Capoeiras assim como várias cidades Brasil a fora tem São José como seu padroeiro. Na região mesmo Angelim, Venturosa. e algumas de várias cidades têm no padrasto de Jesus seu protetor. Um pouco mais distante tem Custódia, São José do Egito e Belmonte, Surubim, dentre outras. Sempre ouvi dos mais velhos como eram as festas dos mês de março em Capoeiras, que na organização era um pouco diferente das festas de
hoje. A mudança mais sentida foi na organização da parte religiosa. Antigamente
o presidente da festa poderia ser qualquer um, independente das suas condições
financeiras, desde que fosse uma pessoa de bem que frequentasse a igreja. Os
fogos, as flores, a banda de música e demais despesas da festa eram pagas com o
dinheiro que a comissão arrecadava. Bingos, leilões e as ditas comissões de
paroquianos, pedindo dinheiro e produtos no comércio local e cidades vizinhas
eram as maneiras de se arrecadar, assim como ainda se faz hoje. O que mudou é
que parece que as doações dos fiéis não são mais tão generosas como
antigamente, pois hoje em dia o presidente da festa precisa ter muito dinheiro
pra gastar. Na minha santa ignorância não sei bem se isso está certo, pois às
vezes têm presidentes de festa que nem sei se sabem “espalhar’ o sinal da cruz
na cara. Isso acontece como se já não bastassem os políticos oportunistas de
plantão querendo aparecer perto do andor, passando a imagem de rezador, de
homem de Deus. É tanto sorriso forçado e tanto “thauzinho” pro povo, que acho
que se a imagem de São José criasse vida, pularia do andor de chicote na mão,
assim como fez Jesus expulsando os vendedores do templo, e botaria pra correr
meio mundo dos que estavam ali apenas pra ser visto. Pense numa disputa de
espaço ferrenha perto do santo. Infelizmente esse tipo de coisa existe e sempre
existiu. Só mudam as caras, as “mungangas” são as mesmas. A atual matriz, que
as pessoas mais velhas passaram a chamar de igreja nova, teve finalizada a sua
construção em 1957, duas praças acima da antiga, que era construída na praça
onde hoje tem umas palmeiras plantadas. A imagem do santo que tem mais de dois
metros de altura foi colocada em julho daquele ano em meio à chuva fina e a
muito frio, mas que não foi obstáculo de atrair vários curiosos para os
arredores da igreja para ver o serviço. A parte profana dos festejos sempre foi
forte, atraindo multidões de assombrar qualquer um, principalmente em tempos
mais recentes. Os shows de bandas e artistas famosos como Elba Ramalho, Mastruz
com Leite, Calypso, Amado Batista, Aviões do Forró, Garota Safada, dentre
outros, reuniu tanta gente que quem via as praças Adalberto Bezerra e João Borrego
de um ponto mais alto, não enxergava o calçamento, só a multidão. Antigamente o
que atraia muita gente era o os parques de diversões, com suas clássicas
canoas, carrossel com “motor de feijão”, depois elétricos e as rodas gigantes,
com seus serviços de som onde os paqueras ofereciam músicas.Parece que a
molecada do meu tempo se divertia mais em “fazer artes” do que em realmente
brincar nos parques. Para se ter uma ideia, uma demonstração de coragem dos
meninos era desarmar as canoas para se balançar sem pagar, e mais divertido
ainda era quando se levava uma carreira dos empregados do parque. Tinha moleque
que era tão danado que cagava dentro dos brinquedos só de pirraça, pra se
vingar da carreira que tinha levado. Quando eu era menino, “chaleirava” pra andar
na roda gigante, hoje não ando nem se me dessem ela de presente Nos tempos dos
Borregos, com João e depois Heronides, as bandas de música, como a centenária
Santa Cecília, de São Bento do Una, faziam suas apresentações nas celebrações,
no coreto da praça durante o dia, e à noite tocavam o baile. Nesse intervalo
tinham como pouso no hotel de Lídia de Pedro Preto, com as despesas pagas com
dinheiro da igreja. Hoje em dia brinquedos mais modernos como carrinho
bate-bate, carrosséis coloridos e cheios de luzes piscantes e coisas que são
verdadeiras centrífugas gigantes, são os brinquedos que divertem nossas
crianças. Os bailes da festa eram maravilhosos, sempre com casa cheia. Tinha
