No campo da maestria musical
falar de Ennio Morricone é o mesmo que
falar que o açúcar é doce. Todos nós
sabemos que a mente humana é mero artifício da sua manifestação. Em se tratando
de obra artística então isso se aprofunda ainda mais quando ouvimos uma música
e ficamos a imaginar como pode um ser criar aquele mundo, aquela linguagem
poética, aquela verdadeiríssima miniatura do universo que nos transporta para
tão longe em um vasto horizonte do conhecimento musical que é a obra que
resultou em toda essa maestria e perfeição desse regente mestre da harmonia que foi o aclamado maestro Morricone.
No último dia seis do mês de julho de Senhora Santana
do ano de dois mil e vinte, o maestro italiano se encantou aos 91 anos de idade,
em Roma. Em um obituário escrito pelo próprio onde ele se despede de amigos,
familiares e da esposa, Maestra Maria, a quem deixou seu “ADEUS MAIS DOLOROSO”.
Escreveu ele: Estou anunciando a minha morte a todos os meus amigos que sempre
foram próximos de mim e também aqueles que não vejo há algum tempo. Eu os saúdo
com grandioso carinho. É impossível nomeá-los todos. E completou com a pureza
ou a argumentação singela dessa frase
que é de arrepiar: "Só existe um motivo que me faz dizer adeus a todos
vocês dessa forma, e é o fato de eu ter decidido que gostaria de ter um funeral
privado: eu não queria incomodar". Ao nos deixar, Morricone escreveu: Eu, Ennio Morricone,
estou morto.
VIDA QUE SEGUE!!! Foi na “Bota” da Europa que alguns dos
melhores artistas de todos os tempos emergiram, tais como os renascentistas
Leonardo da Vinci, Michelangelo ou Rafael. Séculos decorridos, a tendência para
a produção artística de grande valor prevaleceu e a Itália orgulha-se de um
filho pródigo voltado para a música. Com um currículo repleto de bandas sonoras
dos mais diversos filmes, Ennio Morricone é um colosso no que toca à associação
do mundo da música com o do universo do cinema. Com o “TOQUE DE MIDAS” da
composição, o europeu tem o condão de conceder o complemento necessário para
que nenhum detalhe impregnado num filme passe despercebido. Como afirma o ótimo
cinéfilo de Caruaru-PE, Joaílton, Ennio Morricone esgotou todos os adjetivos
para qualificá-lo…
O escritor Lucas Brandão que
escreve para a revista eletrônica Comunidade Cultura e Arte é taxativo em
afirmar quando nos relata que o legado do maestro se estende por mais de 6
décadas e de 500 composições para filmes. Ennio Morricone é um satélite que orbita
tanto no planeta da música como no do cinema, fazendo a conexão fantasiosa
entre os mesmos. Com um legado quase impossível de ser descrito num finito
número de parágrafos, importa reforçar o caráter fascinante e unificador das
composições musicais que reforçam já a aura única que cada filme transporta. Se
já não bastasse que, pelo seu enredo e personagens, nos maravilhasse, a varinha
mágica de Morricone dá uma fragrância de musicalidade etérea à história
transmitida.
Um fato curioso e
diferenciado na vida do maestro ou uma interessante peculiaridade da sua
carreira é a de que nunca abandonou a cidade que o viu nascer e morrer (Roma)
para fazer as suas composições e nunca aprendeu a falar inglês, passando esta
evidência despercebida com a sua versatilidade tanto como compositor para
diversos tipos de trabalhos artísticos como nas funções de maestro e nas de
diretor dos mesmos. Abdicando de viajar o máximo possível, o italiano é também
conhecido pela originalidade das suas composições musicais, elaborando-as
sempre do zero e abdicando de usar elementos predefinidos e já existentes.
Atualmente, no mundo do cinema, destaca-se a reciclagem do norte-americano
Quentin Tarantino de vários êxitos do compositor em filmes dirigidos pelo
cineasta, como por exemplo, em 2013, Django Livre.
Em janeiro de 2018, na cidade
São Paulo, aconteceu uma mostra no Centro Cultural Banco do Brasil, dedicada ao
trabalho do maestro e compositor Ennio Morricone, provavelmente o maior de
todos os compositores de trilhas sonoras para o cinema. “SONORA: ENNIO
MORRICONE“ exibiu 22 filmes de gêneros e diretores diferentes, mas com algo em
comum: a trilha marcante do maestro. Para todo o fã de cinema, é impossível
medir a importância do SIGNORE MORRICONE para a história. Desde os spaghetti
Westerns de Sergio Leone, até Os Oito Odiados, pelo qual finalmente recebeu um
Oscar de trilha sonora, Morricone escreveu trilhas fantásticas. As preferidas,
recentemente, são as de Os Intocáveis e a simplesmente perfeita de Cinema
Paradiso – impossível não se emocionar com todas essas cenas….
A propósito do filme Era Uma
Vez no Oeste que é um majestoso faroeste dirigido por Sergio Leone, muito da
beleza visual desse filme deve-se ao maestro e compositor Ennio Morricone pois
como é sabido, Leone pediu a Morricone que compusesse os temas musicais do
filme, o que o compositor fez a partir da leitura do roteiro e de suas
conversas com o diretor. Para as sequências e personagens principais, Morricone
criou composições específicas e Leone executava essas peças durante as
filmagens. Isso não só ajudou os atores, mas despertou nele, diretor, uma
transcendente inspiração. Como diz o estudioso de faroeste Darci Fonseca:
“Ennio Morricone já havia criado admiráveis e inovadoras trilhas sonoras para
westerns spaghetti. Nenhuma delas, porém, atingiu a perfeição das peças
musicais composta para “Era Uma Vez no Oeste”, especialmente o tema principal
que tem o mesmo título do filme”.
Sob encomenda do cineasta
SERGIO LEONE, Ennio Morricone escreveu as trilhas sonoras de quatro dos 10
principais filmes de Western Spaghetti: Por um Punhado de Dólares) (1964), Por
Uns Dólares a Mais)(1965), Três Homens em Conflito (1966) e Era uma Vez no
Oeste) (1968). Aliás, No filme Era Uma Vez no Oeste, a música conjugada com as
imagens é uma das coisas mais bonitas que o cinema já proporcionou. Mas como
nem só de um estilo vive a obra de um gênio, o maestro também assinou a trilha
de obras de comédia, horror e drama. Os filmes Exterminação 2000 (1977), de
Alberto De Martino; Áta-me! (1990), de Pedro Almodóvar e Reviravolta(1997), de
Oliver Stone são alguns dos destaques da vida musical de Morricone fora do
velho oeste. Pelo conjunto da obra, a indústria cultural assume que um gênio do
calibre de Ennio Morricone surge uma vez a cada nunca mais.
A seguir, para os
apreciadores da boa música, clic no endereço abaixo para ouvir por uma hora
esta coleção de músicas originais comandada pelo maestro Ennio Morricone, todas
fazem referência aos filmes Spaghetti Westerns.
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