Por Homero Fonseca
A obsessão do presidente da
República com um medicamento — que deveria ficar estritamente na alçada médica,
analisando-se caso a caso — , em plena pandemia, é algo inexplicável. A mídia
fica no debate superficial e caímos no FLA-FLU: a direita é a favor, a esquerda
é contra. É mais do que surreal, é esquizofrênico.
Não sei se há interesses
econômicos em jogo: o Exército já produziu que quantidade? De onde vieram as
matérias-primas, quanto custaram, quem intermediou? Quem mais fabrica a droga
mágica? A imprensa brasileira desaprendeu — propositalmente — de fazer
reportagem e por isso não investiga o caso.
Botar um remédio no centro do
debate de uma mega crise sanitária, econômica e social é tão absurdo quanto..
Pensei numa comparação meio
heterodoxa, digamos:
Mutatis mutandis, Bolsonaro
pontificando sobre cloroquina nessa crise é como se Getúlio Vargas, ao decidir
que o Brasil entraria na Segunda Guerra Mundial, colocasse no centro de
discussão a marca da cueca dos soldados.
*Homero Fonseca é jornalista,
escritor e consultor literário. Foi editor da revista Continente. Autor do
romance "Roliúde", entre outros livros.
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