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TODAS AS NOSSAS SENHORAS


Roberto Carlos, ao compor "Todas as Nossas Senhoras" em colaboração com Erasmo Carlos nos últimos anos dos anos 90 e lançá-la em 1999, entregou ao público uma obra que vai além da música, tornando-se uma verdadeira declaração de fé. Foi a única canção inédita lançada nesse ano, em um momento delicado da vida de Roberto, marcado pela doença de sua esposa, Maria Rita, e pela proximidade da sua partida.

A canção é um tributo às múltiplas advocações da Virgem Maria, unindo-as sob a ideia de que todas as aparições e títulos da Virgem se referem a uma mesma figura: a Mãe de Deus. Esta mensagem, transmitida por Roberto Carlos com sua serenidade característica, preenche um vazio na compreensão popular sobre a diversidade das advocações marianas. Ao afirmar que "todas as nossas senhoras são a mesma Mãe de Deus", Roberto esclarece que a pluralidade de nomes e aparições de Maria não envolve figuras diferentes, mas sim a mesma Mãe que responde aos apelos dos fiéis em todo o mundo.

A querida Maria Rita, esposa de Roberto Carlos, desempenhou um papel fundamental na criação desta canção. Ela colaborou na pesquisa dos diversos títulos pelos quais a Virgem é conhecida, o que acrescenta um carinho ainda mais especial à composição. Sua contribuição reforça o aspecto íntimo da obra, evidenciando a devoção do casal e o amor que compartilhavam pela figura maternal de Maria.

Salvo erro, nenhum padre cantor abordou este tema, objecto de tanta confusão. A canção trata de um tema que muitas vezes gera dúvidas entre os fiéis: as diferentes advocações da Virgem Maria. A explicação clara e direta dos leigos Roberto Carlos e Erasmo Carlos ao afirmar que "todas as nossas senhoras são a mesma Mãe de Deus" impactou todo o Brasil. Além disso, essa simplicidade, transmitida de forma poderosa, fez com que alguns considerassem que Roberto e Erasmo mereciam a condecoração Pro Eccclesia et Pontifice, a maior honra concedida pelo Papa aos que se destacam na evangelização.

Esta condecoração, destinada aos que realizam fatos significativos para a Igreja, seria um reconhecimento de como Roberto e Erasmo conseguiram traduzir um conceito teológico em uma canção popular. Eles não apenas entregaram uma obra musical de destaque, mas também esclareceram, de forma acessível, que todas as devoções a Maria remetem para a mesma Mãe de Deus. Isso é algo raro de se encontrar, especialmente em uma peça musical.

Ao longo da canção, Roberto Carlos menciona várias advocações marianas, todas elas com um profundo significado na tradição católica. Nossa Senhora da Paz, mencionada nos primeiros versos, é celebrada em 24 de janeiro e representa a tranquilidade e a serenidade que os fiéis procuram nos momentos de tribulação. Esta advocação é muito querida em vários países, especialmente em El Salvador. Nossa Senhora da Peña, a quem Roberto Carlos menciona quando fala de suas lágrimas derramadas em suas escadas, é venerada no Brasil, particularmente no estado do Espírito Santo, e sua festa é celebrada em 8 de setembro.

Ao longo da canção, faz-se referência a Nossa Senhora de Fátima, celebrada a 13 de maio e cuja aparição em Portugal em 1917 marcou profundamente a fé católica em todo o mundo. Nossa Senhora del Carmen, invocada pelos fiéis através do escapulário, tem sua festa no dia 16 de julho e é uma das advocações mais importantes em países de língua espanhola.

Quando Roberto Carlos menciona Nossa Senhora dos Navegantes, evoca a proteção que os marinheiros e viajantes procuraram nesta advocação ao longo dos séculos, especialmente no Brasil, onde se comemora em 2 de fevereiro. Além disso, Nossa Senhora da Guia, mencionada na canção como protetora das tempestades, é mais uma advocação invocada para pedir socorro em momentos de perigo, e é celebrada em várias regiões no dia 6 de setembro.

Em sua devoção a Nossa Senhora Aparecida, Roberto se identifica como alecrim, lembrando que esta advocação é a padroeira do Brasil e é celebrada em 12 de outubro, quando milhões de brasileiros se reúnem no Santuário Nacional em Aparecida para expressar sua fé. Também faz menção a Nossa Senhora da Glória, cuja festa se celebra em 15 de agosto, lembrando a Assunção da Virgem.

Entre outras advocações marianas mencionadas por Roberto Carlos, está Nossa Senhora de Lourdes, celebrada em 11 de fevereiro, famosa pelas suas aparições a Bernadette Soubirous e pelos milagres atribuídos às águas de Lourdes. Nossa Senhora de Nazaré, venerada no Brasil durante o Círio de Nazaré, é mais uma advocação mencionada na canção e é celebrada no segundo domingo de outubro.

Roberto também menciona Nossa Senhora das Graças, celebrada em 27 de novembro e está intimamente ligada à devoção da Medalha Milagrosa. Nossa Senhora do Brasil, embora não tenha data oficial, é uma advocação profundamente enraizada no coração dos brasileiros e simboliza sua devoção a Maria.

Finalmente, a canção faz referência a Nossa Senhora de Guadalupe, a advocação mais querida do México, cuja festa se celebra em 12 de dezembro. Além disso, menciona Nossa Senhora de Me đugorje, cujas aparições começaram em 1981 e atraem milhões de peregrinos, sendo 24 de junho o dia em que se comemora o início das aparições.

Assim, Roberto Carlos, em sua homenagem às diversas advocações marianas, nos lembra que "todas as nossas senhoras são a mesma Mãe de Deus". Cada invocação a Maria, seja como Guadalupe, Fátima, Aparecida ou Lourdes, nos une sob a mesma fé, na qual os fiéis encontram conforto e proteção em sua figura materna.

Fonte: Roberto Carlos: Inspirações, Canções e Histórias

Texto de Leandro Coutinho

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