Por Ayrton Maciel
Estimulados pelo presidente
Jair Bolsonaro, em presença e dissimuladamente em falas, os atos públicos que
pedem intervenção militar e o fechamento do Congresso e do STF deixam explícito
o desejo de uma minoria radical de ter, no país, uma ditadura de direita.
Bolsonaro quer, mas não
haverá golpe. Seus seguidores não terão um ditador. Não há - no país -condições
nem circunstâncias, internas e externas, que lhe favoreçam a se arriscar numa
aventura. Bolsonaro correria um grande risco de derrota e, por consequência,
deposição e prisão, juntamente com militares e políticos apoiadores de um
ataque à Constituição.
Que Bolsonaro tem o desejo de
dar um golpe, que seus radicais “milicianos políticos” estimulam, que políticos
extremados e de lobbies armados respaldariam e que alguns líderes e setores
militares avalizariam o golpe, parecem óbvio e de indisfarçável vontade.
Entretanto, as condições e
circunstâncias lhes são totalmente adversas para um ataque à democracia
brasileira, mesmo que num gesto insano e de delírio coletivo de seus pares. Por
quê?
1) Bolsonaro tem perdido
sucessivo apoio na parcela eleitoral - particularmente na direita liberal - que
votou nele em 2018. Essa parcela não tem prática nem simpatia política pelo
fascismo, mas sim pelo liberalismo econômico e a vida democratiza;
2) Num momento de
enfrentamento de uma dramática pandemia, a sua avaliação de desempenho é de
reprovação pela maioria, e a avaliação da sua gestão é desfavorável também pela
maioria, segundo as pesquisas de opinião. A comunidade científica denunciaria
ao mundo o caos politico de um golpe em meio a uma pandemia;
3) À reação e resistência da
comunidade política democrática nacional, incorporaria-se a repulsa unânime da
comunidade internacional, com países rompendo relações diplomáticas e
comerciais;
4) A ditadura estaria isolada
no continente, tendo no entorno um cinturão de países democráticos que de
imediato repudiariam o golpe, pois veriam no
atentado à democracia brasileira um estímulo a aventureiros em seus
países;
5) O golpe e a violência que
o acompanha - fechamento de Poderes, perseguição política, prisões, torturas,
mortes - legitimariam o surgimento de grupos armados de resistência, com
possibilidade de apoio internacional, o que poderia levar o país a uma
conflagração interna;
6) No caso de um golpe, o que
Bolsonaro e seus generais fariam com o STF? Cassariam e prenderiam seus
ministros? Substituiriam por quem e com quais critérios? E no MPF? E nos TJ
estaduais? Cassariam os mandatos e prenderiam deputados e senadores? Cassariam
os mandatos e prenderiam os governadores? Depois, enviariam todos ao exílio?
7) No poder total, por meio
de um golpe, Bolsonaro e seus generais governariam sem o Congresso e por
decreto? Favoreceriam a quem e por quais critérios nos cargos do governo de
exceção? As investigações sobre a morte de Marielle, as rachadinhas na Assembleia
do RJ, as milícias nas comunidades cariocas e a corrupção nos portos cariocas -
em andamento pelas Policias Civil e Federal - seriam arquivadas? Sem
resistência?
7) Como Bolsonaro iria
impedir protestos e manifestações públicas? Pondo o Exército para reprimir e
prender sindicalistas, líderes comunitários, acadêmicos, estudantes...?
Promoveria tortura e execuções de opositores, tendo o mundo e órgãos
internacionais de direitos humanos de olho no BR?
9) Em um golpe, como
Bolsonaro e seu séquito pensam que ficariam as relações com a França, Alemanha,
Reino Unido, e China e Rússia, ou seja, o mundo democrático e os maiores
parceiros comerciais do Brasil?
10) Em um golpe e ditadura, o
que Bolsonaro faria com a Rede Globo/O Globo, a Folha de SP, o Estadão, Veja,
Isto É, Carta Capital...? Faria a intervenção e estabeleceria a censura, sob
protesto da mídia internacional, inclusive a norte-americana?
Bolsonaro teria dificuldade
até de ter apoio de seu raro e maior aliado, o Donald Trump, que tem o seu país
como epicentro mundial da pandemia Covid-19 e está em plena campanha pela
reeleição presidencial nos EUA. Como Trump iria justificar aos americanos o
apoio a um golpe de Estado contra uma democracia?
Pior para Bolsonaro
seria se o democrata Joe Biden for
eleito presidente. Fatalmente haveria o repúdio e afastamento diplomático e
comercial dos EUA. Além de tudo, se Bolsonaro se lançasse em uma aventura
golpista, muito provavelmente estaria
abrindo um racha nas FFAA brasileiras. Há
democratas entre os militares.
Não há condições, mas vontade
Bolsonaro, alguns generais e seus aliados fanáticos têm.
O país está no meio de uma
pandemia, e o risco que existia - tendo o Brasil uma população majoritariamente
pobre - é que a falta de renda e trabalho pudesse gerar saques, depredações,
quebra-quebra, mas essa hipótese está anulada pelas medidas que o Congresso, o
próprio governo federal e os governadores adotaram.
Mas, numa situação eventual
dessas, as ações estão previstas na Constituição, dentro da democracia, como
são os casos do Estado de Sítio e Estado de Emergência. Assim, por tudo,
Bolsonaro não terá um soldado e um cabo para se aventurar em um delírio. Melhor
pensar em governar para todos.
* Ayrton Maciel é jornalista. O autor nos enviou o texto, que foi publicado também no blog de Magno Martins.
**Ilustração; Site Justificando
É cada imbecilidade que se lê! Bolsonaro já está no poder, os generais já estão no poder! Vão dar golpe? Se eles podem invocar o artigo 142 da constituição e dissolver o congresso e o STF em caso de necessidade! LEMBREM-SE APROXIMAÇÕES SUCESSIVAS! É SÓ O QUE OS MILITARES NECESSITAM! Por isso não fazem nada quando da interferência dos vagabundos do STF e do Congresso! Deixem eles continuarem puxando a corda de seu próprio cadafalso!
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