O ELOGIO DA SIMPLICIDADE



Texto arretado publicado pelo professor Michel Zaidan Filho algum tempo atrás. Está atualíssimo:


O meu poeta preferido, que não é Brecht, mas Fernando Pessoa, disse uma vez que "pensar é estar doente dos olhos". E outro filósofo-poeta, Nietzsche, arrematou afirmando que "a vida não é para argumentos". Na véspera de completar 67 anos, chego a uma conclusão melancólica tem muita sede de uma água que não bebi.


Muita fome de um pão que não comi. Ainda continuo como o garoto que contempla os outros na rua, brincando, atrás do portão da casa.

Se me fosse dada outra existência, seria uma pessoa mais simples, com menos preocupação sobre o sentido da vida e o significado da morte. Procuraria ter fugido mais de casa e do colégio, namorado mais, aprendido a beber e a fumar (nem que fosse para impressionar as meninas) e jamais ter estudado filosofia.


A viva é para se viver, não para ser objeto de uma racionalização abstrata e estéril. Só quem não vive, especula. A vida é mais importante do que a especulação.


Depois, veio a maldição da política, dos políticos, dos partidos e ideologias políticas. Aí, a seriedade tomou conta de mim, de uma vez. Era sempre preciso ter uma frase aparentemente inteligente para os que me perguntavam sobre a política. Em qualquer ocasião.

Não, eu não sou essa pessoa. Não quero mais ser essa pessoa. Quero usufruir das coisas boas (e simples da vida). Ser como todo mundo é. E ponto.


Como dizia Pessoa: arre! estou farto de tantos semideuses, onde existe seres humanos, de carne e osso, com as necessidades comezinhas de dormir, acordar, tomar banho, tomar café e, acima de tudo, celebrar a vida e a amizade!

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