O primeiro livro mais denso que li foi “Crime e Castigo”. Tinha apenas
14 anos. A narrativa me pegou, foi um choque. Como era muito novo, fiquei
impressionado com a força do texto do escritor russo. Andei uns dias com
distonia, sem saber como lidar com “aquilo”.
Raskólnikov, personagem
de “Crime e Castigo”, livro publicado em 1866, ainda hoje me abala, está
presente em minha vida como seu eu o tivesse conhecido. E olha que li o livro há mais de 40 anos, quando ainda era um garoto.
Também não podia ser
diferente.
Os estudiosos de
Literatura dizem que os personagens de Dostoiévski, seu pensamento, seus
mergulhos psicológicos, influenciaram intelectuais do porte de Nietzsche, Sarte,
Freud, George Orwell e Aldous Huxley.
No Recife, quando conheci Judit (que viria a ser minha primeira esposa),
na Faculdade de Jornalismo, encontrei uma apaixonada pela obra do autor de
Irmão Karamazov. Ela me presentou, logo no início do nosso casamento, com o
livro “Humilhados e Ofendidos”, que me tocou profundamente.
Depois li “O Jogador”, “O Idiota” e “Recordações da Casa dos Mortos”.
Acredito que nenhum escritor se igualou a Fiódor Dostoiévski. Tanto
tempo passado das leituras que fiz dos livros dele, seus romances continuam
dentro de mim, o seu humanismo, a psicologia contida em suas obras permanecem
no meu espírito, influenciam minha vida, prova que existem seres “superiores”,
imortais, capazes de em pleno século XXI guiarem a humanidade com as maravilhas
que produziram 200 anos atrás.
BIOGRAFIA - Dostoievski perdeu seu pai muito jovem e seu pai, médico,
foi assassinado pelos trabalhadores de sua propriedade rural, que o julgavam
extremamente autoritário.
O crime exerceu enorme influência no futuro do jovem Dostoiévski e
motivou um artigo polêmico de Sigmundo
Freud intitulado "Dostoiévski e o Parricídio".
Em São Petersburgo, o futuro escritor estudou engenharia numa escola
militar e se entregou à leitura dos grandes escritores de sua época. Epilético,
teve sua primeira crise depois de saber que seu pai fora assassinado.
Sua primeira produção literária, aos 23 anos, foi uma tradução de Balzac
("Eugénie Grandet"). No ano seguinte escreveu seu primeiro romance,
"Pobre Gente", que foi bem recebido pelo público e pela crítica.
Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas na casa de um
revolucionário, e condenado à morte. No último momento, teve a pena comutada
por Nicolau 1o e passou nove anos na Sibéria, quatro no presídio de Omsk e mais
cinco como soldado raso. Descreveu experiência na prisão nos livros
"Recordações da Casa dos Mortos" e em "Memórias do
Subsolo".
Dostoiévsky foi influenciado pelo cristianismo evangélico e passou a
pregar a solidariedade como principal valor da cultura eslava. Em 1857 casou-se
com Maria Dmitrievna Issaiev, uma viúva difícil e caprichosa. Dois anos depois
retornou a Petersburgo. Em 1862 conheceu Polina Suslova, que viria a ser o seu
caso de amor mais profundo. Em 1864, viúvo de Maria, terminou seu caso com
Polina e em 1867 casou-se com Anna Snitkina.
Dos livros do escritor russo os mais conhecidos são "Crime e
Castigo", "O Idiota", "O Jogador", "Os
Demônios", "O Eterno Marido" e "Os Irmãos Karamazov".
Abaixo um trecho de “Crime e Castigo", uma das obras primas do
escritor russo:
“Mas no fim das contas tudo isso são
disparates! Cuspo em todos eles, cuspo também na minha humilhação e na minha
comédia! Não é nada disso que está em causa! Nada disso!"
"Oh! Que desmancha-prazeres! Os
princípios! Tu te moves por princípios, como se fossem molas, não te atreves a
atuar livremente; para mim o fundamental é que o homem seja bom. E,
francamente, reparando bem, em todas as classes não há muitas pessoas
boas."
"Mas a ciência hoje diz: 'Antes de mais
nada ama-te a ti próprio, porque tudo no mundo está baseado no interesse
pessoal. Se amares a ti próprio farás os teus negócios como devem ser, e o teu
cafetã permanecerá inteiro'."
'Onde', pensou Raskólhnikov, continuando seu
caminho, 'onde é que eu li aquilo sobre um condenado à morte que no momento de
morrer dizia ou pensava que se o deixassem viver no alto, numa rocha e num
espaço tão reduzido que mal tivesse onde pousar os pés - e se à volta não
houvesse mais que o abismo, o mar, trevas eternas, a eterna solidão e a tempestade
perene - e tivesse de ficar assim, nesse espaço de um archin, a sua vida toda,
mil anos, a eternidade... preferiria viver assim a morrer imediatamente? O que
interessa é viver, viver, viver! Viver, seja como for, mas viver! O homem é
covarde!', acrescentou passado um minuto."
"Acham que eu estou assim porque eles
mentem? Tolice! Eu gosto que eles mintam! A mentira é o único privilégio do
homem sobre todos os outros animais. Mente, que vais acabar atingindo a
verdade! É precisamente por ser homem que eu minto. Nem uma só verdade poderias
alcançar se antes não mentisses quatorze vezes, e até cento e quatorze vezes, o
que representa uma honra sui generis; simplesmente, nós nem sequer sabemos
mentir com inteligência! Tu mentes, mas mentes de uma maneira especial, e eu
ainda por cima te dou um abraço. Mentir com graça, de uma maneira pesssoal, é
quase melhor que dizer a verdade igual todo mundo; no primeiro caso é um homem
e, no segundo, não se é mais que um papagaio! A verdade não anda depressa, mas
podemos fazer a vida correr; há exemplos disso."
(A segunda parte do texto é baseada na breve biografia do escritor
publicada no Portal UOL Educação).
Parece que você esqueceu de ler "Os Demônios" ou "Os Possessos", que eu estou lendo agora, livro em que Dostoievsky denuncia a ideologia totalitária que deu origem ao Nazismo, Marxismo, Socialismo e Comunismo, que se encaminhava para ser aplicada na Europa naquela época. E onde ele trata, o que nós conhecemos hoje como Corruptos, Trapasseiros, Golpistas e Desonestos de todos os tipos como pessoas Endemoniadas de alguma forma, que trariam a destruição a toda a sociedade e a escravidão a todos os povos, quem leu este livro, sabe que ele estava falando do Socialista dos dias de hoje!!!!
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