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Pesquisas Eleitorais

FILMES INESQUECÍVEIS IX


E.T. - O EXTRATERRESTRE

Steven Spielberg não é um diretor de cinema como o polonês Roman Polanski, o sueco Ingmar Bergman, os italianos Vittorio De Sica e Federico Fellini ou o francês François Truffaut. Os ingleses Chaplin e Hichcock também não se assemelham em nada ao americano.

Os cineastas europeus citados eram ou são gênios da chamada sétima arte e realmente ao longo de suas carreiras dirigiram filmes de grande valor artístico, sem que a preocupação comercial me parecesse estar em primeiro plano.

Spielberg, diretor de E.T. – O Extraterrestre, também é considerado genial. Desde o primeiro trabalho de impacto, feito para TV, mas que chegou também aos cinemas, com o título de Encurralado (1971), demonstrou grande talento diante das câmeras e habilidade para contar uma história.

O cineasta americano é mais um mago, um sujeito com capacidade extraordinária para fazer cinema de qualidade atraindo grandes públicos e sabendo “fabricar” dinheiro com sua arte. São inúmeros os sucessos de Steven na tela grande, são títulos conhecidos por quase todos: Indiana Jones (com direito a duas ou três seqüências), Tubarão, O Parque dos Dinossauros, Inteligência Artificial, A Cor Púrpura, O Terminal, Império do Sol, Contatos Imediatos, Munique, Prenda-me se for Capaz, O Resgate do Soldado Ryan e A Lista de Schindler. Não é pouca coisa e olha que aí ainda faltaram alguns títulos.

Como se não bastasse tudo isso, o americano não dirigiu, mas produziu filmes de grande apelo popular, como a série De Volta para o Futuro, Homens de Preto, Shrek, A Máscara e A Lenda do Zorro.

Mesmo com tanto êxito em sua profissão, apesar de tantos títulos aplaudidos no mundo inteiro, Spielberg só foi ganhar o seu primeiro Oscar de diretor em 1993, com A Lista de Schindler, que também ficou com a estatueta de Melhor Filme do ano. Em 1998, conseguiu outro Oscar de Melhor Diretor, desta feita com O Resgate do Soldado Ryan.

Pessoalmente, embora considere A Lista de Schindler um bom filme, não é este o trabalho do americano que mais me encanta. Até porque existem muitas produções com a temática do nazismo que superam o elogiado longa de Steven. Praticamente a mesma coisa poderia ser dito a respeito de O Resgate do Soldado Ryan.

E.T. – O Extraterrestre, de 1982, uma fábula para crianças claramente inspirada nos contos infantis, é na minha modesta opinião o Filme Inesquecível do currículo de Steven Spielberg. É uma ficção que ao ser encarada pela primeira vez nos surpreende, encanta, diverte, pode provocar lágrimas e reflexões sobre a insanidade dos homens, a bondade das crianças e a possibilidade de as coisas serem diferentes.

No filme ET os adultos não têm muita importância. Quase não aparecem. Meninos e meninas dominam as cenas e claramente são apresentados como puros e de melhor índole que os adultos. Eles não têm maldade e acreditam no inusitado, no estranho, no desconhecido.

O garotinho Elliot (interpretado por Henry Tomas) descobre um ser de outro planeta que ficou na terra, quando a nave que o conduzia partiu deixando-o entre os humanos. A princípio, um susto, depois o “trabalho de reconhecimento”, e enfim a amizade e o amor entre dois seres muito diferentes fisicamente e pertencentes também a mundos diversos. Os irmãos e amigos do garoto também vão conhecer o ET, ter os mesmo sustos, mas todos terminam sendo conquistados pela inteligência e bondades cativantes do feioso que veio de fora da Terra. A mãe de Elliot passa pela mesma situação, toma igualmente o seu susto, e como os meninos assume a causa do estranho ser. A partir desse roteiro, emoção, aventura, cientistas querendo isolar e estudar o homem que veio do espaço e a luta da meninada para salva-lo.

Feitas as contas assisti este filme pela primeira vez há 28 anos, no finado Cine Veneza do Recife. A casa estava cheia tanto na parte de baixo quanto no balcão. Um público de jovens, como eu quase três décadas atrás. E, como de outras vezes, parecia haver uma comunhão entre todos. Os olhos pregados, torcendo, vibrando, dando asas à imaginação, vem a cena da perseguição: O ET sendo levado pelos garotos de bicicleta e os adultos – inclusive a polícia – tentando pegá-los de modo a evitar que o extraterrestre pudesse fugir, voltar ao seu mundo. Os garotos encontram uma barreira, não há como passar, fica-se a pensar que não tem como escapar. Aí entra a magia de Spielberg e do cinema: O etezinho tem poderes desconhecidos, só com a mente é capaz de fazer a bicicleta voar e os garotos todos ficam lá em cima, no espaço, se a memória não me trai ainda aparece uma bela lua ao fundo e o público quase vai à loucura com o prazer estético proporcionado por aquele momento. É uma das melhores cenas da história da sétima arte, se olharmos para ela com olhos juvenis, apreciando o sabor da novidade e da surpresa, amando a ilusão criada pela mente de um artista como se fosse a mais pura realidade. É lógico que ET não se resume a esse momento, toda a fábula é contada com jeito, a direção é segura, tecnicamente tudo funciona, até a trilha sonora foi bem cuidada, sem esquecer que o Michael Jackson, amigo do cineasta, participa como narrador da versão original.

Pode ser um filme de apelo comercial e dramático, surrealista, infantil, ingênuo... Pode ser. Creio, contudo, que O Extraterrestre é simplesmente um filme belo, mágico, tocante, capaz de fazer brilhar os olhos que qualquer pessoa e provocar o encantamento daquela primeira exibição na antiga casa de espetáculos da capital pernambucana. Tenho certeza de que muitos por esse mundo afora haverão de concordar comigo: E.T. é um filme inesquecível.

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