JOÃO BOSCO
Do final dos anos 60 para início dos anos 70, terminada a febre da Jovem Guarda, com a influência da bossa nova e de outros movimentos da MPB surgiram ou se consolidaram grandes artistas nacionais. Cantores, intérpretes, compositores. Gonzaginha, Ivan Lins, Fagner, Belchior, Ednardo, Ney Matogrosso, Alceu Valença e o mineiro João Bosco. Esses sete nomes estão entre os mais representativos da turma daquela época, todos eles ainda – à exceção do filho de Luiz Gonzaga – ativos e capazes de contribuir com a música e a poesia do país.
João Bosco de Freitas nasceu em Ponte Nova, no interior de Minas Gerais, numa família de músicos. Aos 12 anos já tocava violão. Em Outro Preto, cidade histórica, estudou engenharia. Com um olho no diploma e outro na música fez a faculdade sempre tirando um som, com paixão pelo jazz, a bossa nova e o movimento tropicalista.
O jornal o Pasquim, alternativo que marcou época no combate à ditadura e na divulgação de cultura pelo país, lançou em 1972 um “disco de bolso” com duas faixas. De um lado estava Tom Jobim, com “Águas de Março”, que entrou para a história e é considerada por alguns críticos como a “música do século”. O outro lado do compacto traz “Agnus Sei”, de João Bosco, que estreava e surpreendia o Brasil dividindo o trabalho com um compositor já consagrado.
João Bosco tinha mesmo de ser um grande artista. Entre os seus primeiros parceiros está simplesmente o poeta, compositor e cantor Vinícius de Moraes. Juntos fizeram “Rosas do Vento”, “O Mergulhador” e “Samba do Pouso. O poetinha foi quem o aconselhou a ir para o Rio de Janeiro.
Em 1971 o artista e engenheiro mineiro conhece Aldir Blanc, que passa a ser o parceiro mais constante de sua carreira. A dupla seria responsável por algumas canções verdadeiramente geniais como O Rancho da Goiabada, Caça à Raposa, O Bêbado e o Equilibrista, Mestre Sala dos Mares e Dois pra Lá dos pra Cá.
Grupos como o MPB 4, Quarteto em Cy, Ney Matogrosso quando começou a carreira solo e a imortal Elis Regina gravam músicas de João Bosco e Aldir Blanc e impulsionam mais ainda a carreira do cantor mineiro.
Um dos LPs que consolida o nome de João Bosco entre os grandes da MPB é o disco Galos de Briga, de 1976. A música título, Transversal do Tempo(também gravada depois por Elis), Feminismo do Estácio, O Rancho da Goiabada, Incompatibilidade de Gênios, Latin Lover e Miss Suéter fazem deste um dos melhores álbuns do artista ao longo de sua carreira de mais de 30 anos.
Na faixa Miss Suéter, uma das boas entre 12 músicas sensacionais, Bosco faz um dueto com Ângela Maria, uma das maiores cantoras do Brasil em todas as épocas. É uma canção irônica, de letra simples, embelezada pelo desempenho excepcional do novo artista e de sua parceira veterana. Uma beleza mesmo.
Nos anos 80 e 90, depois de encerrar sua parceria com Aldir Blanc, passa a atuar mais freqüentemente como cantor, e encontra outros parceiros como Capinam ("Papel Machê", outro grande sucesso), Waly Salomão e Antônio Cícero ("Holofotes"), além do filho poeta, Francisco Bosco, com quem compôs as faixas do disco "As Mil e Uma Aldeias". Em 1998 compôs a trilha para o balé "Benguelê", do Grupo Corpo, apresentado no Rio, São Paulo, Belo Horizonte e em festivais internacionais.
Depois de um intervalo de quase cinco anos, João Bosco lança, em 2003, o inédito "Malabaristas do sinal vermelho”. No álbum, o artista provou ser capaz de atualizar a temática social, sempre presente na sua obra, sem esquecer seu jeito de fazer música. O trabalho, outra parceria com o filho Francisco Bosco, foi bem acolhido pela crítica e até recebeu uma indicação ao Grammy de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.Para comemorar seus 30 anos de carreira, o artista decidiu presentear os fãs com o lançamento de seu primeiro DVD ao vivo. “Obrigada Gente!”, que chegou às lojas em 2006, traz no repertório sambas célebres da década de 60 e hits mais recentes do cantor. O show foi gravado em São Paulo e conta com participações de Guinga, Hamilton Holanda, Yamandú Costa e Djavan.
Em 2009, João Bosco lança mais um disco de inéditas, o primeiro após cinco anos. É Não vou pra o céu, mas já não vivo no chão, reunindo 13 músicas, algumas delas feitas em parceria com Aldir Blanc. Para o gosto dos fãs os dois voltaram a trabalhar juntos.
No ano seguinte o artista faz shows pelo Brasil e diversos países da Europa, com um trabalho muito bem recebido pelo público e pela crítica. O CD “Senhoras do Amazonas é lançado na Alemanha”.
Como dá para perceber, João Bosco é um artista completo, múltiplo, capaz de compor sambas, bossa nova, pura MPB, fados, boleros... Foi esse o artista que se apresentou no Festival de Inverno de Garanhuns, na década passada, fazendo um dos melhores shows já vistos pelo público da Guadalajara. É esse o cantor que está se apresentando em Caruaru nesta sexta-feira, dia 5 de agosto de 2011.
João Bosco, com todos os méritos, faz parte da galeria de grandes nomes da MPB. (Fontes de consulta para o texto: Site Oficial do Artista/Blog do Turquinho).
BOSCO - Ao clicar o nome do artista, em maiúsculo, você acessa o vídeo do gostoso samba "Incompatibilidade de Gênios", um dos primeiros sucessos do cantor.
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