Sônia Braga pode até parecer
baiana, de tanto que viveu na televisão e no cinema personagens de Jorge Amado.
Mas a atriz nasceu em Maringá, no interior do Paraná, e ainda pequena foi morar
em Curitiba. Depois seu destino foi São Paulo, onde começou a trabalhar com
pequenas participações em programas e teleteatro da antiga TV Tupi.
A primeira novela em que
atuou com grande repercussão nacional foi em Irmãos Coragem, na primeira versão
(1970), com texto de Janete Clair, mulher de Dias Gomes.
Ficou conhecida do grande público
também graças ao programa infanto-juvenil Vila Sésamo, em que vivia o papel da
doce professora Ana Maria.
Aí veio um sucesso atrás de
outro e Sônia Braga foi Gabriela Cravo e Canela, Tieta, Dona Flor. No cinema e
na TV viveu como ninguém as mulheres criadas pelo escritor baiano Jorge Amado.
O autor ficou tão fã e amigo
da artista que passou a chamá-la de filha, como a própria atriz revelou em
entrevistas.
A morena paranaense também
encantou o Brasil como “A Dama da Lotação”, filme baseado num conto de Nélson
Rodrigues e foi sucesso atuando nas novelas “Saramandaia” (1ª versão) e “Dancing
Days”.
Estrela famosa da Globo e
sucesso em qualquer produção nacional do cinema, Sônia Braga poderia ter se
acomodado e ficado só por aqui. Mas ela queria mais.
Após o êxito do filme “O
Beijo da Mulher Aranha”, do argentino Hector Babenco, em que contracena com
Willian Hurt e Raul Julia, a atriz resolve morar nos Estados Unidos.
Na “Terra do Tio Sam”,
prossegue sua carreira vitoriosa, trabalhando com nomes consagrados em Hollywood
como Robert Redford e Clint Eastwood.
Mas “a boa filha a casa torna”.
Há anos sem participar de um filme brasileiro, Sônia Braga aceitou o convite do
pernambucano Kléber Mendonça Filho para atuar num longa inteiramente rodado no
Recife, mais precisamente na praia de Boa Viagem.
AQUARIUS – Este é nome do
filme de Kléber Mendonça, que já tinha sido aplaudido pela crítica
especializada pelo seu longa “O Som ao Redor”.
“Aquarius, porém, é um filme
mais linear, com um roteiro muito bem elaborado e contando uma “puta história”
de uma mulher de 65 anos pressionada por uma construtora para deixar seu
apartamento, onde viveu toda a vida com o marido e criou os filhos.
Com uma direção sofisticada e
impecável, de padrão europeu e uma interpretação acima da média de Sônia
Braga, o filme conquistou o público até no prestigiado Festival de Cannes, na
França, e também agradou em cheio pernambucanos e brasileiros em geral.
Ganhou prêmios nacionais e
internacionais – inclusive um de Melhor Atriz para Sônia – e causou polêmica
quando todo o elenco, em Cannes, denunciou o golpe parlamentar que aconteceu no
país, em 2016, ferindo a democracia brasileira.
Com o gesto do diretor e
atores, somado ao conteúdo político do filme, “Aquarius” perdeu a chance de concorrer ao
Oscar de Melhor Filme estrangeiro pelo Brasil. Foi preterido por “Pequeno
Segredo”, que na opinião dos integrantes do Ministério da Cultura tinha mais potencial
de seduzir a Academia de Hollywood.
Apesar dos protestos dos
cinéfilos e dos críticos de cinema, o filme ficou mesmo de fora, apesar do
sucesso estrondoso no Brasil e no exterior.
É uma Sônia Braga madura,
inteiramente segura de si que interpreta a Clara de “Aquarius”. Está tão perfeita
no papel da viúva aposentada e moradora de Boa Viagem, rodeada de discos de
vinil, disposta a resistir à pressão da construtora, que parece mesmo uma
autêntica pernambucana e recifense.
Em mais de uma entrevista, a
atriz disse que o roteiro do filme de Kleber Mendonça é o melhor que já leu em
sua carreira. Considerou como um dos seus melhores trabalhos no cinema e
revelou ter ficado “encantada” com a capital pernambucana, que até então
conhecia pouco.
Se Sônia Braga se apaixonou
pelo mar de Boa Viagem e pelo Recife, em contrapartida nós pernambucanos e
acredito que todos os brasileiros, passamos a amar ainda mais essa artista
extraordinária.
Ela parece a própria Clara do
filme: uma sessentona bonita, determinada, inteligente e capaz de brigar contra
a fome do sistema capitalista, que não titubeia na hora de passar por cima das
pessoas, seja homem ou mulher.
Aquarius é um
filmaço. Sônia Braga é uma deusa de dramaturgia nacional.
Aquarius é um dos melhores filmes que vi no ano de 2026. É uma pena que por querelas políticas, não tenha sido indicado pelo Ministério da Cultura para representar o Brasil no Oscar.
ResponderExcluirEsse filme recebeu milhões do contribuinte brasileiro, mas o brasileiro ficou só com a PIROCA NA RABETA, os lucros do filme estão sendo bem gastos por essa por esta gente ESCROTA que defende o SOCIALISMO no BRASIL mas gasta toda a grana com tudo o que o CAPITALISMO pode oferecer de melhor gerando empregos nos ESTADOS UNIDOS E NA EUROPA e não no BRASIL.
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