O compadre Ronaldo César, que entrou na
blogosfera junto comigo, há quase 10 anos, publicou hoje o texto mais
importante desta semana, levando em conta os assuntos de interesse de
Garanhuns. Ele escreveu sobre a derrubada do Casarão dos Lundgren, ou antiga
casa dos eucaliptos, na Avenida Rui Barbosa, em Helópolis.
O texto de Ronaldo:
Um terreno que ocupa um quarteirão inteiro na área considerada mais
nobre de Garanhuns sempre foi vista como um patrimônio da cidade, embora seja
particular, e pertença a Ferreira Costa, a população sempre teve naquele lugar
uma espécie de parque, onde abrigava o Casarão dos Lundgren, das antigas Casas
Pernambucanas.
Comprada pela empresa garanhuense há alguns anos, Ferreira Costa manteve
a área preservada até junho de 2013, com seus eucaliptos imponentes, na Av. Rui
Barbosa, no coração de Heliópolis.
De repente, todas as árvores foram derrubadas. O argumento era que
estavam doentes, podiam cari e gerar graves consequências. Pouca gente
acreditou. Como o terreno é particular, pertence a uma empresa que tem planos
de expansão, seria natural, mais cedo ou mas tarde.
Ficou o Casarão. Mas este também já não existe mais. Neste exato
momento, morre mais um pedaço da história do nosso município.
O trauma do Castelinho de Ruben Van der Linden nunca foi
superado.
O medo que faz é estes exemplos chegarem em nosso patrimônio histórico
motivado pelo avanço do progresso. O futuro também não tem sido pensado, pois a
administração pública tem feito doações para empresas de áreas que antes eram
destinadas ao bem estar da população, como espaços para praças na periferia da
cidade.
E já que estamos tomando como base um
texto de Ronaldo César, para esta postagem, usemos também o seu mais conhecido
bordão de blogueiro: "agora é comigo"...
A casa dos Lundgren, atualmente do
Grupo Ferreira Costa, é um espaço pertencente à iniciativa privada. Tem dono e
este faz o que quer com ele.
No Brasil temeroso não há mais espaço
para o público.
Estão privatizando a principal
companhia responsável pela distribuição de energia, a casa da moeda e mais de
60 empresas importantes do país.
O governo mais corrupto que já se
instalou no Brasil quer convencer a população (com a ajuda da Globo e toda a
mídia comprometida com os interesses patronais, capitalistas e imperialistas)
de que nada do que é público funciona.
Estão abandonando e sucateando a
Empresa de Correios e Telégrafos para amanhã também entregá-la à iniciativa
privada.
Se ninguém reagir eles com a ajuda dos midiotas,
pequenos, médios e grandes empresários vão privatizar também a Petrobrás, a Caixa
Econômica, o Banco do Brasil, as universidades públicas, os hospitais e tudo
que tiver o dedo do Estado.
Querem fazer de instituição pública
sinônimo de corrupção, como se os empresários fossem todos santos, honestos e não
estivessem também envolvidos na lama que cobre a nação brasileira de Norte a
Sul.
A nosso ver o certo não é entregar
todo patrimônio público ao mercado, que só pensa nos lucros e não tem
compromisso com o social e os mais desfavorecidos. Correto é o estado ser
formado por cidadãos honestos, confiáveis, que trabalhem não para atender os
próprios interesses e sim da maioria dos trabalhadores e da população que
labuta e paga impostos.
Se nada mais pode ser do Estado, qual a
necessidade de governo? Poderiam acabar também com as eleições e nomear
delegados da classe dominante para gerir as cidades, as províncias e a própria república
federativa.
Voltando ao caso de Garanhuns, ao casarão
dos Ferreira Costa, como contestar uma decisão de um grupo privado?
Acontece que aquela casa devia ter sido
tombada pelo município há muito tempo, mas nunca nenhum governante se preocupou
com isso porque em Garanhuns, como no Brasil, a História, a Arquitetura e a
Cultura têm muito menos valor de que os interesses comerciais, o dinheiro e a
ambição dos homens por lucros.
Já imaginou o Recife sem o Teatro Santa
Isabel? Salvador sem o teatro Castro Alves e Fortaleza sem o Teatro José de
Alencar?
E que tal São Paulo sem o Teatro
Municipal, o Rio de Janeiro sem o Maracanã, mesmo o novo, reconstruído para a
Copa de 2014?
Que tal a capital pernambucana sem o
Mercado de São José? Curitiba sem o Jardim Botânico, Porto Alegre sem o Estádio
Beira Rio?
Já pensou se Luís Souto Dourado, o
prefeito de Garanhuns que teve preocupação com a cultura e a preservação do
patrimônio arquitetônico da cidade, não tivesse construído o Centro Cultural?
Imagine o leitor ou leitora se desse a
louca no prefeito Izaías Régis e ele resolvesse imitar Michel Temer, tomando a
decisão de privatizar o Pau Pombo, o Parque Euclides Dourado e o Cristo do
Magano...
Garanhuns não preservou a história do
Cine Jardim, nem o Castelinho, o prédio das Mercedárias ou o Casarão dos
Lundgren.
Já pensou se um dia a Igreja Católica
resolver destruir o Mosteiro de São Bento e o Seminário São José?
E se a família de João Capão quiser se
desfazer do Castelo construído com tanto esforço pelo verdadeiro herói do povo que
foi aquele trabalhador humilde?
Por amor de Deus deixem o Gigante do
Agreste de pé, não mexam com a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,
não botem abaixo a casa em que nasceu Luís Jardim, não destruam o Mercado 18
de Agosto construído por Amílcar da Mota Valença, não tirem do mapa o prédio da
antiga Rádio Difusora, erguido por Pessoa de Queiroz.
Público ou particular, conservem o
patrimônio histórico e arquitetônico de Garanhuns.
Não deixem a cidade sem alma, não a
entreguem ao mercado, como Temer está fazendo com o Brasil, porque não se pode
viver só de Casas Bahia, Assaí Atacado e outros estabelecimentos em busca do
lucro, sem compromisso com o passado e o futuro de uma cidade que é bela e não
pode se permitir ser desfigurada, transformada, para daqui a pouco virar um
burgo como Arapiraca ou Caruaru.
Tão comum quanto as duas, mas sem a pujança
econômica tanto de uma quanto da outra.
Primeiro derrubaram os eucaliptos,
agora a casa.
Qual será o próximo passo do capital em busca do lucro, de satisfazer
suas ambições, sem dar a mínima para a preservação de valores culturais, do
meio ambiente ou de qualquer outra causa ligada ao bem comum, à coletividade?
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