Por Michel Zaidan Filho*
No compasso de espera do
julgamento pela Senado Federal do afastamento (ilegal) da Presidente Dilma
Rousseff, vai se processando o trabalho de desmonte das políticas públicas
redistributivas no Brasil.
A voracidade e a cupidez da
turma que comprou pastas ministeriais pelo seu voto contra a Presidente não têm
paralelos na história da administração pública em nosso país. Parece que a
(má)consciência da interinidade e ilegalidade estimula o arbítrio e a violência
com que vem sendo feito o trabalho de desmonte de todas as conquistas do povo
brasileiros, nesses últimos 15 anos.
Como a direita fisiológica e
privatizante não conseguiu pelo voto chegar ao Poder, o atalho ilegal,
inconstitucional, suspeitoso tornou-se o caminho mais fácil para a execução de
uma agenda não publicizada,
anteriormente, que pode ser definida como o "desmanche" do sentido de
toda atuação do estado brasileiro em prol dos mais humildes e necessitados.
O chefe interino, que recebe
às ordens do bandido afastado da Presidência da Câmara, vai se caracterizando
como um governo de sobressaltos, do vai-e-vem, da dança de rato, ora para
frente, ora para trás, ao sabor das pressões dos diversos grupos que apoiaram a
manobra temerista.
A fisionomia dos golpistas vai
surgindo no horizonte para não deixar ninguém se enganar com a concepção da
obra: o interino da Saúde, depois de decretar a falência do SUS, fala em criar
plano de saúde pagos para o povo, com todas as limitações que cercam esse tipo
de produto, para alegria das empresas particulares de Saúde.
O avicultor da educação reforça
o financiamento público às instituições privadas de ensino, através do Fies,
enquanto deixa ao deus dará as instituições públicas de ensino (congelando
concursos, mudando as regras da aposentadoria e congelando salários).
O menudo das cidades trabalha
para a paralisação dos metrôs e para cortar o financiamento das habitações
populares. O transformista da defesa abre o seu ministério para a contratação
de parentes. E o pelego da força sindical conseguiu emplacar o filho no
Instituto da Reforma Agrária.
Pelo visto, os
"impeachmistas" se locupletaram com o golpe parlamentar. Deram-se
bem. Até quando?
Em Pernambuco, as coisas se
passam como no país de Alice: tudo está bom, tudo está bem. A polícia civil
dá provas de sua incontestada capacidade pericial de não periciar, a
mando de seus superiores.
O ministério público dá sinal
de vida, denunciando um potencial candidato às eleições municipais, adversário
natural do prefeito da atuação oligarquia política.
E o governador é apresentado,
pelo obeso e afônico secretário de saúde, como o estadista do ano, ao ter
indicado um modelo de protocolo no diagnóstico e tratamento da microcefalia! É
o caso de se perguntar se Deus enviou o mosquito da doença apenas para o
governador se destacar como o mais perfeito paladino da saúde pública no
Brasil.
Na verdade, tudo isso é um
escárnio diante das inúmeras dificuldades da população nas UPAS, nos postos de
saúde, nos hospitais estaduais, nas UTIs. Só governantes e gestores que
transformam a miséria humana em matéria de propaganda enganosa (e cara), podem
ser transformados em "heróis" às custas do sofrimento alheio.
E a Arena Pernambuco, qual é
o protocolo de eficiência, funcionalidade e economia para esse monumento ao
desperdício de dinheiro público? E o caixa dois que irrigou montanhas de
dinheiro público para as campanhas eleitorais do PSB em Pernambuco? Qual é o
protocolo? O modelo de moralidade pública que pode justificar o domínio dessa
oligarquia política que tanto nos infelicita em nossa região?
Quem nos salvará, não do
mosquito ou da microcefalia, mas da incúria governamental, da incapacidade
administrativa, da demagogia vazia e cara dos filmetes exibidos nos meios de
comunicação, a peso de ouro? - Precisamos urgentemente de um protocolo de
cidadania, de republicanismo, de respeito ao erário público. A nossa miséria e
o nosso sofrimento não podem continuar alimentando a doença moral, política,
administrativa em que se tornou o estado brasileiro.
*Na foto reproduzida do Blog de Carlos Brito, "o obeso secretário de saúde", ao qual se refere o professor e cientista político Michel Zaidan.
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