EM QUE MÃOS VAI FICAR A SECRETARIA DE CULTURA?

Uma matéria publicada no blog sábado passado (ver abaixo) sobre a disputa pela Secretaria de Cultura do Município, obteve ampla repercussão na cidade. Recebemos até o momento 65 comentários sobre o assunto e um e-mail de um garanhuense que se identificou como José Cidadão, também interessado em debater a questão. Este último texto, por nos parecer ter sido escrito com muita seriedade, levantando pontos importantes a respeito do assunto, é reproduzido abaixo e espero que sirva para enriquecer a discussão.

A CULTURA NÃO PODE FICAR NAS MÃOS DE QUALQUER UM

Uma reunião, que o prefeito Izaías disse não ter previamente agendado, foi realizada por alguns poucos artistas de Garanhuns, visando a Secretaria de Cultura, com um ou outro já demonstrando interesse no cargo.

Sendo informado da reunião, o prefeito se fez presente e, “inteligentemente”, aproveitando o momento, deixou uma missão nada fácil com aqueles que ali estavam: quero que indiquem três nomes e um desses (possivelmente, acho eu) será o secretário dessa pasta (tão complicada de administrar).

Conclusão, virou uma corrida louca para o cargo. Até agora, que eu saiba, 6 ou 7 pessoas já estão fazendo campanha em prol dos seus nomes. Já aparecem nas redes sociais apoios aos possíveis “secretariáveis”, se é que podemos dizer assim.

Se não houver uma consciente união dessas pessoas envolvidas com a arte e cultura em nossa cidade, isso não vai dar em nada.

Não basta fazer arte e cultura para assumir um cargo como esse, que o prefeito parece estar “deixando” nas mãos desses poucos que estão interessadíssimos em fazer parte desse processo.

É preciso que esse secretário ou secretária tenha a consciência e a decência da responsabilidade da pasta.

Por que será que Ronaldo Cesar não aguentou ficar mais tempo no departamento de cultura?

Saúde, educação e segurança têm sido a tônica de todos os governos municipal, estadual e federal e pouco se faz por essas prioridades.

Imaginem vocês, em que lugar fica sempre a cultura.

Mas falemos sobre nossa realidade. Caso os envolvidos nessa “eleição”, que a mim me parece mais uma pseudo democracia, não tenham discernimento o bastante, no que pese a sua importância, e que sobressaiam apenas seus interesses pessoais, Garanhuns continuará sem a mínima representatividade na área cultural.

Se a discórdia e a ganância pelo cargo forem predominantes nessa reunião, marcada pra terça-feira próxima, o prefeito Izáias certamente vai dizer à população artística que a missão, supostamente dada, não deu em nada e que ele vai indicar o nome que achar conveniente para a secretaria em questão.

Há muita gente inteligente e até capaz para o cargo, mas precisamos ver se além da inteligência e capacidade, tem caráter, pensamento coletivo, respeito aos artistas e à cultura de nossa cidade, desinteresse pessoal doentio e compromisso com Garanhuns.

Por que será que pessoas como Jonas Lira, Paulo Gervais, Jeferson Fitipaldi, Carlos Janduy, Roberto Almeida, Maurilinho, Gerson Lima, Jane Ávila, Marcos Freitas e outros respeitados nomes que não lembro agora, não colocaram nem colocam seus nomes numa empreitada dessas? Acho que é porque eles sabem das limitações que iriam ter num cargo como esse e que um salário de 9 mil reais não deve comprometer seus ideais e dignidade.

Prefeito, cuidado pra que essa democracia não incida em erros anteriores. É louvável que o senhor queira, talvez não totalmente, que a pasta da cultura seja entregue ao mais “articulado” desses que estão se propondo ao cargo. Abra o olho pra não se arrepender. Quem menos tem condições pode até ganhar mais votos, e aí?

Cultura pode não ser prioridade nesse país, mas é importante demais pra ficar na mão de qualquer um.

Que Garanhuns tenha sorte de ter um ótimo secretário ou secretária de cultura, pois mesmo em meio as dificuldades que todo mundo já conhece, é preciso (e como é preciso) fazer alguma coisa, como por exemplo, transformar o teatro Luiz Souto Dourado num espaço decente para espetáculos, pois nem luz e som são adequados, segundo a classe teatral (a não ser durante o festival de inverno, porque a Fundarpe é obrigada a trazer. Fora o desconforto que há naquelas cadeiras, que podiam ter pelo menos um acolchoado ou coisa assim); apoiar e valorizar dignamente os artistas locais nos grandes eventos de Garanhuns e outros que acontecem no estado e no país. Preservar o que ainda resta de verdadeira cultura em nosso município.

Torço de verdade pra que nossa cidade tenha dias melhores em todos os seus setores