Por Junior Almeida
No tempo do cangaço, nos momentos das batalhas, bandoleiros e policiais volantes guerreavam trocando insultos. Xingamentos de todos os tipos eram ditos de lado a lado. Isso servia para provocar, desconcentrar e enervar o inimigo durante os tiroteios.
Fora do campo de luta, também as provocações não paravam. Era comum que um dos lados da guerra mandasse poetas populares fazerem versos exaltando suas vitórias e, em consequência, as derrotas e os supostos defeitos dos inimigos.
Outra maneira adotada para tentar abalar o psicológico do adversário, artifício usado principalmente pelos cangaceiros, era o de colocar o nome de seus cães “homenageando” o inimigo.
Oficiais de polícia como Zé Rufino e Menéis (Menezes), da Bahia, ou o próprio João Bezerra, pernambucano da PM alagoana, que em 1938 comandou a tropa que matou o rei do cangaço, tiveram seus nomes colocados em cachorros do bando de Lampião, isso, evidentemente, para tentar desmoralizar os inimigos que o perseguiam.
Agora, depois de mais de oito décadas do fim do cangaço, estamos vendo em Pernambuco essa prática de colocar o nome dos inimigos em animais. A governadora Raquel Lyra adotou um cão de rua e deu-lhe o nome de Frederico Magno.
Muitos entendem que foi uma maneira de “homenagear” o jornalista Magno Martins, um crítico feroz da governante pernambucana.
A meu ver, com com tal atitude, a governadora deixa claro: Magno Martins não é apenas um crítico do seu governo, é um adversário. Assim, o sertanejo de Afogados da ingazeira é tratado como inimigo.
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