Por Altamir Pinheiro
Conforme rezam as religiões cristãs, principalmente à
católica, Verônica foi uma mulher
caridosa que, comovida com o sofrimento de Cristo ao carregar aquela
pesada cruz, deu-lhe seu pano de cabeça
em forma de véu para que o filho de Deus
aqui na terra pudesse limpar seu
rosto. Cristo aceitou o oferecimento e, após utilizá-lo, devolveu-o à bondosa
senhora Verônica. E então, a imagem de seu rosto estava milagrosamente impressa
naquele pano de linho branco. Pois bem!!! No campo musical, no final da década
de 1960 o nome feminino ou uma mulher
chamada VERÔNICA foi uma bela
fonte de inspiração romântica para ser
feita uma bem sucedida composição por
C. Blanco que ocasionou um baita
sucesso na língua castelhana e em termos de Brasil, o pernambucano
Fernando Adour fez uma milimétrica e caprichosa versão e entregou de mão
beijada ao vozeirão lindo com voz de tenor,
o paraibano(radicado em Pernambuco), Maurício Reis.
A propósito, o pernambucano
Fernando Adour é produtor musical e
excelente versionista(considerado o
Rossini Pinto do Nordeste). Sua primeira direção musical foi com a
música “Pare de tomar a pílula” de Odair José, um sucesso impressionante no ano
de 1973. Em 1978 fez cerca de 20 versões para Julio Iglesias, na época,
artista desconhecido no Brasil. No começo da carreira a cantora colombiana Shakira
foi produzida, também, por Fernando Adour. Compositor de estilo
romântico, fez muitas versões de músicas em inglês, italiano e espanhol, em
especial no período final da Jovem Guarda. Quanto aos brasileiros há um rosário
de VERSÕES escritas(ou traduzidas) por este produtor artístico, arranjador
vocal, vocalista e compositor.
Há exatamente 48 anos chegava
ao Brasil a versão da música VERÔNICA (letra de C. Blanco de 1968), gravada
pelo eterno e inesquecível poeta do
cravo branco, Maurício Reis. De brega é
só o nome: pois ela tem poesia, música, sentimento e muito bom português!!! No
ano de 1973 em diante, Maurício Reis fez parte da infância, adolescência e juventude de todos nós com esta romântica
melodia que dilacerou corações dos eternos namorados durante quase cinco décadas: Verônica, me sinto tão só / Quando
não estais junto a mim / Verônica, eu quero dizer / Que te amo tanto / Que não
posso mais / Que te quero tanto, amor...
Tive o prazer de ver essa
fera cantando ao vivo em comícios de políticos nos palanques da vida. O saudoso
cantor Maurício Reis cantava o amor verdadeiro, caipira, interiorano e sincero
com àquela cafonice inesquecível do seu modo de trajar(cinto afivelado e sapato
Cavalo de Aço, além do seu cabelo Black Power). Uma passagem agradabilíssima
que como fita de cinema faroeste, nos mostrava felizes em tempo integral em
nossa adolescência. Quem não curtiu em festas de rua de final de ano, ao lado
de uma paquera, no alto de uma Roda Gigante, suas músicas intituladas Lenço Manchado, Dançarina, Mercedão
Vermelho, Locutor, Amor fingido, Ilustríssima Madame, verônica (Um clássico dos
anos 70). A música VERÔNICA foi o top de linha: top dos top.
Com uma carreira de 30 anos,
Maurício Reis Lançou 27 álbuns ente LPs e CDs. Nascido em Santa Rita, na
Paraíba, tinha escolhido o Agreste pernambucano para morar e a cidade sorteada
foi Gravatá, onde manteve residência fixa até sua morte por afogamento.
Exatamente no dia 22/07/2000, há 20 anos,
chegava ao fim a vida de um artista de sucesso. João Maurício da Costa
ou simplesmente Maurício Reis, O artista faleceu naquele trágico 22 de julho de
2000, aos 58 anos de idade, num fatal acidente automobilístico ocorrido no
município pernambucano de Bonito. Maurício Reis havia saído de Gravatá, onde
morava há sete anos, para fazer um show na cidade de Xexéu-PE. O carro estava
sendo guiado pelo filho do cantor, o tecladista Maurício Inácio, que
sobreviveu.
Como boa parte das músicas de
hoje em dia não tem história e sim
pornografia explícita, o BREGÃO DO BOM de Maurício Reis, como a sua
música mais conhecida no Brasil é louvada há quase meio século, desde 1973, era
cantada sim, com a alma, pois não é à toa que ele deixou uma neta com o nome
Verônica em homenagem a sua música de maior sucesso. Então, ouçamos a música cinquentenária tão bem
interpretada pelo poeta do cravo branco, Maurício Reis, esse vozeirão metálico com uma voz de tenor: Verônica!!!
https://www.youtube.com/watch?v=xebWRNZ0hxc
Quero parabenizar o amigo Altamir Pinheiro pelo seu brilhante e importante texto sobre um dos grandes personagens da música popular brasileira, o grande e inesquecível cantor, Maurício Reis, que inclusive, na década de 90 cheguei apresentar em circos, seus maravilhosos shows.
ResponderExcluirO seu texto inteligente, Altamir, nos causou saudosismo do que havia de melhor da música brega.
Uma grande abraço. Cláudio André O Poeta - Bom Conselho/PE