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JOÃO MARQUES - O HOMEM DO HINO DE GARANHUNS


Cláudio Gonçalves, professor e escritor, prossegue com a série de entrevistas com expoentes da cultura de local.

Depois de bate papos preciosos com o cordelista Gonzaga de Garanhuns e o escritor Igor Cardoso, chegou a vez de material jornalístico com João Marques. Poeta, compositor e autor do belo hino da Cidade das Flores.

Na íntegra, o texto de Cláudio Gonçalves:

Escritor, poeta, memorialista, músico, compositor e autor do Hino de Garanhuns, João Marques dos Santos é um dos expoentes do nosso cenário cultural. São traços da sua literatura a linguagem culta, estética, originalidade e habilidade singular, produzindo ao longo de sua trajetória uma vasta obra literária, que inclui contos, romances, crônicas, poesias e músicas, que o projetou como um dos principais nomes do nosso universo das letras. Nesta entrevista, conheceremos um pouco de sua trajetória literária, suas obras, seu processo criativo e seus projetos para o futuro.


Cláudio - Voltando no tempo, como foi a infância e adolescência do escritor e poeta João Marques?



João Marques – Minha vida começou no sítio, participando mais diretamente da natureza. A cultura ou costumes do povo teve grande influência. Devo a esse começo o que sou hoje. A vinda para cidade, aos 9 anos, foi decisiva na minha estrutura intelectual. O Colégio Diocesano, o Banco do Brasil, e outras passagens, como o escotismo e a participação em grêmios contribuíram muito com minha personalidade.


Cláudio -  Como começou a descoberta da literatura em sua vida?


João Marques  – Na adolescência, comecei a frequentar o Clube Juvenil de Cultura, grêmio que funcionava no final da década de 50, na casa do estudante, hoje, abandonada. Aí, comecei a escrever as primeiras poesias e os primeiros textos em prosa. Inclusive contos. Nesse tempo, comecei a escrever também para o jornal O Monitor, contos e poesias. O jornalista Humberto de Moraes foi meu mestre no jornalismo.


Cláudio -  Quais escritores influenciaram seu estilo literário?


João  – Machado Assis, José de Alencar, Castro Alves e Victor Hugo.


Cláudio -  Fale um pouco da sua trajetória literária.


João  – Inicialmente, a participação no Clube Juvenil de Cultura e, depois, no Grêmio Cultural Ruber van der Linden. Fiquei mais conhecido através das publicações no jornal O Monitor. Vieram ao longo do tempo meus livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do Azul, o jornal O Século, por mim editado. Atualmente, tenho livros para ser publicados. E continuo em copiosa produção.


Cláudio -  Sabemos que João Marques é um escritor eclético, que escreve romances, contos, crônicas, memórias e poesias. Como desenvolveu essa habilidade e técnica dos gêneros literários?


João – Primeiro, considero que são habilidades natas. Com o exercício e a busca do aperfeiçoamento, dá-se o desenvolvimento. A busca, inclusive, do aperfeiçoamento a cada trabalho feito. Ler é decisivo para quem quer escrever. Cheguei a pintar quatro telas, em 1999, mas desisti porque não quis ser também artista plástico.


Cláudio -  A Poesia de João Marques. Uma definição?


João  – Uma poesia voltada para a alma, e conduzida por transcendência em tempo e espaço. Expressa o belo, numa dimensão do domínio da estética, da fantasia e da filosofia da razão.


Cláudio -  Onde você busca inspiração, dentro de si mesmo?


João -  Não. Toda a inspiração vem de fora, digamos, porque é espiritual. E ela a inspiração não está dentro da barriga. É uma atividade exclusivamente da mente, que é feita de tudo que é exterior.


Cláudio -  De que forma ocorreu a sua aproximação com a música?


João -  Escutando e assistindo as apresentações nesta cidade de Luiz Gonzaga. Foi um despertamento. Considero, também, que o dom da música veio também com meu nascimento.


Cláudio -  Uma das suas maiores obras é a criação do Hino de Garanhuns. Como surgiu a ideia do hino e a inspiração? O que essa obra representa em sua vida?


João -  Representa uma grande contribuição ao espírito de cidadania de Garanhuns. Luiz Gonzaga teria, também, despertado-me a ideia de compor uma grande canção a Garanhuns. E parece que, providencialmente, coube a mim no futuro fazer essa canção. Em 1967, ele fez apelo na Rádio Difusora de Garanhuns, em uma apresentação, que se fizesse uma bonita canção a Garanhuns. À altura de sua beleza.


(Nota do entrevistador: No dia dois de fevereiro de 1996, o então prefeito de Garanhuns, Bartolomeu Quidute, sancionou a Lei nº 2793 aprovada pela Câmara de Vereadores, tornando oficial o Hino do Município de Garanhuns).


O Hino de Garanhuns foi executado pela primeira vez no dia 03 de fevereiro de 1996, em solenidade acontecida à noite no Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti, sendo o hino interpretado por Dalva Diniz e Jurandir Tenório com acompanhamento do 71º Batalhão de Infantaria Motorizado de Garanhuns.


