A INTENÇÃO É ATINGIR ARMANDO MONTEIRO

A leitura que se faz por alguns políticos da cidade, inclusive alguns ligados ao deputado Izaías Régis, é que o prefeito de Lajedo, Antônio João Dourado, foi escolhido como candidato a sucessão municipal de Garanhuns com a intenção de deixar numa situação difícil o senador Armando Monteiro (PTB). O líder petebista é pré-candidato a governador de Pernambuco no próximo pleito estadual e já realiza todo um trabalho neste sentido. Com suas origens numa tradicional família política, homem estruturado financeiramente, sério, de ideias próprias, possivelmente Armando não é o candidato dos sonhos de Eduardo Campos.

O socialista, desconfia-se, gostaria de ver alguém mais maleável no Palácio das Princesas quando tiver que sair para voos maiores. Assim, desde agora o neto de Arraes procura dificultar as coisas para o senador, impedindo o crescimento do Partido Trabalhista Brasileiro nas cidades de porte do interior pernambucano. No caso de Garanhuns, o governador tinha e tem diversas opções: Ivan Rodrigues, um histórico da legenda, o professor Pedro Falcão, que poderia surgir como uma novidade, empresários como Emanuel Rocha e Marco Notaro, além de Ivo Amaral Júnior, filho de um prefeito da cidade ainda hoje lembrado com carinho pela população. Se tivesse que apresentar um nome de um município vizinho, o mais viável é o prefeito de Brejão, Sandoval Cadengue. Está muito mais próximo da Suíça Pernambucana, conhece mais a cidade e seus moradores, tendo já sido candidato a deputado estadual e obtido cerca de sete mil votos na terra das Sete Colinas. Mesmo Leonardo Dias e Eudson Catão têm maior ligação com Garanhuns, o primeiro tendo conquistado mais de 4 mil votos no pleito de 2010 e o segundo sempre presente em todos os eventos da Suíça Pernambucana. Antônio João Dourado só conviveu com Garanhuns quando estudou no Colégio Diocesano, ainda garoto, e depois foi de Lajedo para o Recife, sem quase contato com os garanhuenses, seus problemas, sonhos e esperanças.

Dourado, como se sabe, é primo do senador Armando Monteiro e a família convive em harmonia. A candidatura de Antônio João em Garanhuns é para deixar o petebista numa situação delicada mesmo. De um lado estará seu correligionário de tantas campanhas, Izaías Régis, e de outro uma pessoa do seu sangue, um primo que em política sempre foi quase um irmão. Homem de partido, caberá a Armando acompanhar o deputado, isso no entanto será constrangedor pois o colocará contra a família que tanto preza.

Monteiro, logicamente, não irá se pronunciar por enquanto. Até mesmo o deputado Izaías Régis, conhecido pela sua postura combativa, foi por demais comedido no ato realizado ontem à noite na CDL. Os petebistas conhecem o governador Eduardo Campos, sabem de sua astúcia política e não tem no momento condições de trombar com o Príncipe. Sem essas amarras e limitações, a maioria dos homens e mulheres de Garanhuns, representando mais de uma dúzia de partidos políticos, associações comunitárias e de classe, estão dispostos a fazer um amplo movimento contra uma candidatura que a seu ver é uma afronta à soberania e a dignidade do município.

Embora Alexandre Marinho não goste da palavra forasteiro, muitos a vão usar ao se referir a Antônio João, que aterrissou em Garanhuns de paraquedas, enfiado de goela abaixo das lideranças política e de toda a população da cidade. Confiam no dinheiro, no poder político e na subserviência dos pusilânimes para dobrar a vontade do eleitorado da cidade.

Será uma verdadeira guerra, como já me referi antes. De um lado os garanhuenses bairristas, honrados, defendendo a cidade e seu povo, tentando fazer o município andar com suas próprias pernas; enquanto de outra parte estarão os invasores, os estupradores, os filhos de Getúlio com seus planos de intervenção disfarçada, querendo liquidar a honra que resta a uma Garanhuns já tão maltratada.

Armando Monteiro e Izaías Régis têm de jogar uma partida de xadrez, com cuidado para não serem atropelados por algum tanque de guerra. Mas outras lideranças, a classe média e a massa têm de seguir a recomendação do empresário Givaldo Calado: a população há de se entrincheirar, formar barricadas, ocupar as ruas, erguer as bandeiras, afiar o discurso e lutar com todas as forças contra um projeto maquiavélico, anti-democrático, irracional e mesquinho.

Sou jornalista e em alguns casos não sou imparcial. É preciso se posicionar, sair de cima do muro, repudiar os frouxos e os que se vendem. Estou a favor de Garanhuns. A cidade não é criança para precisar de babá. As saídas têm se ser encontradas aqui mesmo e se a união do povo e das lideranças se concretizar não tem dinheiro nem poder político capaz de nos fazer engolir uma candidatura sem consistência, importada e esdrúxula.