AÇUDE DO GURJÃO PEDE SOCORRO

Por Junior Almeida

A barragem do Sítio Gurjão em Capoeiras foi construída ainda quando Miguel Arraes era governador do Estado e sua adutora, que leva água para Capoeiras e Caetés, foi feita na gestão de Carlos Wilson. Localizado às margens da PE-193, entre Capoeiras e São Bento do Una, o açude fica a 12 km quilômetros de distância da primeira. 

O reservatório é um mundo d’água. O paredão e o sangrador medem um quilômetro e o açude quando está com sua capacidade máxima é uma coisa linda de se ver. Cheio, o Gurjão sem precisar de mais chuvas aguenta abastecer Capoeiras, Caetés e uma parte de São Bento por cerca de cinco anos. Em 2004 isso aconteceu, e muita gente foi ver o Gurjão despejando seu excesso. 

De lá pra cá, chuvas irregulares fizeram o reservatório deixar de fornecer água para o povo algumas vezes. Estava tudo mais ou menos normal, as pessoas com água racionada, mas eram abastecidas. Com a seca braba mais recente e a boa ajuda de um empresário do ramo de granjas de São Bento do Una, que diariamente mandava seus caminhões pipas para tirar água no açude para seus frangos, o Gurjão mais uma vez secou. 

O Ministério Público de Capoeiras proibiu a retirada d’água, mas já era tarde. O abastecimento das duas cidades foi até março do ano passado.  Este ano começou com boas chuvas em toda região, e duas trovoadas na cabeceira da baragem fez com que juntasse água para mais de um ano. O Gurjão está com 30% de sua capacidade. 

Tudo certo? Nem tanto. Para se chegar no reservatório, partindo de Capoeiras, se enfrenta quatro vergonhosos quilômetros de estrada de barro da PE 193, que nunca foi concluída. Outra coisa que não dá muito pra entender, é nunca ter sido feito uma limpeza no açude quando este estava seco. 

Choveu e o mato crescido ficou dentro. Outro problema, esse o mais grave, é que desde que o açude pegou água muita gente está indo usar o Gurjão como área de lazer. O problema é que o “bicho homem” é o único animal que suja seu habitat, e o reservatório está degradado por isso.

Durante o carnaval uma multidão foi pra lá, beber, comer, ouvir som e tomar banho, deixando seu rastro de imundície na beira do açude. Latinhas, sacolas plásticas e um bocado de garrafas de vidro foram descartados dentro e fora da água. Esta semana moradores das proximidades da barragem foram à Câmara de Vereadores reclamar da bagunça no reservatório d´água, pois as bebedeiras e o som alto agora são constantes.

Ouvimos o vereador Zé Nielson, e este nos informou que foi procurado por algumas pessoas e que é consenso entre seu colegas que os banhos e bebedeiras no açude devem ser proibidos. O parlamentar disse já está com tudo pronto para comunicar oficialmente ao Ministério Público e à Prefeitura de modo que o problema seja resolvido. 

Zé Nielson informou ainda que esteve no açude e constatou que mais de 90% das pessoas que vão para o Gurjão são de fora de Capoeiras. Segundo o vereador,  a situação é grave e precisa se resolvida "ontem". 

Esperamos realmente que todos esses problemas sejam resolvidos, pois depois de tanto tempo sem água na torneira a população merece ser tratada com mais respeito.

*Foto: Blog Capoeiras