CULTURA E EDUCAÇÃO

Nenhum país se desenvolve e pode ser chamado de civilizado se não tiver um povo educado e culto. Isso significa que a população - não apenas uma elite - deve saber ler, escrever, interpretar textos, conhecer pelo menos um pouco sua história e geografia. No mundo de hoje, é inconcebível que as pessoas ignorem a Ciência, estejam excluídas das novas tecnologias e não tenham oportunidade de apreciar a boa música, a literatura, o cinema, a pintura ou o teatro. Educação e Cultura necessariamente devem caminhar juntos. Dissociar um do outro é permitir a limitação do cidadão ou cidadã nas duas áreas. Você é capaz de imaginar um professor que educa sendo pobre de conteúdo cultural? Um homem ou uma mulher na sala de aula sem noção de quem foi Machado de Assis, Villa Lobos, Portinari ou Procópio Ferreira?

Muito do fracasso da Educação no Brasil está relacionado com o problema cultural. E isto vem de longe, da colonização portuguesa. Quando nossos "descobridores" vieram para cá trouxeram o pior que tinham por lá. Nossas terras foram sendo habitadas por bandidos, ignorantes, arrogantes e apenas à elite da corte era permitido o conhecimento. A Universidade e a Imprensa só chegaram à colônia muito depois, com um atraso enorme em relação à Europa e outros países da América do Sul.

Tudo isso que vemos aí: advogados, médicos e engenheiros que escrevem muito mal, professores que se atém só aos conteúdos curriculares, jovens embriagados com músicas de péssimo gosto e valores completamente deturpados, são resultado de um longo processo. Milhões de pernambucanos poderiam ler o Jornal do Commercio pelo menos aos domingos. Traz uma gama enorme de informações úteis e custa apenas dois reais. No entanto apenas centenas assinam ou compram o exemplar. Como o preço do JC é quase que simbólico está na cara que a razão não é a falta de dinheiro. É o hábito que não foi cultivado, a leitura não valorizada, a preferência de gastar a grana curta em cigarro, cachaça ou cerveja em detrimento de um bem cultural.

Brasileiros quando vão à Argentina - nosso irmão da América do Sul -, ou a Portugal, o primo pobre da Europa, ficam admirados. Existem mais livrarias, os museus não vivem às moscas como aqui, cinema não é só diversão, os teatros atraem maiores públicos para concertos ou espetáculos dramáticos... E se tem conhecimento, também, que os turistas brasilianos costumam dar vexame lá fora. São espalhafatosos, querem se mostrar "espertos" e terminam por chocar um povo normalmente mais bem educado e honesto.

Não estou contra o meu país e não me passa pela cabeça ir morar em outro lugar. A minha luta ou o meu sonho, é ver o brasileiro melhorando de vida em todos os aspectos. Que ele cresça socialmente, economicamente e também culturalmente.

"A gente não quer só comida", diz o refrão de uma música de bons roqueiros nacionais. Essa frase é muito significativa. O autor foi muito feliz e em poucas palavras disse muito: homens e mulheres precisam alimentar o corpo, ter comida na mesa, roupas decentes para se ir à escola ou ao trabalho, é necessário o lazer, a diversão, o direito à saúde e também aos bens culturais aí incluindo a história, a literatura, o artesanato, os jornais, as revistas, a música, a escultura, a pintura, o teatro, o conhecimento, enfim, que nos torna racionais, inteligentes e seres únicos neste planeta.

Sem educação e cultura, ou com apenas um pouco de cada um deles, somos incompletos, não nos diferenciamos tanto dos bichos. Por isso que existe gente considerando natural roubar, matar, avançar o sinal, dirigir embriagado, brigar por conta de um jogo de futebol ou um credo religioso... Falta-lhes saber, conhecimento, educação e cultura.

Parece que já escrevi uma vez, mas é necessário insistir: É preciso erradicar a miséria em todos os sentidos. É preciso dar a comida e também a informação, o saber. Quando um dia isto acontecer, não se precisará mais se fazer a pergunta de Renato Russo que foi parar na novela: "Que País é esse?". (Na foto Renato Russo e o Legião Urbana).