IZAÍAS APRENDEU COM OS ERROS

Se os ventos até agora têm soprado contra Antônio João Dourado (PSB), parecem favoráveis a Izaías Régis (PTB), que mesmo antes de ser deputado sonhava em ser prefeito de Garanhuns. Eleito pela primeira vez em 2002 com uma votação estrondosa, o parlamentar renovou os seus mandatos em 2006 e 2010 passando por apertos. Todos na cidade sabem porque ele perdeu votos. Não é preciso ser jornalista, radialista ou blogueiro para ter essa informação. O mandato fez bem a Izaías por um lado e mal por outro. Rapaz pobre de Terezinha que teve de ralar muito para vencer na vida, o político se empolgou demais com os primeiros quatro anos de poder. Muitas vezes foi arrogante, foi dono da verdade e não parou para ouvir o que os outros tinham a lhe dizer. Não é preciso diploma de doutor para perceber as coisas. O povo, sábio ou intuitivo, percebeu mudanças no comportamento do homem e não gostou. As pessoas simples gostam quando alguém chega lá em cima e continua ele mesmo. Abominam quando sobem e esquecem as suas origens. Lula é querido porque nunca perdeu o jeito de peão, como está implícito num artigo publicado logo abaixo. 

Depois do sufoco das últimas campanhas, Izaías Régis parece ter compreendido tudo isso. Trocou o bocão pelo comedimento. A discrição pelo estardalhaço. O discurso pela observação. Com isso, tem recuperado terreno. Chegou a ter a maior rejeição entre os políticos de Garanhuns e hoje os índices de desaprovação de seu trabalho e de sua pré-candidatura são perfeitamente administráveis. Foi favorecido também pela forma invasiva como Antônio Dourado entrou na política local. Zé da Luz, Sivaldo, Luiz Carlos, Silvino, Paulo Camelo, nenhum desses lucrou tanto quanto Izaías com a entrada em cena do prefeito de Lajedo.

As pesquisas e as ruas dizem isso. E tendo aprendido com os erros, o deputado está sendo extremamente cuidadoso. Não é mais aquele político que bebia em público e às vezes se metia numa discussão desagradável. Ou que de forma inconsequente atacou um candidato a governador que hoje está sentado na cadeira que foi de Roberto Magalhães, Marco Maciel, Jarbas Vasconcelos e Miguel Arraes. Hoje é aliado do governador, defende sua gestão e mesmo aparentemente preterido pelo Palácio e vendo a possibilidade de ter como adversário um candidato do PSB em nenhum momento criticou Eduardo Campos ou acenou para um rompimento juvenil e desnecessário.

Izaías, enfim, parece se espelhar mais em quem possibilitou suas vitórias. Está mais Armando Monteiro e cada vez menos o parlamentar dos primeiros mandatos.

Tudo isso, por certo, faz com que ele fique confiante e seguro sem perder o equilíbrio. Com os erros do PSB, o sumiço de Zé da Luz e o isolamento dos pré-candidatos de oposição, ele mesmo acha que as coisas estão dando certo. Resta saber se vai continuar assim. Porque a eleição é em outubro e até lá não serão permitidos erros ou jogadas de amador. Os ventos que sopram pra cá amanhã poderão ir em outra direção. E isso depende das decisões e atitudes de cada aspirante à prefeitura e sobretudo dos humores da população. Saber agradar a esta, todos os dias,  é uma verdadeira arte. Aí está o segredo para se chegar ao resultado desejado.