Desembargador, integrante do
Poder Judiciário de Santa Catarina, Lédio Rosa
de Andrade, tem sido uma voz lúcida e corajosa em favor do estado
democrático de direito.
Ele tem sido
uma voz firme a denunciar os ataques às universidades, as arbitrariedades que levaram ao suicídio do reitor
Luiz Carlos Cancellier, da UFSC, tem criticado abusos dos integrantes da
Operação Lava jato e denunciado o avanço do fascismo no Brasil, inclusive nos
meios jurídicos.
Em entrevista
ao site Sul 21, Lédio Rosa pôde explicitar com mais tempo suas ideias e avaliar
tudo que está acontecendo no país. Chegou à conclusão que estamos vivendo uma
ditadura, embora que maquiada e diferente, nos seus propósitos, do regime de
exceção instalado em 1964.
Vale a pena ler
a entrevista por inteiro e fazer uma reflexão.
Sul21:
Após a morte trágica do reitor Luiz Carlos Cancellier foram tomadas algumas
iniciativas para apurar as circunstâncias em que ela ocorreu e a responsabilidade
de autoridades envolvidas no caso. Qual o estágio atual dessas apurações?
Lédio
Rosa de Andrade: A situação, na minha ótica, é horrível. Neste exato
momento em que estou falando contigo [dia 7 de dezembro, quinta-feira], a
Polícia Federal invadiu novamente a nossa universidade. Estamos vivendo,
efetivamente, a volta de uma ditadura, diferente da de 64, mas uma ditadura.
Não tem outra palavra para definir o que está acontecendo. Estão utilizando uma
interpretação totalmente afrontosa à legislação penal para, coercitivamente,
levar pessoas que nunca foram intimadas a depor em lugar nenhum. A lei é clara.
Você só pode levar alguém em uma condução coercitiva se essa pessoa se nega a
depor. A partir da Lava Jato a interpretação é de que o juiz pode mandar levar
alguém em condução coercitiva ou prender e pronto.
Estão fazendo isso como prática
corriqueira. Eu não posso negar que seja possível a existência de crimes dentro
da universidade. Onde há seres humanos, evidentemente, podem ocorrer crimes.
Agora, a forma como estão agindo, deliberadamente ostensiva e violenta, não tem
justificativa na história de qualquer estado democrático de direito em qualquer
parte deste planeta.
Sul21: Esta
nova ação da Polícia Federal na UFSC se refere ao mesmo caso da anterior?
Lédio
Rosa de Andrade: Hoje (7), a gente não sabe exatamente. Pelo
que li na imprensa, a polícia declarou que não tem relação com o outro
processo.
Sul21: Chama
a atenção que ela ocorreu um dia depois de outra ação da Polícia Federal na
Universidade Federal de Minas Gerais…
Lédio
Rosa de Andrade: Não há dúvida de que existe um planejamento
para atacar as universidades. A gente não sabe ainda até que ponto esse
planejamento é consubstanciado em provas de uma série de crimes dentro da
universidade ou é um planejamento para destruir a universidade. No Brasil, lamentavelmente,
essas coisas ocorrem. Nós não sabemos o que está acontecendo. Aliás, a gente
não sabe nem o que é a Lava Jato mesmo. Temos apenas hipóteses. O que se sabe é
que há processos muito bem estruturados pela Polícia Federal para atacar a
universidade. Vamos esperar para ver se esse ataque é justificável ou não.
Sul21:
O senhor tem uma hipótese que considera mais plausível acerca da natureza da
Lava Jato?
Lédio
Rosa de Andrade: Não tenho. Não consegui até hoje compreender
isso com clareza. Não gosto de fazer hipóteses sem um mínimo de fundamento. Não
consegui ainda ver um fundamento concreto que explique o que está acontecendo.
