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Pesquisas Eleitorais

MANUEL BANDEIRA - ESCRITORES BRASILEIROS - 16º

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu em Recife no dia 19 de abril de 1886, na Rua da Ventura, atual Joaquim Nabuco. Morou no Rio de Janeiro, em São Paulo, depois retornou à capital pernambucana e quando descobriu estar doente de tuberculose voltou ao Rio para tratar da saúde. A doença levou o poeta até o exterior, tendo passado uma temporada na Suíça.

O gosto pelas letras e os versos vieram cedo e até a tuberculose inspirou o poeta. São deles esses versos irônicos:

"... - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino."

Em 1917 Manoel Bandeira publica seu primeiro livro, intitulado Cinza das Horas. Depois viriam Carnaval (1919), Os Sapos (1922), O Ritmo Dissoluto (1924), Libertinagem (1930), Estrela da Manhã (1940), Belo, Belo (1948), Mafuá do Malungo (1948), Opus 10 (1952), Estrela da Tarde (1960), Estrela da Vinda Inteira (1966).

O escritor pernambucano também teve atuação na imprensa escrita (inclusive no Jornal do Brasil e Folha de São Paulo), escreveu e publicou mais de uma dezena de livros em prosa. Traduziu diversas obras importantes da literatura mundial para o português, dentre as quais podemos destacar O Advogado do Diabo, de Morris West; Der Kaukasiche Kreide Kreis, de Bertold Brecht; e Macabeth, de Shakespeare.

Na década de 20,  do século passado,  travou conhecimento com outros grandes nomes da literatura Brasileira, como Mário de Andrade,  Oswald de Andrade, Menotti del Picchia e Carlos Drummond de Andrade. Embora não tenha participado da histórica Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, teve um poema de sua autoria Os Sapos, lido por Ronald de Carvalho. Os versos são uma sátira ao parnasianismo:

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Em 1940 é eleito para a Academia Brasileira de Letras, na vaga de Luís Guimarães Filho. Toma posse em 30 de novembro, sendo saudado por Ribeiro Couto. Começa a fazer crítica de artes plásticas em A Manhã, em 1941, no Rio de Janeiro. Na então capital federal foi ainda professor de literatura hispano-americana na Faculdade de Filosofia.

A pedido de amigos, apenas para compor a chapa, candidata-se a deputado pelo Partido Socialista Brasileiro, em 1950, sabendo que não tem quaisquer chances de eleger-se.

Escreve para a Editora El Ateneo, em 1963, biografias de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Castro Alves.

Comemorou seus 80 anos, em 1966, recebendo muitas homenagens. A Editora José Olympio realizou em sua sede uma festa da qual participaram mais de mil pessoas. Comprou uma casa em Teresópolis, a única de sua propriedade ao longo de toda sua vida.

Com problemas de saúde, Manuel Bandeira deixou seu apartamento da Avenida Beira-Mar e se transferiu para o apartamento da Rua Aires Saldanha, em Copacabana, de Maria de Lourdes Heitor de Souza, sua companheira dos últimos anos.

No dia 13 de outubro de 1968, às 12 horas e 50 minutos, morreu o poeta Manuel Bandeira, no Hospital Samaritano, em Botafogo, sendo sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.

Um dos poemas mais significativos de Bandeira, Vou-me Embora pra Pasárgada, foi musicado pelo cantor e compositor pernambucano Paulo Diniz, natural de Pesqueira. O artista deu uma boa contribuição à divulgação da obra daquele que foi um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, do mesmo nível talvez de Carlos Drummond de Andrade.

Abaixo transcrevemos os versos de Pasárgada, que foram embelezados por Paulo Diniz:

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

(Principal fonte de consulta: Releituras - Resumo Biográfico).

Um comentário:

  1. Caro Roberto,

    Só reler o Manuel Bandeira já seria uma postagem da pesada, como dizem meus filhos. Eu talvez tive a sorte de não ralar muito nos bancos escolares, pois tive tempo de ler autores como este. Tenho uma vontade danada de criar as séries que você cria, em meu blog. Mas quando vou ver, já estão todas criadas, como a de cinema, que sempre leio e esta.

    Eu mesma prefiro o Bandeira ao Drummond apesar deste ser também um grande poeta. É minha frustração eterna não ser uma poetisa versejadora, já na prosa só tenho a oferecer minhas jocosidades dentro de minhas prolixidades. Mas, quem manda não continuar os estudos?! O jeito é ser política. Com o Lula deu certo parece que deu certo...

    Lucinha Peixoto (Blog da Lucinha Peixoto)

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