Por Magno Martins
O Brasil viveu um domingo atípico, ontem, dia do índio,
aniversário de Roberto Carlos. Quando os milhares de fãs aguardavam a live do
rei, que foi lindíssima e emocionante, em Brasília o presidente Bolsonaro vai
às ruas, numa manifestação em que discursa para um público, provavelmente
mobilizado pelo chamado gabinete do ódio, fazendo coro pela da ditadura,
abertamente conclamando por uma intervenção militar com ele próprio, Bolsonaro,
no comando.
Em alguns quartéis do Exército no Brasil, como o
do Recife, no Curado, centenas de pessoas vestindo amarelo e com a bandeira do
Brasil em mãos repetem o mesmo refrão: intervenção militar já. A noite, Roberto
Jefferson, aquele traste carimbado e cassado pelo mensalão, confesso corrupto,
é ressuscitado numa live por um suposto jornalista, afirmando que o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articula um golpe.
O Brasil vive a pior crise do século. Adoentado
pela pandemia do coronavirus, que arrasta milhares de pessoas para o túmulo,
sem distinção de raça, cor ou posição social, um presidente, com visíveis
sinais de psicopata, joga gasolina na fogueira ardente da instabilidade, quando
deveria cuidar da saúde do povo, preservar e salvar vidas.
O Brasil está na UTI. O cenário é muito
preocupante. A crise é tripla: de saúde, política e economia. A Covid-19 não
tira a vida apenas de seres humanos. Mata impiedosamente também empregos. Mais
de 600 mil pequenas e médias empresas já cerraram suas portas do Oiapoque ao
Chuí. Hospitais agonizam sem respiradores, a grande arma da guerra contra o
vírus da morte e do terror.
O que há de acontecer? Quem tem bola de cristal
para responder? Mas o fato é que mergulhamos no imprevisível, compasso que pode
dar em tudo ou em nada, como diz uma canção. Estamos numa travessia do
purgatório para o inferno e precisamos despertar para isso.
Um Brasil de democracia jovem, mas aparentemente
amadurecida, tem que correr da farda como o Diabo da Cruz. Não ao retrocesso,
não ao golpe, não aos esquizofrênicos que nos querem tirar o direito de ter um
momento de relaxe e prazer de tomar um vinho ouvindo Roberto Carlos cantar
festejando seus 79 anos, dos quais mais de 60 nos emocionando com tanto amor e
romantismo.
*Texto reproduzido do Blog de Magno Martins.
*Foto: Gaúcha Zero Hora

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