Do jornalista Bernardo Mello Franco, na Folha de S.Paulo:
O bispo
Marcelo Crivella se projetou como cantor gospel. O empresário João Doria ficou
famoso como apresentador de TV. Na primeira semana de 2017, os dois confirmaram
o talento para distrair a plateia. Se não virarem o disco, Rio e São Paulo
terão quatro anos de muito marketing e pouco governo.
O show
dos novos prefeitos começou cedo. Na madrugada de segunda, Doria se fantasiou de gari (foto) e empunhou uma
vassoura, com a qual demonstrou pouca intimidade. A performance durou apenas
dez segundos, mas rendeu longas reportagens nos telejornais.
Na
quarta, o tucano anunciou uma multa para secretários que chegarem atrasados a
reuniões. Depois fez corpo a corpo no centro e tomou cafezinho numa padaria,
como se ainda estivesse em campanha.
Na
sexta, o prefeito convocou a imprensa para faturar a contratação de um desempregado como motorista.
Parecia o programa do Luciano Huck, mas era mais um factoide com a grife do
"João Trabalhador".
Do outro
lado da ponte aérea, Crivella produziu uma foto publicitária por dia. Na
segunda, posou numa cadeira de doador de sangue. Na terça, plantou uma árvore.
Na quarta, jogou capoeira numa favela. Na quinta, recrutou a bateria da
Mangueira para a posse de uma secretária.
Os
tambores deram azar ao bispo. Diante de vítimas de calote da gestão anterior,
Crivella foi vaiado ao dizer que os artistas "trocam sua arte por um
aplauso". No Rio, eles estão mais interessados no dinheiro que a
prefeitura prometeu e não pagou.
*É raro
um político ser pego na mentira de forma tão aterradora como aconteceu com
Alexandre de Moraes. Depois da chacina em Roraima, o ministro negou que o
Estado tivesse pedido ajuda para enfrentar o descalabro nos presídios. Pouco
depois, apareceram o ofício e a resposta do
tucano: "Infelizmente, por ora, não podemos atender ao seu pleito".
São dois hipócritas e nada mais
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