Gabriel Gárcia Márquez, que morreu
ontem, aos 87 anos, foi um dos maiores escritores do século XX. Colombiano, faz
parte de um seleto grupo de latino-americanos que recebeu o Prêmio Nobel de
Literatura. Seu romance “Cem Anos de
Solidão”, obra-prima com toques de “realismo fantástico”, desde o seu
lançamento até hoje já vendeu mais de 50 milhões de exemplares em todo o mundo.
Gabo, como era também conhecido o
escritor, foi jornalista e escritor brilhante e esteve aliado às lutas políticas
da esquerda na América Latina e no mundo.
Quem não leu “Cem Anos de Solidão”
precisa conhecer esse livro que expressa através da literatura a realidade não
só da Colômbia, mas também da Argentina, da Bolívia, do Uruguai, do Brasil e de toda
nuestra América.
Abaixo um trecho do romance, para
que o leitor do blog sinta a força da prosa de Gárcia Márquez:
Melquíades, que era um homem
honrado, preveniu-o: "Para isso não serve." Mas José Arcadio Buendía
não acreditava, naquele tempo, na honradez dos ciganos, de modo que trocou o
seu jumento e um rebanho de cabritos pelos dois lingotes imantados. Úrsula
Iguarán, sua mulher, que contava com aqueles animais para aumentar o
raquítico patrimônio doméstico, não conseguiu dissuadi-lo. "Muito em breve
vamos ter ouro de sobra para assoalhar a casa", respondeu o marido.
Durante vários meses empenhou-se em demonstrar o acerto das suas conjeturas.
Explorou palmo a palmo a região, inclusive o fundo do rio, arrastando os dois
lingotes de ferro e recitando em voz alta o conjuro de Melquíades. A única
coisa que conseguiu desenterrar foi uma armadura do século xv, com todas as suas
partes soldadas por uma camada de óxido, cujo interior tinha a ressonância oca
de uma enorme cabaça cheia de pedras. Quando José Arcadio Buendía e os quatro
homens da sua expedição conseguiram desarticular a armadura, encontraram dentro
um esqueleto calcificado que trazia pendurado no pescoço um relicário de cobre
com um cacho de cabelo de mulher.
Em março os ciganos voltaram. Desta vez traziam um óculo de alcance e uma lupa do tamanho de um tambor, que exibiram como a última descoberta dos judeus de Amsterdam. Sentaram uma cigana num extremo da aldeia e instalaram o óculo de alcance na entrada da tenda. Mediante o pagamento de cinco reais, o povo se aproximava do óculo e via a cigana ao alcance da mão.
Em março os ciganos voltaram. Desta vez traziam um óculo de alcance e uma lupa do tamanho de um tambor, que exibiram como a última descoberta dos judeus de Amsterdam. Sentaram uma cigana num extremo da aldeia e instalaram o óculo de alcance na entrada da tenda. Mediante o pagamento de cinco reais, o povo se aproximava do óculo e via a cigana ao alcance da mão.
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