LIGAÇÕES DE UM JORNALISTA COM SÃO BENTO DO UNA


Por Roberto Almeida

Nunca morei em São Bento do Una, nunca estive presente na vida da cidade, mas tenho um carinho enorme pela terra dos Valença.

Certamente porque meu pai, Euclides Almeida, nasceu naquelas terras, no distrito de Mulungu, que hoje pertence a Sanharó.

E também porque Capoeiras, onde nasci, pertencia a São Bento, até os meus seis anos de idade.

Paulo, filho de Zezinho Borrego (prefeito de Capoeiras três vezes), morou em São Bento e quando menino falava da cidade com amor desmedido. 

E  fazia uma imagem do lugar que nos deixava com inveja, porque parecia uma espécie de paraíso, tinha tudo que faltava no distrito.

Lembro que pequeno papai me levou algumas vezes a Festa de Reis, que é tradicional.

Na adolescência, comecei a ouvir Alceu Valença. Um dos seus tios, Lívio, médico, foi prefeito e deputado estadual por vários mandatos. Reinou politicamente muitos anos, em São Bento do Una.

Tive a alegria de conhecer essa grande figura humana, que terminou seus dias no bairro da Torre, no Recife, exercendo a medicina até o fim.

Quando morava na capital,  conheci a obra do escritor Gilvan Lemos, a quem cheguei a ver uma ou duas vezes.

Gosto dos livros dele, especialmente de "Jutaí Menino", um romance que é a cara da cidade,  em sua época.

Incrível é que o livro, publicado em 1956, um ano antes do meu nascimento, mostra que algumas coisas permanecem, tanto lá quanto na maioria da cidades do interior.

Quando Padre Aldo governou São Bento, foi quando tive proximidade com a cidade e conheci várias pessoas que fizeram parte de sua equipe, como Ana Flávia, Valdênio e Alexandre Batité, atual prefeito do município.

Teve outro personagem da cidade que conheci, este na década de 80. Era advogado e vereador do município. Se a memória não me trai seu nome era Marcílio Valença.

A diabete primeiro lhe tirou a visão e depois levou ele muito cedo. Um homem brilhante, que se não fosse a doença ainda hoje estaria prestando bons serviços a sua terra e a todo o Agreste Meridional.

Essas lembranças e registros surgiram da releitura de "Jutaí", livro citado acima.

Fico a pensar se os são-bentenses da nova geração escutam a música de Alceu, conhecem a boa literatura de Gilvan Lemos.

A meu ver, os romances e novelas do escritor da terra deviam ser estudados na escola.

No caso de "Jutaí Menino", por exemplo, temos uma cidade eternizada através da literatura. E o que ela foi no final da década de 50 permanece de alguma maneira em pleno século XXI.

São Bento está com aproximadamente 75 mil habitantes, segundo o IBGE.

Depois de muitos anos sem uma representação na Assembleia Legislativa, voltará a ter deputado.

No caso uma mulher. Débora Almeida, que foi prefeita por dois mandatos, será a primeira são-bentense com cadeira no Legislativo Estadual.

Além dos destaques políticos e artísticos, aqui citados, é preciso lembrar que a cidade,  que faz uma das maiores festas de reis do interior de Pernambuco,  é forte também economicamente.

O município é grande produtor de ovos, as granjas que existem por lá garantem emprego a milhares de pessoas.

E é lá também que fica a Bom Leite, uma fábrica de propriedade de Stênio Galvão.

Fui colega de um irmão dele, na época do Colégio Quinze de Novembro. Era conhecido pelo apelido de Tostão e morreu bem jovem, num acidente na entrada de Garanhuns.

Outro irmão dele, Nelsinho, faz muitos anos que não o vejo. O pai, Nelson Galvão, foi titular de um cartório em Capoeiras, por muitos anos.

A Bom Leite está sempre presente na minha casa. Através dos iogurtes, do doce de leite, do queijo de coalho. 

Minha intenção não é fazer propaganda, acontece que a verdade precisa ser escrita: os produtos dessa indústria, de porte médio, são de muita qualidade.

Aos que moram em São Bento do Una - os antigos e os da nova geração - o abraço desse filho de um filho da terra dos Valença.

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