CONTEXTO

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Pesquisas Eleitorais

PARTIDO TORTO E CASUÍSTICO



Por Michel Zaidan Filho*

A cultura política  e partidária brasileira padece de um grave defeito. Independentemente de suas solenes proclamações socialistas  ou republicanas, lhe falta  princípios sólidos que possam lastrear uma sadia política de alianças, num país  onde inexiste  um típico "governo de coalizão", mas sim de "cooptação" pelos executivos municipais, estaduais  e federal. 

Poderia objetar alguém que não se faz política com os princípios, sim com alianças entre partidos do mesmo campo, mais ainda num pais federativo e multipartidário, com uma legislação restritiva a coligações entre as legendas. É certo.

Mas isto não justifica praticas adesivas, casuísticas ou meramente fisiológicas. Vejamos as razões aduzidas pelo comitê municipal do PT para se opor ao apoio do diretório nacional do partido à  pré-candidatura  da deputada Marilia Arraes.

Primeiro  vem a historia do Sobrenome. Não se pode, diz o diretório, apoiar a candidatura  de um membro do partido  só pelo ilustre e famoso sobrenome. Isto não seria  garantia da capacidade  administrativa ou politica do pretenso candidato. Muito bem. Mas por acaso sobrenome Campos  de um imberbe candidato seria mais aceitável do que o de Marília Arraes? - O que  tem um que  outro não tem, a não  ser a linhagem matrilinear de Renata Campos, por acaso  a viuvá do finado Eduardo Campos?

Segundo,  alegam os adversários de Marília Arraes que o diretório nacional do PT quebrou o pacto de apoiar em Pernambuco a aliança  do  PT com o partido da oligarquia local (PSB)

Mas quantas  vezes o mesmo grupo subpartidário nao invocou a interferência do diretório nacional para atropelar a democracia interna de uma seção estadual do partido, com graves consequências internas e externas?

Terceiro, a indicação  de uma candidatura própria quebraria  a aliança política com a situação dominante  coligando em risco a hegemonia  interna de um pequeno grupo que monopoliza  mandatos  e cargos  dentro dessa aliança. Ai a coisa é  mais seria, pois implica numa politica pequena de submeter objetivos táticos e estratégicos  do partido a meros interesses individuais  ou de facção.  Significa enterrar a possibilidade  de mudar a política  estadual, derrotando  um governo familiar e oligárquico  em prol de uma gestão  participativa, democrática e republicana.

Fica a pergunta: o partido (dito) dos trabalhadores tem dono, chefe ou proprietário?

A quem pertence a legenda e suas decisões importantes: a um punhado de gatos pingados  que se arrogam a decidir o que é  melhor para o partido  ou  o conjunto da militância petista que quer o melhor para o Recife?

*Michel Zaidan Filho é cientista político e professor aposentado da UFPE.

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