Publicamos no blog, nesta segunda-feira,
um artigo sobre a “torcida contra o Brasil, na Copa do Mundo 2014” . O texto chamou a atenção
do jornalista garanhuense Fernando Rodolfo, que nos enviou matéria do também jornalista
Ricardo Melo da Folha de São Paulo, tocando na mesma tecla e mostrando o “show
de desinformação” promovido pela mídia brasileira.
O jornalista de São Paulo questiona o
comportamento dos coleguinhas e reflete: “Se fizeram isso na Copa imagina nas Eleições!”.
PROFETAS DO CAOS
Poucas vezes viu-se tamanha desinformação
como antes desta Copa. A previsão era dantesca. Caos nos aeroportos, estádios
incompletos, gramados incapazes de abrigar jogos de várzea, tumulto, convulsões
sociais, epidemias. Os profetas do caos capricharam: alguns apostaram que as
arenas só ficariam prontas após 2030. Só faltou pedirem à população que
estocasse alimentos em face da catástrofe.
Diante de um cenário diametralmente
oposto, os mensageiros do apocalipse ensaiam explicações. A principal é
a de que a alegria do povo brasileiro suplantou a penca de problemas que estava
aí, a olhos vistos, e ninguém queria enxergar. Desculpa esfarrapada.
Se é inquestionável que os
brasileiros têm uma tradição amistosa, ela por si só não ergue estádios
decentes, melhora aeroportos, acomoda milhares de turistas e garante acesso aos
locais das partidas. Problemas? Claro que houve, mas
infinitamente menores do que os martelados pela imprensa em geral. Muita gente
mentiu, ou, no mínimo, não falou toda a verdade --o que em geral dá no mesmo.
Durante um tempo quase infinito, os
brasileiros foram vítimas de uma carga brutal de notícias irreais. Se tudo
estava tão atrasado e fora dos planos, como a Copa acontece sem contratempos
maiores do que os de outros eventos do gênero? Talvez o maior legado deste
choque entre fantasia e realidade seja o de que, acima de tudo, cumpre sempre
duvidar de certas afirmações repetidas como algo consumado.
A profusão de instrumentos de
informação atual, ainda bem, oferece inúmeras alternativas para que opiniões
travestidas de certezas sejam postas à prova. Mais do que nunca, desconfiar do
que se ouve, assiste e lê é o melhor caminho para tentar, ao menos,
aproximar-se do que é real.
No final das contas, é bom que essa
distância entre versão e fato tenha ficado escancarada num ano eleitoral.
Se com a Copa foi assim, imagine doravante, quando está em jogo o cargo mais
importante da República. A enxurrada de algarismos para mostrar um país à beira
do abismo ocupa boa parte do noticiário "mainstream". Na outra ponta,
estatísticas de toda sorte surgem para falar o inverso. Quem tem razão?
Nessa hora, o decisivo é avaliar como
está a vida do próprio cidadão e como ela pode ficar se vingar a
proposta de cada candidato. O mais difícil, como sempre, é
descobrir se estes têm coragem de dizer o que realmente pretendem realizar.
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