ALIADOS DE RAQUEL ANTECIPAM O DEBATE POLÍTICO DE 2026

João Campos,  prefeito do Recife, foi reeleito há poucos dias, sequer iniciou o segundo mandato.

Pessoas do povo, tanto na capital quanto no interior, vivem dizendo que ele será governador.

O  socialista, no entanto, ainda não se pronunciou sobre a disputa na eleição estadual.

Seus adversários é que estão antecipando o debate.

Primeiro foi o prefeito de Olinda, professor Lupércio, que entusiasmado por eleger Mirella Almeida, encheu-se de arrogância: "Em Olinda o João Campos não se cria", disse o gestor.

A eleição estadual é diferente da municipal e a cidade de Olinda sozinha não define quem vencerá o pleito para governador.

Mas o prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, grato a Raquel pela reeleição, foi ainda mais longe.

"João Campos não vai ter coragem de deixar a prefeitura do Recife para enfrentar Raquel Lyra", afirmou o governante caruaruense.

Caruaru é uma cidade importante, tem um grande colégio eleitoral. Mas da mesma maneira que Olinda não irá definir sozinha quem vencerá a disputa em 2026.

Os dois prefeitos estão cantando vitória. Acho muito cedo pra isso. Não dá para saber ainda quem é favorito daqui a dois anos. 

Nem Raquel, candidatíssima à reeleição, nem João, que não anunciou ainda sua pré-candidatura.

Sei que João Campos é preparado, tem carisma, é bem mais simpático do que Raquel Lyra.

E, até o momento, me parece melhor gestor. 

Pode até se discordar dele em alguns pontos, falar que "não é de esquerda" (acho esse tipo de observação uma grande besteira), porém é inegável que trabalhou muito no Recife e por isso foi reeleito com 78% dos votos.

João tem muito traquejo político, uma desenvoltura impressionante para um jovem político de 30 anos.

Na entrevista no Roda Viva, ontem à noite, deixou claro que não é só de "lacrar" nas redes sociais, chamar a atenção interagindo com populares ou quando "fez nevar na capital".

O prefeito do  Recife respondeu as perguntas no programa com segurança, demonstrou capacidade de argumentar acima da média, ficou claro que tem condições de alçar voos maiores.

Embora não tenha antecipado o debate para 2026, foi na jugular da adversária.

João Campos disse, de maneira simples, objetiva:

- Que a governadora se saiu mal nas eleições municipais de 2024;

- Que isso é um fato, embora se façam leituras diferentes dos resultados das urnas;

- Segundo ele, basta olhar o resultado conquistado pelos governadores de estados vizinhos, como Alagoas e Paraíba para se comprovar que Raquel não teve o mesmo êxito dos colegas;

- Se for para os estados do Sul e Sudeste é a mesma situação, os governadores elegeram mais prefeitos do que a governadora de Pernambuco.

João abordou o essencial. E não manipulou números. Como ele falou, Raquel não ter se saído tão bem não é uma leitura pessoal e sim um fato.

Naturalmente não se pode subestimar a governadora. Ela é a principal responsável pela vitória de Rodrigo no primeiro turno em Caruaru.

E foi fundamental para a virada de Mirella em Olinda. Os métodos utilizados na cidade histórica podem ser questionados, o fato, porém, é que a candidata do PSD venceu.

É aí que frisamos, repetimos: "Não se pode subestimar Raquel".

Daqui a dois anos, ela deve concorrer à reeleição. Fez de tudo para ganhar em Caruaru para chegar a esse objetivo.

João Campos, a depender do contexto, das pesquisas, das alianças, da conjuntura, dos humores do povo de Pernambuco, irá disputar a eleição.

É fortíssimo. Se entrar, não será para brincadeira.

Raquel tem a máquina e ficou claro agora que sabe usá-la. Provavelmente terá toda a direita a seu lado.

João Campos não é Marília (a quem derrotou no Recife quando tinha apenas 26 anos) e não precisa tanto de Lula e do PT.

Socialista tem capital político próprio. Quando juntar todas as forças progressistas, convencer o eleitorado de que pode fazer um melhor governo de que Raquel, será difícil segurar.

No momento, não vejo como barbada, não será fácil.

Tenho confiança, contudo, que João Campos irá preparar o caminho de maneira correta. E chegará em 2026 forte.

Poderá, quem sabe, repetir a façanha do pai em 2006. Eduardo, naquele ano, saiu de 4% nas pesquisas, foi ao segundo turno contra Mendonça Filho e derrotou o direitista por 1 milhão e 800 mil votos.

João pode ir mais longe que Eduardo. Depende do sobretudo do povo, é claro.

Mas o jovem político chega ao coração de homens e mulheres com muita facilidade. Conquista jovens e pessoas maduras com a mesma desenvoltura.

E, pelo menos a meu ver, parece mais natural do que Raquel,  ao se comunicar. 

Ela passa sempre a impressão de que está representando. Com um adversário de respeito pela frente,  o teatro poderá não funcionar tão bem.