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AS JOVENS TARDES DE DOMINGO


Na década de 60 a TV brasileira se consolidou, mesmo com imagens em preto e branco (televisão colorida no país somente a partir de 1974).

Até 1966 a maior audiência na telinha, nas tardes de domingo, eram os jogos do Campeonato Paulista, transmitidos pela TV Record.

A audiência no eixo Rio-São Paulo era o mais importante, como acontece ainda hoje.

As transmissões de jogos de futebol ao vivo, porém, começaram a incomodar os cartolas. O público estaria deixando de ir aos estádios, preferindo assistir as partidas no conforto de casa.

Então as transmissões do paulistão foram proibidas.

A TV Record, que dominava a audiência graças ao futebol, procurou uma saída para não perder telespectadores.

Foi aí que surgiu a ideia de fazer um programa musical dedicado aos jovens.

O Jovem Guarda, comandado por Roberto Carlos, então com menos de 25 anos,  entrou na programação e rapidamente se tornou um sucesso, batendo recordes de audiência.

Durante dois anos Roberto, Erasmo, Wanderléa e toda turma da Jovem Guarda garantiram audiência absoluta à TV Record, até que o programa dedicado aos jovens começou a se desgastar.

Ao perceber que as coisas iam mal, o cantor que reinava nas paradas de sucesso desde 1965, graças ao estrondoso sucesso "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno", resolveu deixar o programa.

Sem Roberto, o Jovem Guarda ficou poucos meses no ar.

Então as jovens tardes de domingo passaram a ter como líder de audiência o apresentador Silvio Santos, com 38 anos, que comandava o seu programa na TV Tupi.

Rita Lee, nos anos 70, compôs a música "Arrombou a Festa", que criticava duramente a turma do iê iê iê. Nem Roberto foi poupado.

O cantor, que a partir do álbum de 71 começou a se consolidar como romântico (até 67 esteve mais próximo do rock, começando a transição no ano seguinte).

No disco de 77, totalmente romântico, Roberto Carlos lembrou de outra forma o movimento jovem escrachado por Rita Lee.

Compôs a suave "Jovens Tardes de Domingo", uma canção  saudosista sobre o que viveu ao lado de Wanderléa, Erasmo, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Martinha, Renato e Seus Blue Caps e outros grandes nomes do auge da Jovem Guarda.

Essa canção recebeu grandes releituras, uma delas 20 anos depois na voz de Gal Costa, na época a melhor cantora do Brasil.

Agnaldo Timóteo, com aquele vozeirão, também gravou a música que celebra "as jovens tardes de domingo".

Os programas de TV no domingo não têm mais a força de décadas passadas.

Ironicamente, a Globo, líder de audiência,  investe na transmissão de jogos de futebol do campeonato brasileiro.

Não precisa de Ibope (aliás esse famoso instituto não existe mais) para saber que os jogos, na atualidade, não atraem um público tão expressivo quanto antes.

Nas décadas de 60 e 70 não tinha Netflix, Facebook, Instagram e WhatsApp, o mundo "não gira mais em torno da televisão".

Dos citados, alguns já não estão mais entre nós, como Erasmo, Gal e Silvio Santos.

Roberto Carlos é um senhor de 83 anos e as "jovens tardes de domingo" fazem parte da história e das recordações dos mais velhos.

*Fonte de consultas: "Roberto Carlos Outra Vez", do escritor Paulo César Araújo.

**Foto: Letras de Música.

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