PREFEITURA MUNICIPAL DE GARANHUNS

PREFEITURA MUNICIPAL DE GARANHUNS
GOVERNO MUNICIPAL

CONTEXTO

CONTEXTO
Pesquisas Eleitorais

A DISPUTA NO REINO DOS ANIMAIS


Por Anizío Areias

Depois de 4 anos é chegada a hora de escolher o novo líder dos animais. A disputa é acirrada, candidatos pulando de galho em galho atrás de votos, nadando até o fundo da lagoa para convencer eleitores, voando até o topo das montanhas para levar suas mensagens de prosperidade, justiça e paz.

Os eleitores, desconfiados dos candidatos depois de sua última escolha – um pavão ora plumoso, mas que hoje perdeu as penas e parece mais uma gralha pois só faz barulho – olham de soslaio uns para os outros e discutem quem irão escolher e se, dessa vez, ao menos os filhotes terão direito a estudar sobre as leis da selva em uma escola com teto de bambu e latrina na moita ou se nem isso continuarão a ter, já que o pavão, gabola e cheio de si, apenas se preocupou em lustrar suas penas e passear pela floresta rodeado de assessores das mais diversas origens, mas todos ocupados apenas em elogiar a beleza do chefe.

Refletem ainda os eleitores, de maneira mais aberta e até afrontosa ao pavão, questionando sua liderança decadente e enganosa, sobre a frieira que atingiu quase toda a população animal e que o pavão não se preocupou em combater mas na verdade achar que não era mais do que uma coceirinha provocada por um pernilongos rebeldes que vieram da floresta oriental. Na verdade, essa postura decorre do fato – e é o que se escuta pelos brejos – de que o pavão, na hora de escolher um candidato para o conselho nacional das florestas, optou por apoiar o candidato mais improvável em virtude de seu despreparo, quem seja, o jumento – que acredite, acabou eleito – também afirmou que não havia motivo para preocupação, porque o importante era correr pelas matas e tomar banho de cachoeira, pois a doença não mataria os bichos mais fortes da floresta. Isto acabou criando uma anedota às custas do pavão: de burrice não morre porque nem para isso presta!

Dentre todos os candidatos que disputam essa eleição –  que promete ser a mais acirrada dos últimos tempos – aquele que mais se esforça para obter a confiança dos eleitores é o leão, que é apoiado pelo pavão como seu sucessor e também é membro da mais alta casta da sociedade animal, sendo considerado um elevado dignatário de clubes fechados da floresta que prometem solidariedade entre os bichos, principalmente em favor dos mais pobres, mas que na prática desviam de caminho para não ter que cruzar com um animal abandonado. O leão, que ao fim e ao cabo, é conhecido por todos mas querido por muito poucos.

A estratégia do pavão é simples e direta:  vender a imagem do leão - simbolicamente é claro - como o rei de todos, buscando lhe dar uma majestade que na verdade nunca existiu, apontando a experiência que seu sucessor já teve no cargo que hoje o pavão ocupa e que por isso está preparado para enfrentar os desafios da vida animal.

Os demais candidatos, cientes da tentativa do pavão de se manter no poder por meio de um aliado que ajudou a eleger, apresentam suas propostas, acusam o pavão de má gestão e apontam os erros que o leão, quando líder, cometeu. De acordo com os oponentes do leão, quando este era líder, na floresta as arvores não cresceram, os rios quase morreram, os animais entristeceram e até o seu bando lhe virou as costas quando mostrou suas garras verdadeiras.

A disputa vai se acirrando à cada dia, a luta pelo eleitor se aperta mais e mais, compromissos cada vez mais irreais e impraticáveis são assumidos e promessas de segurança e urbanidade são feitas, afirmando que os ratos e os porcos serão lançados às mais profundas cavernas, pois roubam e emporcalham tudo.

É dura a escolha como é dura a vida dos bichos que terão que indicar o novo líder dos animais, permitindo que um deles reine sobre todos os outros pelos próximos 4 anos. O pavão garantiu não dar aos animais, que hoje chama de eleitores, nem aos seus filhotes, educação, pois nenhuma escola foi construída logo ninguém está preparado para as leis do reino animal; lhes foi negada a saúde, pois cabanas de cura não foram construídas e curandeiros nãos foram contratados; e o grande salão da saúde, que teve apoio do conselho nacional das florestas por meio de recursos públicos – ressalte-se que integralmente investidos – não ficou pronto até então mas o pavão promete ficar pronto às vésperas da eleição; negou-lhes emprego pois nenhuma corporação animal quis se instalar na floresta em virtude da ausência de condições mínimas de prosperidade; lhe foi tirado até mesmo o local de trabalho, pois a reforma do pomar onde todos levavam suas frutas para trocar entre si nunca foi finalizado, deixando-os trabalhar em condições mais precárias do que antes do início da obra; lhes foi recusado então o respeito, porque um animal que vive assim nessa floresta nem bicho é: é assombração!

Por outro lado, uma coisa lhe foi garantida e todos concordam nisso: nunca se viu tantas festas na floresta desde que o pavão assumiu a liderança dos animais. Festas em honra do sol, da chuva, do vento e até dos mortos, mas nada além de festas, só festas e mais nada. Alguém certa vez disse do topo de uma árvore mas poucos prestaram atenção:

- É pão e circo pessoal, mas sem pão, só com circo, e mais nada!

Diante desse difícil dilema que vai definir a vida da floresta pelos próximos 4 anos, todos na selva esperavam ansiosos que o debate entre os candidatos pudesse ajudar a dissipar as dúvidas e indicar a certeza na escolha daquele que está mais preparado, mas como na lei da selva, onde os que se acham mais fortes buscam derrotar os que acham mais fracos pelos meios disponíveis que encontrarem, o candidato do pavão, ele mesmo, o leão importante das altas rodas animais, decidiu não comparecer fugindo das perguntas e frustrando os animais, que de boa-fé, esperavam ao menos uma postura de coragem daquele em que o pavão confia até mesmo seu futuro.

Agora resta esperar, sentar e refletir nas escolhas a se fazer: votar em alguém que possa governar para os bichos, pelos bichos e com os bichos, ou continuar vivendo no reino de um pavão caído em que o leão covarde é seu escolhido.

Que não sejam todos os bichos elefantes, pois sua memória é curta!

Um comentário:

SUBSÍDIO PARA COMPRA DE CASA

SUBSÍDIO PARA COMPRA DE CASA
FINANCIAMENTO PARA CASA PRÓPRIA