brasileira diz que o sentenciado, em
qualquer grau de jurisdição, só poderá ser privado de liberdade (excetuando
crimes hediondos ou quando o réu pode fugir ou ameaçar pessoas), quando a
sentença condenatória ´transita em jugado, depois de passar por todas as
instancias recursais.
No caso brasileiro, isso demanda muito tempo. Terceira
nada impede a LULA de continuar a sua campanha política e até inscrever, na
Justiça Eleitoral, a sua candidatura. O que a Lei da Ficha Limpa prevê é a
proibição de posse, nos casos em que a condenação já transitou em julgado e não
cabe mais recurso.
Mesmo assim, vários candidatos de “ficha suja” concorreram
nas últimas eleições e uns foram eleitos. Ou seja, do ponto de vista político,
tudo continua a mesma. LULA pode e deve fazer a sua campanha política, expondo
a sua agenda, mobilizando a população.
Essas considerações têm a ver
com o aspecto legal ou jurídico da questão.
Mas elas não esgotam o
essencial. A presença de LULA nas ruas, nas mídias, nas redes sociais é
fundamental para alimentar a revolta, o protesto, a indignação cívica contra
esse governo ilegítimo e arbitrário que está aí. O ex-presidente LULA representa hoje para milhões de brasileiros
pobres, negros, desempregados, camponeses, operários e outros setores
sociais (não corrompidos pela propaganda antipetista) um “sonho de liberdade”,
como disse poeticamente LULA. Não se
vive sem esperança. Muito menos uma nação. LULA representa hoje para muitos
esse “sonho de liberdade”, diante da opressão.
Os militantes petistas ou
simpatizantes da causa popular e democrática ou nacionalista devem levantar a
bandeira. Há derrotas e derrotas. Mas essas
não se confundem o fim dos tempos ou da batalha final. O caminho da justiça e
da liberdade é semeado de obstáculos, de recuos e retrocessos. Mas depende
substancialmente do ânimo, da convicção, do sonho de cada militante que acredita em seu ideal.
Não há glória nas conquistas
sem luta ou sacrifício. O preço das nossas conquistas sociais e democráticas é,
muitas vezes, a dor e o desapontamento diante de pequenas derrotas. Mas nada
disso deve comprometer a luta, que vai continuar, continuar e continuar.
“Quien pelea, no muerre”.
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