gente que juntava dinheiro um bom tempo, só pra torrar tudo durante os dias de
festa. Em 1989 ainda com a tradição dos bailes em alta, o então prefeito Carlos
Batata trouxe pra nossa cidade o primeiro trio elétrico. Era o famoso “Pau de
Arara”, que depois viraria “Asas da América”. O imponente caminhão de som
estacionou atravessado na Praça João Borrego, deixando sua traseira para a Rua
Alípio Teixeira, a rua do colégio municipal. A frente do caminhão ficou quase
encostada na “Barraca Santa Rita”, que pertencia a Zé Nunes, filho de José
Mandú. Para o dono do pequeno comércio de doces e lanches a festa não deve ter
sido interessante, pois sua barraca era de fibra, e a forte vibração do som do
trio elétrico derrubou todas as mercadorias das prateleiras, inclusive as
garrafas de refrigerantes que eram de vidro. No outro dia da festa Zé Nunes
teve que arcar com o prejuízo. Nessa noite de festa as pessoas desacostumadas
com a novidade, não sabiam direito que roupa usar, pois a maioria ainda usava
roupa social. Era uma coisa estranha de ver as pessoas dançando sem pares
músicas agitadas, vestindo social. O ritmo do momento era o “fricote”, que mais
tarde seria rotulado de “axé”. Luiz Caldas, as bandas Reflexu’s, Mel e Chiclete
com Banana estavam no auge. Como tudo tem sua primeira vez, não deixou de ser
engraçado o povo vestido formalmente dançando fricote com suas coreografias.
Depois desse ano não podia faltar trio elétrico na festa da cidade. De 1997 a
2000, quando Aluizio Cabral era prefeito, mais de um trio vinha pra festa
profana, que era realizada no estilo de uma micareta, com blocos de carnaval, e
pessoas vestindo abadas, mamãe sacode na mão e tudo mais. Houve um ano que o
trio Asas da América veio só passear em Capoeiras, pois por questões políticas,
que sempre divide as pessoas, ele não tocou. Naquele ano houve uma guerra de
liminares na justiça, muita gozação e provocações pelas ruas com partidários
dos dois lados perguntando se o trio tocava ou não. O certo é que o Asas ficou
tristemente estacionado em frente à matriz. Foi confusão até não querer mais.
Nos tempos que existiam os bailes no clube, uma coisa que não podia faltar era
o “forró da suvaqueira” ou “risca faca”, nomes que a molecada jocosamente
chamava as festas nos armazéns da cidade. Com preços bem modestos de ingressos
essas festas paralelas atraiam as pessoas mais humildes, que não tinham
condições de pagar o ingresso do baile principal. Na praça principal os prédios
de Givaldo, Zé Farias, vizinho ao prédio da empresa telefônica, e o Bar
Hollywood, que pertencia a Valdeci Cadete, faziam a alegria do povo pobre nas
festas de São José. Nesse último houve um ano que a grande atração foi Didi da
sanfona, que usava esse nome artístico por se parecer com o personagem de
Renato Aragão do programa “Os Trapalhões”. Com o salão das sinucas na parte de
trás do bar lotado de gente o sanfoneiro tocou até de madrugada, para a alegria
do povão, que saia do salão molhado de suor. Durante esses anos de festa,
mazelas não deixaram de existir, como roubos, brigas e mortes. Em um
determinado ano, na esquina da Praça João Borrego com Rua José Joaquim Calado,
atiraram e acertaram seis vezes num cidadão morador da cidade, por conta de uma
rixa antiga vinda de fora de Capoeiras. Esse só escapou por milagre. Alguns
tiveram medo e foram embora da festa, mas a maioria nem ligou com o acontecido.
Em outro ano, já num período mais recente, ocorreu um grande tumulto por conta
de uma morte no meio do povo, mas não exatamente pelo assassinato, e sim por
contas dos boatos que tomaram conta do povo. A praça de eventos estava lotada
quando um homem foi morto com um único tiro. Pouca gente viu, mas os que viram
espalharam logo a notícia, e em pouco tempo todos na festa já sabiam. Numa
barraca de bebida perto do local, jovens bebiam, e numa brincadeira
irresponsável um deles deu uma tapa numa mesa de metal, gritando dizendo que
era um tiro. Como as pessoas já estavam com medo devido a tantos boatos,
algumas começaram a correr sem rumo. Logo um “efeito manada” atingiu todos.