O que vejo é que as coisas estão acontecendo de forma errada. Considerando o
que está sendo feito na Lava Jato, em muitos países civilizados do mundo, os
condutores estariam presos por ofensa à ordem democrática. No Brasil, estão
sendo feitas verdadeiras barbaridades sob o ponto de vista jurídico e das conquistas
civilizatórias em termos de Estado democrático de Direito, com a complacência
dos tribunais superiores. O Supremo e o STJ estão avalizando práticas de
primeiro grau que, evidentemente, são práticas ilegais. Isso eu não consigo
entender.
Sul21:
O reitor da Universidade Federal do Paraná escreveu um artigo na semana passada
lembrando que, em um ano, quatro das maiores universidades federais do país
foram alvo de operações da Polícia Federal com agentes fortemente armados e
grande repercussão midiática. Isso não parece ser uma coincidência…
Lédio
Rosa de Andrade: Tudo indica que não é. Chama a atenção a
forma como essas operações vêm sendo feitas, com policiais mascarados. Essas
são situações incompatíveis com uma universidade. Por mais que a polícia tenha
que usar máscaras para algumas coisas com o objetivo de salvaguardar o
policial, nós estamos falando da universidade. Não é preciso invadir a
universidade com policiais mascarados. Não precisa nada disso. Efetivamente,
são coisas planejadas com o intuito muito claro de agredir a universidade, que
é o que está acontecendo.
Sul21:
Na sua fala em homenagem ao reitor Cancellier, o senhor disse que nós
estaríamos vivendo a pior das ditaduras. Em que sentido essa seria a pior das
ditaduras?
Lédio
Rosa de Andrade: Todas as ditaduras são ruins. Não tem ditadura boa e
ditadura ruim. Usei o termo “pior” no sentido das dificuldades para combatê-la.
Quando uma ditadura é ostensiva, como as ditaduras militares que tivemos na
América Latina ou ditaduras comunistas, onde o Estado é o agressor direto e
visível, você sabe que ali tem um inimigo e a tendência é você se organizar
para combater a violência ilegítima do Estado. Agora, quando a ditadura vem
travestida de justiça, como se estivesse fazendo o bem e não o mal, para a
maioria leva mais tempo para cair a ficha. Ela perdura um tempo como algo bom e
legitimado. Uma ditadura que consegue, através de um discurso falso, de um
discurso ideológico alienante e enganador, ter a complacência e até o aplauso
da população é uma ditadura que não será combatida até que as pessoas se dêem
conta de que foram enganadas. Por isso que eu digo que ela é pior. Está
travestida de bondade, quando, na verdade, é pura maldade.
Sul21:
Como integrante do Judiciário e professor de Criminologia na UFSC, qual a sua
avaliação sobre o papel que o poder Judiciário vem desempenhando em todo esse
processo? A maioria desse poder apoia as práticas que estamos vendo ou há uma
disputa mais ou menos equilibrada dentro dele?
Lédio
Rosa de Andrade: O que tenho dito, onde tenho tido espaço
para me manifestar, é que o Judiciário, apesar de ser extremamente conservador
e reacionário em alguns casos, ainda não tem uma maioria que compactua com os
desrespeitos ao Estado Democrático de Direito. O que é assustador é que maioria
do Judiciário está absolutamente silenciosa. O que está fazendo com que as
pessoas se mantenham caladas assistindo a todas essas barbaridades que estamos
vendo. Isso é difícil de entender. Eu não diria que a maioria dos integrantes
do Judiciário tem uma postura ideológica fascista, como são fascistas essas
práticas sobre as quais estamos conversando. Apesar de conservador, o poder
Judiciário não tem uma maioria de membros fascistas. Ele tem uma maioria de
membros conservadores, isso sim.
Sul21: Como
o senhor definiria o papel que o Supremo Tribunal Federal vem desempenhando
nesta conjuntura?
Lédio
Rosa de Andrade: Na minha opinião, o Supremo está deixando escapar,
inclusive simbolicamente, o resguardo irrestrito do sistema constitucional. No
momento em que avaliza práticas que afrontam o Estado Democrático de Direito,
como permitir a prisão das pessoas sem trânsito em julgado, em nome da
agilidade da Justiça. Isso afronta a Constituição claramente. Não só isso. No
momento em que o Supremo fica inerte diante do desrespeito de suas próprias decisões
como, por exemplo, a súmula 11, que proíbe o uso de algemas salvo em situações
onde a pessoa realmente represente perigo. Hoje, a polícia vai na universidade,
usa a condução coercitiva de forma ilegal e o Supremo fica inerte, assistindo
tudo isso pela televisão . Com isso, ele perde a sua capacidade de ser o guia
brasileiro do respeito ao Estado Democrático de Direito.
