Por Michel Zaidan Filho*
Tive a pachorra nesses
últimos dias de acompanhar atentamente as transmissões da Rede Globo sobre
eventos que envolvem o governo do estado de Pernambuco, ora em transmissão
local, ora no Jornal Nacional. Às vezes, pela mesma repórter. E aí foi possível
constatar que quando se trata da veiculação local dos mesmos fatos, o tom da
cobertura jornalística é um; quando a emissão das notícias é nacional, o tom é
outro. Tome-se, por exemplo, a cobertura dos mandados de busca e apreensão pela
Polícia Federal nas fazendas do sócio de Eduardo Acioly Campos, o senhor Aldo
Guedes, curiosamente nomeado diretor da Coopergás (emprega pública situada a
uma pequena distância da empresa do citado senhor, na Av. Mascarenhas de
Morais) e, sobretudo do quarto mandado (suspenso), onde a repórter omitiu os
nomes das pessoas investigadas, com a menção dos destinatários dos mandados no
Jornal Nacional.
Agora, na visita da OMS ao
Brasil e a Pernambuco pela atual secretária, a senhora Margareth Chan, ocorreu
a mesma coisa. Na transmissão local, feita pela repórter Beatriz de Castro, foi
noticiado que a visita da comitiva foi ao IMIP, não a algum hospital público do
estado e que lá ela teria elogiado as medidas tomadas pelos médicos no combate
ao mosquito transmissor da Zika-Virus. Quando a mesma matéria foi ao ar, à
noite, no Jornal Nacional, a repórter lembrou-se de mencionar os hospitais
públicos (Agamenon Magalhães e o Oswaldo Cruz) e disse que o elogio foi feito
aos médicos brasileiros. Na matéria transmitida na rede local da TV GLOBO
apareceu um obeso secretário de Saúde, se expressando com dificuldades, para
dizer que o protocolo seguido pelo governo estadual tinha se tornado um modelo
de combate à doença no Brasil e no Mundo inteiro. E que Pernambuco devia se
orgulhar de ter o maior número de casos de microcefalia, pois o alarmante
número da virose entre nós tinha sido responsável pelo tal protocolo.
Como todo mundo sabe, existe
o SUS (Sistema Único de Saúde), do qual fazem parte os hospitais públicos de
referência no combate às doenças infectocontagiosas e existe as fundações
privadas, sustentadas com dinheiro público, equipamentos públicos e servidores
públicos, como o Instituto Materno-Infantil (IMIP). Lá estão vários parentes do
ex-governador. O presidente (licenciado) da Fundação é ao mesmo tempo o
secretário estadual de saúde, e sua fundação recebe dinheiro público para
administrar várias UPAS e Hospitais públicos da região metropolitana do Recife.
É o caso de se perguntar por
que a emissora regional de televisão faz dois tipos de cobertura? – Uma,
destinada a audiência nacional; outra, ao distinto público televisivo de
Pernambuco. Quando se trata de cobrir os problemas sanitários, as tempestades,
o caos do trânsito da cidade, a violência urbana, ocorre o estranho fenômeno de
inversão da responsabilidade civil e criminal: o governo aparece tomando todas
as providências para debelar a catástrofe, o povo é que não ajuda, não
colabora. A culpa então é do povo, é da população que é mal educada, não tem
hábitos de higiene e que acumula lixo nas calçadas e terrenos baldios da
cidade. O governo não. Tem um protocolo-modelo para o país e a comunidade
internacional, elogiado até pela secretária da OMS.
Há quem possa confiar num
noticiário como esse? Podemos perguntar é a natureza governista, chapa branca,
bajulatória dos meios de comunicação de massa? Ou são as conveniências, os
interesses comerciais, sempre de olho num imenso bolo das verbas publicitárias
da administração pública de Pernambuco? – A continuar assim, vamos voltar àquele
tempo que se dizia: “a Globo te faz de bobo”, e buscar outras fontes de
informação bem mais confiáveis. E isso numa época pré-eleitoral, onde os
governantes de turno têm todo interesse em promover a sua imagem institucional
através da mídia.
*O garanhuense Michel Zaidan Filho é cientista político, filósofo, escritor com vários livros publicados, professor da Universidade Federal de Pernambuco e colaborador regular deste blog.
Estou cada dia mais me inclinando a concordar com o velho Zaidan Esta governo do PSB no estado de Pernambuco é como um CANCER maligno que alastra seus tentáculos por todos os lugares e queria se alastrar para o Brasil inteiro mas felizmente o País escapou desta tragédia.
ResponderExcluirÉ chegada a hora de Pernambuco livrar-se de uma vez para sempre dos grilhões do PSB um partido ainda mais asqueroso do que o PT e o PMDB juntos, pois trabalha ao mesmo tempo, hora como o PT instigando militantes histéricos, hora como o PMDB enfiando PAUS MANDADOS e pucha-sacos nas repartições públicas para perseguir servidores que não concordam com eles...