Eram informações desencontradas de supostos tiroteios em todos os lugares da
praça, que levava as pessoas ao desespero. Uma mulher que estava em outra
barraca para se proteger dos supostos tiros se escondeu atrás de uma lona
plástica que servia de parede para a barraca. Pense numa proteção... Depois do
corre-corre um saldo considerável de objetos perdidos como relógios, bolsas e
calçados. Lembro que da frente do meu mercado vi a correria das pessoas, o que
me levou a fechar rapidamente as portas de rolo com medo de uma invasão. Uma
mulher gorda de meia idade vinha correndo em minha direção, descalça e
descabelada, e antes que eu abaixasse por completo toda a porta mais larga, ela
se jogou por baixo rolando pra dentro do meu comércio. Parecia uma dublê de
filmes de ação. Ela tava ofegante e tremendo, pedindo pelo amor de Deus que eu
a deixasse ficar. Claro que deixei.
Em 2002, em minha opinião, foi um marco divisório
dos grandes públicos durante da tradicional festa. Nós de casa estávamos de
luto pelo meu cunhado Raul, que tinha morrido no início do mês, então nos
limitamos em só abrir o comércio sem participar dos festejos. Nesse ano a
principal atração era a banda de forró Mastruz com Leite, que estava no auge do
sucesso. Era uma terça feira, encerramento da festa no dia de São José, e desde
cedo a cidade foi invadida por vários vendedores de todo tipo de coisa, e
também de fãs da banda, que queria acompanhar tudo de Mastruz. Pouco depois do
meio dia a equipe técnica da banda veio montar os equipamentos. Além de dois
caminhões baús com a logomarca da banda, um micro ônibus também identificado fazia
parte da trupe. Como as ruas estavam abarrotadas de parques e barracas de
vendedores, o motorista do micro ônibus achou por bem não levar o veículo até
perto do palco, na Praça Adalberto Bezerra, deixando-o estacionado nas
imediações do meu comércio, onde alguns amigos estavam bebendo. Com a
aglomeração das pessoas, o motorista da banda se entrosou, e também passou a
tomar umas. As pessoas que passavam ficavam curiosas para saber o que estava
acontecendo. Já era noite quando Ueliton Torres, sempre presepeiro, estava no
meio dos que bebiam respondeu para um curioso que queria saber do que se
tratava aquele monte de gente, dizendo que Cátia Cilene, a vocalista da banda,
estava se preparando para o show na casa da minha mãe, que é vizinha ao
mercado. O boato se espalhou, e logo as imediações ficaram cheias de gente
esperando pra ver a cantora, que acreditavam estar dentro da casa. Não achei
ruim, pois com isso fiz um bom movimento. Nas festas mais recentes com a tal
moda de ostentação, um chique é tomar wisky. O problema que têm uns vendedores
que vendem no meio da rua produtos falsificados, e mesmo sabendo disso, alguns
compram e bebem por ser mais barato. No outro dia estão doentes pela péssima
qualidade do produto. Parece que a saúde vem em segundo plano, o negócio é ser
visto tomando wisky bom, mesmo que seja ruim. Como diz o ditado: A família de
gente besta é grande...
Outra coisa que mudou recentemente foi a separação
da parte profana da religiosa. Por ordem do bispo da diocese de Garanhuns,
todas as paróquias da região foram obrigadas a fazer essa mudança. Nas
pregações das missas os padres falavam que não tinha como explicar nem
justificar, por exemplo, um assassinato numa festa de padroeiro, por esses e
outros motivos a festa religiosa e profana teriam que ser desmembradas. Mesmo
depois dessa decisão a parte profana da festa de São José continua grandiosa,
só que dividida em dois atos: Os que vão pra igreja, em menor número, e os que
vão para diversão. E São José abençoando os dois públicos e todos nós.
parabens a quem postou essa linda historia da festa de são jose em capoeiras,que pena que a politicagem atrapalhi o desenvolvimento e crescimento da cidade,porq os politicos so penssam em brigar em tempo de eleiçao e atacar um ao outro e so querem poder e mais poder e trabalhar pro bem da cidade e população num fazem nada,nem uma simplis fabrica trazem e nem vão trazer porq o poder pela prefeitura e maior doq qualquer coisa.....quem mora longe sabe como qui e duro dexa sua terra natal por falta de emprego pra ir procura empregos em outras cidade grande e ao passar 5 ou 10 anos fora quando volta a capoeiras não encontra mudança nem uma infelismente so o falatorio d politicagem e etc......
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