Hoje estamos iniciando mais uma série neste blog. Inicialmente só pretendia começar este trabalho quando tivesse terminado Grandes Nomes da MPB e Filmes Inesquecíveis. Como devo levar quase dois anos ainda para chegar a 100 resenhas em cada uma, resolvi tocar o projeto das três ao mesmo tempo, nos finais de semana. Vou optar, desta vez, por textos mais curtos. Claro que traçar um perfil de um escritor, abordar sua obra, poderia render páginas e páginas. Nossa proposta não será essa. Apenas queremos apresentar o autor, deixar uma impressão pessoal sobre o mesmo, cabendo ao leitor, se quiser, procurar saber mais a respeito do personagem, seja pesquisando ou lendo alguns dos seus livros. Para começar escolhemos Machado de Assis, ainda hoje, 103 anos após a sua morte, considerado o melhor dos escritores brasileiros.
Joaquim Maria Machado Assis nasceu no Rio de Janeiro, em junho de 1839. Morreu na mesma cidade, no mês de setembro de 1908. De origem humilde, mulato, foi um autodidata. Estudou apenas um pouco em escola pública e mesmo assim se tornou um dos grandes nomes da Literatura Universal. Perdeu os pais muito cedo, vendeu doces na infância, no bairro de São Cristóvão e muito jovem começou a trabalhar numa tipografia. O talento literário despertou cedo e aos 16 anos publicou na revista Marmota Fluminense o seu primeiro poema, intitulado “Ela”.
Machado publicou livros de poesia, de teatro, crônicas, escreveu mais de 200 contos e 9 romances. Alguns críticos o consideram melhor contista do que romancista, mas outros contestam, afinal de contas o fundador da Academia de Letras é autor de verdadeiras obras primas da Literatura Brasileira e Universal, como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Memorial de Aires e Quincas Borba.
Os livros citados no parágrafo anterior são da fase realista do autor, quando ele chegou praticamente à perfeição como escritor. Antes, na época do romantismo, Machado de Assis publicou Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia, este último considerado o romance de transição de uma fase para outra.
Outra obra prima de Machado é O Alienista, um conto primoroso em que o arguto estilista, mestre em desvendar a alma humana, faz uma análise psicológica perfeita da sociedade da época, tendo como personagem um médico, a princípio apresentado como um gênio e que depois se revela um louco completo.
O conhecimento, a ironia fina, a inteligência, são marcas desse excepcional escritor brasileiro.
Basta um parágrafo de um dos livros de Machado para o leitor perceber que está lidando com um escritor muito acima da média. O texto adiante é de “Dom Casmurro”, um dos livros mais conhecidos do autor:
“Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me”.
Roberto, que maravilhosa idéia.
ResponderExcluirSim, esse material didático deveria ser divulgado para as Secretarias de Educação, nos Municípios, como fonte de pesquisas.
Muito bom!
Boa leitura à TODOS.
Roberto Brito
Paranatama-PE
Li muito esses livros quando estudava na Universidade Católica de Pernambuco.
ResponderExcluirMachado de Assis foi um gênio da Literatura brasileira.
Sempre admirei seu talento e me inspirei nele para continuar lendo e estudando.