Cláudio -  O Festival de Literatura de Garanhuns foi um marco na história literária da nossa cidade, o qual o senhor idealizou. Conte-nos um pouco dessa prodigiosa experiência.


João -  Realmente, o FLIG foi um marco na história cultural de Garanhuns. Ajudado por escritores de Recife, da Academia Pernambucana de Letras e da União Brasileira de Escritores, foi possível fazer 4 festivais, nos anos de 2007, 2008, 2009 e 2013. Todos eles foram custeados pela Prefeitura Municipal de Garanhuns. E deixou de existir à falta dessa ajuda financeira. O FLIG contribuiu com a aproximação de intelectuais de Pernambuco, Alagoas e Garanhuns. Apesar do sucesso, houve muitas interferências destruidoras de pessoas de Garanhuns.


Cláudio -  O Jornal O Século continua mantendo a tradição cultural, oferecendo aos leitores páginas de história e literatura, com colaboradores ilustres. Em agosto, o Jornal O Século estará completando 25 anos. Fale um pouco do seu surgimento e contribuição para a nossa cultura.


João – O século surgiu em agosto de 1995. Contou sempre com patrocinadores de Garanhuns, destacando-se Ferreira Costa. As matérias, crônicas, contos e poesias, foram, no começo, de escritores que se iniciavam em Garanhuns. Depois, por estranho que pareça, esses escritores daqui deixaram o jornal por se tornarem importantes. O Século é atualmente enriquecido com trabalhos literários de diversos escritores bons espalhados pelo Brasil. Não se enganem, há muita perseguição aqui aos que fazem alguma coisa. Até o Hino já quiseram destruir.


Cláudio -  Sendo contemporâneo de grandes nomes da nossa literatura. Quais autores devem ser sempre referenciados e relidas as suas obras?


João – Contemporâneos meus, posso lembrar, na prosa, Guimarães Rosa, e na poesia Manuel Bandeira, Mauro Mota, Nilo de Almeida, entre outros de Pernambuco.


Cláudio -  Em seus diversos trabalhos, existe uma obra predileta, uma que você vê com mais carinho até hoje?


João -  Não, todas elas são pedaços de mim. Sinto dignidade de tê-las feito. Não sou como certos escritores, de Garanhuns até, que rejeitam as suas primeiras obras, dizendo que ficaram muito aquém de suas reais capacidades. Não destaco qualquer trabalho meu, todos são meus, de minha inteira responsabilidade de escrever.


Cláudio -  O que precede a sua criação, é a nostalgia ou o estado de graça?


João – A nostalgia, que é própria sempre dos poetas. Não posso, na prosa também, olvidar a nostalgia, a poesia, a filosofia, que me são próprias. O estado de graça fica pela condição do envolvimento com a arte, que é divina.


Cláudio -  Quais seriam os elementos fundamentais do seu estilo literário?


João – A unidade, que é condição da arte e da estética em seguida; a criação como um todo que propõe alguma renovação. E são de predominância as dimensões imagináveis e imagéticas, presentes sempre na expansão das formas e do convencional. É o meu trabalho.


Cláudio -  Como é a sua rotina para escrever? O senhor tem alguma disciplina, horário determinado ou escreve quando surge a inspiração?


João  – Não há tempo de escolha, o que manda é a inspiração. A qualquer momento, posso estar escrevendo. Acontece de chegar a esquecer de outros compromissos, enquanto me entrego totalmente à inspiração de escrever.


Claúdio -  João Marques tem algum outro gênero literário que ainda gostaria de escrever?


João  – Não.


Cláudio -  Já está trabalhando em uma nova obra? Pode revelar aos seus leitores?


João – Tenho dois livros que serão publicados brevemente. Livro de poesia, Poemas da Antessala; romance, eu Herói – As aventuras de uma Avenida. E vem mais. Estou escrevendo sempre.


Cláudio -  Que dicas o senhor daria para os futuros escritores?


João  – Primeiro, nem todo mundo nasceu para ser ferreiro, e ter a paciência de ficar malhando ferro. Se houver realmente vocação, o candidato a escritor deve ser persistente e ler, ler muito, tudo que vai encontrando pela frente. Aprender logo Português é decisivo. Não se admite um escritor, mesmo iniciante, escrever errado. Não incorrer no erro de querer publicar livro logo. Esperar o tempo certo, como se espera o fruto amadurecer.


Cláudio -  Agradeço por conceder a entrevista e peço-lhe que nos brinde com uma de suas poesias.


João – Minha gratidão pela oportunidade. Está aí o poema que fiz ontem.


Que ser

É a vida porque sou poeta
o sonho de estar feliz
como foi o sonho da infância
e por maravilhosa toda vida

porque sou poeta eu canto
o que o tempo traz
a riqueza de não ser rei
a riqueza de ser pobre
e de sofrer a dor
comum a todos nós

porque sou poeta eu canto
o passado e a esperança
de nivelamento às manhãs
e ao futuro do que faço
e do fazer eterno sempre
do eterno ser de mim.

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