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CHICO BUARQUE, O CANTOR

Em 1973 a peça Calabar, o Elogio da Traição, de Chico Buarque, foi vetada pela censura. Também o foram as músicas do espetáculo e a capa do disco. Até o título original do disco daquele ano “Chico Canta Calabar”, foi proibido pelos zelosos homens do regime militar. O vinil, com muitas canções mutiladas, foi intitulado apenas como “Chico Canta”. Fizeram desaparecer o Calabar.

A marcação cerrada em cima de Francisco Buarque continuou durante o ano de 1974. Segundo texto publicado numa coleção do artista lançada recentemente pela Editora Abril, de “duas de cada três músicas que Chico submetia às autoridades eram censuradas, total ou parcialmente”.

Chico tinha consolidado seu nome no Brasil e no exterior como um excelente compositor, um bom intérprete das próprias músicas e um cantor de recursos limitados.

A censura, então, obrigou Chico Buarque a lançar um disco inteiro com músicas de outros compositores. E este álbum de 1974, nascido das circunstâncias políticas do país, terminou sendo ao mesmo tempo um trabalho singular e um dos melhores do artista em toda sua carreira. Serviu também para mostrar o carioca como cantor, capaz de superar preconceitos e dar um brilho especial a canções de Noel Rosa, Nélson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Toquinho e Vinícius de Moraes.

Todos esses “monstros sagrados” da MPB estão no disco intitulado “Sinal Fechado”, que traz ainda um samba de Caetano Veloso, uma doce composição de Dorival Caymmi em parceria com Carlos Guinle e Hugo Lima, a doce Lígia, de Jobim e o “maldito” Walter Franco, que comparece com uma música bem pop e incrivelmente interpretada por Chico Buarque.

Para completar este trabalho atípico, atualíssimo depois de passados perto de 40 anos, há no disco uma composição intitulada “Acorda, Amor”, assinada pela dupla Leonel Paiva e Julinho de Adelaide. Os dois tinham sido inventados para driblar a censura e Chico conseguiu êxito, os brasileiros puderam ouvir os versos “Era dura, numa muito escura viatura/minha nossa, santa criatura/chame, chame, chame lá/ chame, chame o ladrão, chame”. Muita ironia e uma paulada na ditadura. Esta era violenta e burra. Matava e torturava, mas podia ser enganada até com certa facilidade por “um simples compositor popular”.

Não chegaríamos ao absurdo de dizer que Chico no disco Sinal Fechado canta tão bem quanto Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Caetano Veloso ou Gilberto Gil. Mas ele está muito bem mesmo, em todas as faixas. Doce em “Você não sabe amar”, capaz de inquietar em “Sinal Fechado”, terno em “O Filho que eu quero ter”, cortante em “Me Deixe Mudo” e inteiramente solto na faixa “Copo Vazio”, na minha avaliação pessoal a mais bonita de todas entre tantas obras primas desse álbum.

Copo Vazio, de um inspirado Gilberto Gil, é perfeita na junção de letra, música e na surpreendente interpretação de Chico.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar

É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar

É sempre bom lembrar
Guardar de cor
Que o ar vazio de um rosto sombrio
Está cheio de dor

Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor
Que a dor ocupa a metade da verdade
A verdadeira natureza interior
Uma metade cheia, uma metade vazia
Uma metade tristeza, uma metade alegria
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar


Acima a letra riquíssima de Gil. Se não basta clique em COPO VAZIO e confira o vídeo.

Um comentário:

  1. A censura além de cerceadora era de uma imbecilidade jamais repetida na história cultural brasileira. A incoerência da censura já dava passagem para uma certa esquizofrenia social e política, sem ideologia ou razão. A Censura atirou pra todos os lados, muito mais por ignorância do que por um propósito firmado entre os militares.
    Francisco Buarque de Holanda é, por excelência, a personificação do artista no sentido estrito do termo. O Chico é isso e muito mais, porque com a sua arte nos faz duvidar das crenças do dia a dia, nos provoca, nos deixa inseguro e depois nos conforta com suas belíssimas e riquíssimas canções. Porque a verdade não é o seu único tema. O seu objeto é, simplesmente, a vida.

    Parabéns ao Francisco, porque o Chico é eterno!

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