Nome respeitado nos meios intelectuais recifenses, o professor universitário e cientista político Michel Zaidan Filho vem se tornando num duro crítico do ex-governador Eduardo Campos. No último artigo publicado no Blog de Jamildo, o escritor ironiza com a nova política do socialista. Confira.
Quando um governador de estado
abandona o seu posto para se candidatar à vaga de Presidente da República, em
oposição ao governo federal, ele atrai sobre si a atenção de muitas pessoas. A
imprensa do sul do país (O Globo, a Folha de São Paulo, a revista Piauí), ao
contrário da imprensa local, busca avidamente informações sobre o perfil
administrativo do ex-governador de Pernambuco, sobre a sua trajetória política,
sua herança familiar etc. É nosso dever saciar essa sede. Ministrar à opinião
pública do país informações úteis e valiosas sobre o candidato, evitar que se
compre gato por lebre.
Quando o ambiente econômico do Brasil
parece se deteriorar, a par dos efeitos deletérios da crise economico mundial,
e quando os efeitos do chamado “neo-desenvolvimentismo” da presidente Dilma
parecem se esgotar, o momento é propício para as candidaturas de oposição. Cada
qual que se apresente como a fórmula mágica que vai redimir, mais uma vez, os
brasileiros da inflação, do endividamento, do baixo crescimento e da pesada
carga tributária que nos oprime.
Há também o efeito de demonstração dos
partidos oposicionistas no Congresso esperando tirar uma carona na instalação das
CPIs. Isto não é novidade. Combina com o ambiente turvo e carregado da
pré-campanha eleitoral.
Mas uma vez seremos tragados por uma
tempestade de acusações, denúncias, processos. A nossa esfera pública vai se
transformar em antesala de delegacia de polícia. Em vez de argumentos,
acusações. Os judas escariotes da hora apontarão o dedo sujo para os aliados de
véspera, apostando na aminésia histórica do povo brasileiro. Por um passe de
mágica, os mesmos que comungavam da mesma cartilha do “neo-desenvolvimentismo”,
apoiado no fundo público, na renúncia fiscal e no endividamento das famílias
vão se arvoram agora em salvadores da pátria, prometendo fazer mais e melhor.
Se Pernambuco for o laboratório dessa
“boa nova”, apadrinhada pela irmã Marina Silva, o Brasil deve ficar parecido
como o Estado Novo, do ditador Getúlio Vargas. Afinal, foi Agamenon Magalhães o
encarregado por Getúlio para inaugurar a “emoção do Estavo Novo” em Pernambuco.
Pelo andar da carruagem imperial na província, pode-se imaginar como será o
governo do reino.
Mas em que consiste exatamente a
novidade? A Nova Política? E o novo candidato?
-Na continuidade da agenda gerencial
de FHC. Publicização dos bens de utilidade pública (saúde, educação, museus,
laboratórios etc.), transferidos sem mais para as OSSIPs e outras entidades do
terceiro setor; privatização da segurança pública, venda do estado a empresas e
investidores à custa das medidas de proteção sócio-ambiental. Modelo gerencial
(leia-se: privatista) de administração pública misturado com familismo amoral.
Exemplo de gestor que trocou o interesse público pelo mercado, sob a alegação
de criação de empregos e geração de renda. É até possível que o ex-governador
aponte estatísticas favoráveis para convalidar o sucesso de sua gestão.
Mas é inegável que o modelo empregado
é aquilo que Celso Furtado chamou de “socialização da perdas” e “privatização
dos lucros”. A política economica dos “polos de desenvolvimentos”
(“state-region”, em inglês) é uma tipica medida dos gerentes da globalização:
fragmentasse o espaço geo-político do estado, instalando-se ninchos de
competitividade, altamente incentivados, sem nenhuma conexão orgãnica com as
regiões adjacentes, produzindo modelos duais de emprego, renda, moradia, lazer
e tansferindo para as cidades vizinhas o ônus da subcidadania. Nunca um gestor
gastou tanto dinheiro em propaganda. A licitação de mais de 100 milhões entre
agências e veículos de comunicação deve ter produzido a alquimia, perante os
olhos da população, de um governo operoso, eficiente, justo e “moderno”.
Poderíamos ainda indagar: em que se
fundamenta a boa nova desse candidato? – Na reprodução da oligarquia de
Pernambuco, utilizando os cacoetes da administração gerencial do estado. Cara
nova, conteúdo velho. Quem não te conhece, que te compre!
PAULO CAMELO, COMENTA:
ResponderExcluirCom os Garanhuenses, parece-me que o governador está com pouco IBOPE, No Recife, o conterrâneo e professor Michel Zaidan, faz sua parte. Aqui em Garanhuns, Paulo Camelo faz a sua parte.
Vamos ver se o ex-presidente Lula, fará a sua parte.
Esse Michel Zaindan é um agente comunista. Trabalhei com essa figurinha na UFPE e ele só faz usar as dependências da universidade para doutrinar, vagabundos ditos "Líderes comunitários" para influenciar os pobres a fazerem protestos e badernas a favor do PT, PCdoB, PSOL, PSTU.
ResponderExcluirConcordo com o Michel, muito bem pessado, o que está claro do nosso governador, é o egoismo, não dar espaço a ninguém centralizou o poder e pronto. Perguntem qual o Prefeito ou Deputado, tinha audiência antes de 2013? Depois do auto indice de popularidade eliminou todo mundo.
ResponderExcluirCaro, Michel Zaidan Filho, lí e leio sempre com muita atenção seus comentários. Tenho em mente passagens de descrições anteriores, de uma lucidez ímpar, outras confesso que me atrapalhei nas leituras e no conteúdo.(dúvidas minhas) Nessa colocação, objetiva, curta, suscinta, porém clara, o senhor foi de uma felicidade incomum, conseguindo resumir em um texto objetivo, o quadro do ex-Governador de Pernambuco Eduardo Campos, com uma lucidez rara. "O sonho já sonhado", por tantos, e exatamente igual.Chamado cansativamente de "O Novo." Parabéns meu amigo, esse resumo reflete com tamanha lucidez o que é "o novo", que nada mais é que o velho e surrado discurso da política casuística, sendo o estabelecimento de casos paradigmáticos, a partir dos quais, são feitas analogias e comparações com casos velhos travestidos de "novo".
ResponderExcluirMeu amigo Michel como sempre você foi brilhante em suas colocações, concordo contigo em número, gênero e grau.
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