Sul21:
Na sua fala em homenagem ao reitor, o senhor também fez um alerta e uma
convocação sobre a necessidade de lutar para enfrentar o retorno do fascismo no
Brasil. Saindo da esfera exclusiva do Judiciário, na sua visão, como essas
práticas fascistas estão se manifestando na sociedade?
Lédio
Rosa de Andrade: O tema sobre o qual estamos falando é de grande
complexidade. Para entendê-lo, é preciso ir passo a passo. Todo o Estado que
passa por um processo de crise e que possui uma estrutura sociopolítica
injusta, cria na população determinados devaneios que são até justificáveis em
certa medida. A população que está submetida a uma estrutura injusta de vida,
que passa fome e necessidades materiais básicas, ela acredita em qualquer coisa
para enfrentar essa situação de penúria. Os valores do Estado Democrático de
Direito não fazem parte da vida cotidiana de milhões de pessoas que vivem nas periferias.
Essas pessoas não usufruem materialmente dos benefícios do Estado Democrático
de Direito que garante os direitos individuais das pessoas incluídas. Já as
pessoas excluídas não possuem, na democracia, um valor de vida e trocam com
muita facilidade qualquer valor democrático por segurança e trabalho.
Se vem um aventureiro, que tem
por trás dele toda uma estrutura fascista de modo vida mas promete segurança e
trabalho, as pessoas aceitam isso. Elas não estão preocupadas em preservar os
valores da democracia porque estão passando necessidades básicas mesmo. Eu não
posso falar mal das pessoas que vivem nestas condições. Nós não passamos fome,
vendo os filhos chorar por que não tem o que comer. O Brasil atravessa uma
forte crise de injustiça social, que perdura por anos, e a população está
aceitando, no âmbito político, propostas que sacrificam a democracia,
prometendo algo que não vão cumprir.
Sul21: O
senhor viveu o golpe e a ditadura que se instalou em 64. Há alguma comparação
que se possa fazer entre o que aconteceu naquela época e o que estamos vendo
hoje?
Lédio
Rosa de Andrade: Uma das principais diferenças é a conjuntura
internacional. A ditadura de 64 foi estabelecida no contexto da guerra fria com
evidente patrocínio norte-americano. Foi um projeto mundial do sistema
capitalista que foi implantando ditaduras nos países periféricos. Isso não
existe mais com essas características. Mas o espírito fascista nunca acabou.
Seguem existindo pessoas com pensamento autoritário que não convivem no seu
cotidiano com os pressupostos do Estado Democrático de Direito. Isso segue vivo
e está ameaçando voltar.
Sempre me preocupei mais com o
cotidiano das pessoas do que com as teorias. Estas, muitas vezes não dão certo
porque não levam em conta que, lá na ponta, estão seres humanos que vão agir ou
não conforme a teoria. Milhares de pessoas têm uma estrutura de pensamento que
é fascista mesmo. O ser humano, psiquicamente, se dá muito bem com a violência,
gosta dela e a pratica com prazer. Estamos sempre convivendo com isso.
*Foto: Agência ALESC.
De vez em quando é preciso a gente dá um PUXAVANCO DE URÊIA num sujeitinho desse que ganha 33 mil reais e goza dois meses de férias por ano e ainda é contra a reforma da previdência, para não perder a boquinha de se aposentar pelo teto de 33 paus, enquanto isso, seu ZÉ DAS COUVES o máximo que pode chegar a 5.400,00... POIS BEM!!! Hoje, nós vivemos em pleno estado democrático de direito em razão do PT ter sido chutado na bunda e nunca mais querer voltar ao poder para tentar implantar uma ditadura bolivariana.
