São Bento do Una, no Agreste
pernambucano, fica a pouco mais de 20 km de Lajedo e Belo Jardim. Menos
de 50 separam o município de Garanhuns e Caruaru.
É um município que se destaca
no Estado pela produção de aves e ovos, pela grande extensão territorial e pela
rica história nas áreas política e cultural.
Terra de historiadores, como
Ivete Cintra, escritores do porte de Gilvan Lemos e um cantor de fama nacional
e internacional, o bacharel em direito Alceu Valença.
São Bento de Alfredinho, Zé
Mota, Osvaldo Maciel, Ailson Campos, os Paulos Afonso e Bodinho, Padre Aldo, o
empresário Zé Almeida, Dr. Altino e um advogado aguerrido de nome Washington Cadete, conhecido como Fera,
que persegue o sonho de fazer um governo no município mais voltado para as
classes populares.
O município de São Bento já
foi bem maior e incluía em seu território desde Capoeiras, que fica aqui pertinho,
até Cachoeirinha, este já na região de Caruaru.
Os antigos distritos se
emanciparam, mas o município permaneceu como um dos maiores do interior
pernambucano, com uma zona rural influente, incluindo algumas localidades de
tradição, como a Vila do Espírito Santo e a povoação de Mulungu, onde nasceu
meu pai, Euclides Almeida, que depois se fixaria em Capoeiras.
Não há dúvida, no entanto,
que a maior expressão de São Bento do Una é o compositor, cantor, trovador,
menestrel e artista múltiplo Alceu Paiva Valença, filho de Dr. Décio e sobrinho
do médico Lívio Valença, que foi prefeito do município e deputado por sete
mandatos consecutivos.
Alceu se fez artista e cantor
nas ruas de São Bento, ouvindo os sons regionais de Marinês, Jackson do
Pandeiro e Luiz Gonzaga, ou ainda as vozes românticas e famosas de Orlando
Silva e Dalva de Oliveira.
Depois que ficou rapaz, o
filho de “Seu Décio” pegou o caminho de Recife e lá se formou em direito, na
respeitada Faculdade da Universidade Federal de Pernambuco.
Mas quem consegue imaginar
Alceu Valença sendo chamado de doutor., envergando um paletó dentro de um fórum,
ganhando a vida como advogado?
Não dá, não é mesmo?
O Alceu que conhecemos tem
rompantes de palhaço, é criativo, de veia anarquista, compõe bonitas canções
com sabor regional e canta como se fosse um violeiro moderno, unindo o baião e
o rock, o pop e o forró, o brega com o sofisticado.
Apesar de ter adotado Olinda
como sua cidade do coração, o ilustre representante da família Valença nunca esqueceu
suas origens, onde tudo começou.
Tanto que, no seu primeiro
disco, lançado em 1972, em parceria com o petrolinense Geraldo Azevedo, numa
das canções evoca o passado gritando com todas as letras o nome de São Bento do
Una.
O sucesso e a consagração viriam
um pouco depois, principalmente a partir de 1982, quando gravou o LP “Cavalo de
Pau”, reunindo uma dúzia de músicas que foram cantadas por todo Pernambuco e
saíram estrada à fora chegando aos recantos mais longínquos desses muito
brasis.
É um disco antológico que
traz além da faixa título, sucessos do porte de “Tropicana”, “Como Dois Animais”,
“Maracatu”, “Pelas Ruas que Andei”, e as eletrizantes “Rima como Rima” e “Martelo
Alagoano”.
A partir deste trabalho do
início dos anos 80, ninguém seguraria mais o moleque filho de Décio Valença.
Tornou-se tão importante na
música popular brasileira quanto os baianos (Caetano, Gil, Gal, Caymmi), os
cearenses (Ednardo, Fagner, Belchior), os cariocas (Paulinho da Viola, Chico
Buarque) ou paulistas (Rita Lee, Adoniram Barbosa).
O Alceu Valença de “Vou
Danado pra Catende” e “La Belle de Jour”, completou 70 anos de idade no último dia
1º deste mês e já está com presença confirmada na edição do Festival de Inverno
de Garanhuns deste ano.
É garantia de um bom show,
pelo seu excelente e eclético repertório, o alto astral e toda energia que só o cantor de São
Bento do Una é capaz de irradiar de cima de um palco.
Parabéns velho/novo Alceu.
Garanhuns vai mais uma vez recebê-lo de braços abertos. Os pernambucanos vão
ouvi-lo, vão vê-lo, irão cantar com você, aplaudir, gritar, sorrir, curtir o
momento de felicidade e quem sabe o Marcelo Jorge e o Eduardo Peixoto arranjam
uma brecha para fazer a multidão entoar o parabéns pra você.
Afinal de contas não é todo
artista que chega aos 70 com tanta vitalidade e capacidade de envolver o seu
público.
Viva Alceu Valença de São
Bento do Una!
*A maioria das gravações do
artista é composta por músicas de sua própria autoria. Mas o cantor também se deu
ao prazer ou ao luxo de incluir em seus discos canções dos pernambucanos Capiba
e Luiz Gonzaga ou do mexicano Alberto Domingues (Perfídia, que ele interpreta com maestria).
Para os que acompanham o blog
disponibilizamos um vídeo em que Alceu, em parceria com o nosso querido
Dominguinhos, interpreta o clássico “Légua Tirana”, de Luiz Gonzaga e Humberto
Teixeira.
Para assistir é só clicar no link abaixo:
*Foto reproduzida do Diário
de Pernambuco.
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