ResponderExcluirA propósito, no Brasil, só houve ditadura ou regime militar porque existia isso!!! Isso mesmo: O LIXO DA ESQUERDA!!! Dilma, Zé Dirceu, Zé Genoino Fernando Pimentel o marido da Vaca Peidona da Dilma... Por causa desses bandidos terroristas o Brasil teve regime militar. Agradecemos a essa corja de vagabundos e bandidos terroristas por o Brasil passar 21 anos nas trevas...
P.S1. : - Esse procurador deve ser mais um daqueles que fazem pare da putada, pois os petistas funcionam como aquelas seitas que acreditam na divindade do mestre e dizem que o mundo está tomado pelo demônio, que na mitologia petista chama-se GÓPI. É um juiz, é outro, é o tribunal de recursos, é a imprensa, são os antigos amigos empreiteiros, são os antigos amigos como Marta, Palocci e tantos outros... Pouco a pouco, todos estão sendo dominados pelo terrível GÓPI...
P.S2. : - Como dizia o mestre Ataulfo Alves, a maldade nessa gente é uma arte…
Todo esse estado de violência dentro das universidades tem por objetivo destruir a vida acadêmica. Assim, eles pretendem que as pessoas deixem de pensar. Para essas "autoridades", pensar representa "imenso e iminente perigo"!! – Os condutores da Lava-Jato e cia. podem estudar nos EUA e na Europa. Os demais, na visão deles, não têm que ir às escolas! Muito menos, ir a universidades! Pra que saber ler?! Perguntam os ditadores de plantão! – Policiais Invadindo universidades usando máscaras?! Pra quê?! Peguem as máscaras e subam os morros do Rio de Janeiro, pra prenderam traficantes!! Ah, mas isso é função da polícia estadual?! – Então, tirem as máscaras!! E intimem quem precisa depor!! Se houver recusa por parte do intimado, aí seria a hora de conduzir coercitivamente!! É ISSO!!
ResponderExcluirSERÁ QUE ESSE PROCURADOR, TAMBÉM TEM NO LULA, O SEU BANDIDO DE ESTIMAÇÃO?!?!?!
ResponderExcluirP.S. : - Feito esse procurador, a função da petezada safada é manter a manada unida, cuspindo bilis e, acreditando na pureza de alma do ‘’amigo’’ da Rosemary, do Marcelo Odebrecht, do Bumlai, do Palocci, do Leo Pinheiro, do Sérgio Cabral...
Ô analfabeto: o cidadão que opina sobre esse estado de coisas, NÃO é "procurador"! NÃO! – É DESEMBARGADOR, SIM! – Leia, ao menos as primeiras palavras. - Basta ler a primeira palavra da manchete. – SÓ!
ExcluirDitadura dos Ladrões! É ladrão na polititica, nas empresas, na midia, nas igrejas, na TV, e o do judiciário querem soltar todos os seus amigos!
ResponderExcluirComo diz a Marreta do Azarão: condenemos a causa, não o efeito; revoltemo-nos contra a doença, não contra o remédio amargo...
ResponderExcluirP.S. : - Se as forças armadas atendessem ao pedido esdrúxulo do imbecil do General Mourão o PT et caterva estavam lascados(o PT e os ‘’incarnados’’ iam se resumir a pó...). Caso voltasse a repressão dos milicos, a baioneta ia comer no centro e não iria sobrar um comunista safado e ladrão pra contar a história. A raça petralha seria dizimada como foram os soldados do ditador Batista pelo revolucionário Che Guevara.
Como diria Shakespeare, há algo de podre nos comentários do carne de cu de jegue(grifo meu), JOSÉ FERNANDES COSTA...
ResponderExcluirP.S. : - QUEM SABE EU NÃO TENHA TROCADO AS BOLA EM RAZÃO DE EU NÃO SER VETERINÁRIO E TAMPOUCO TRATADOR DE EQUINOS... TEM TROGLODITA QUE QUANDO ESCREVE PARECE QUE RELINCHA AO INVÉS DE MUGIR...