Por Leandro Demori
Vasculhando as agendas
públicas dos ministros do Bolsonaro, o repórter Rafael Neves notou que Abraham
“imprecionante” Weintraub recebeu anteontem lobistas de um método de ensino de
matemática chamado Cingapura. O método ficou famoso nos últimos tempos por ter
sido adotado por Jeff Bezos, dono da Amazon. O problema não é o método, mas as
pessoas envolvidas no lobby. Weintraub apagou o nome de um deles de sua agenda
oficial (por quê?), mas nós vamos contar quem são ele e sua turma.
Otávio Fakhoury.
O nome pode não te dizer
nada até a gente contar que Fakhoury é da turma de milicianos virtuais do
governo Bolsonaro. Ele entende tanto de educação quanto Weintraub de língua
portuguesa. Fakhoury é bom mesmo em outra coisa: colaborador e conselheiro
editorial dum site dedicado a implementar a agenda de extrema-direita chamado
Crítica Nacional, ele já foi enrolado em CPI de noticias falsas.
O Crítica Nacional é um
desses emanadores de lixo da internet. Seus links povoam os grupos de zap
dedicados às mamadeiras de piroca de todos os dias, como o kit gay ou a mentira
sobre ONGs tacando fogo na Amazônia. Em seus delírios supremos, o Crítica
Nacional defende que existe um “poderosíssimo lobby pedófilo na ONU”
alimentado, claro, pela esquerda (bu).
Fakhoury é o caso já clássico
de nanico gestado pelo bolsonarismo em busca de um negócio com o poder público
– porque ninguém é de ferro, claro. Ele foi financiador de campanhas de
bolsonaristas. Em 2018, distribuiu R$ 108 mil a gente como Bia Kicis e Luiz
Philippe de Orleans e Bragança, o príncipe sem reino.
Kicis, por exemplo,
poderia ser redatora do Crítica Nacional: ela espalhou um vídeo claramente
falso (parecia Hermes & Renato) que mostrava três guerrilheiros com vestes
militares emoldurados por uma bandeira da Colômbia. Um cosplay de paramilitares
das FARC ameaçando Bolsonaro e chamam Lula de “Comandante”. Um pastiche.
Mas alguém parece ter
alertado Weintraub de que ter agenda pública com Fakhoury era dar muita bandeira. De um dia
pro outro, seu nome foi retirado do ar.
Só que eles esqueceram de
retirá-lo da agenda de uma assessora do MEC que também participou do mesmo
encontro.
Quem são os outros
participantes?
Uma candidata a deputada
federal pelo PSL de São Paulo chamada Naomi
Yamaguchi – foi ela quem pediu a reunião.
Uma empresária chamada
Sílvia Fernanda Moura de Andrade, dona de uma fábrica de cosméticos em
Itapetininga, interior de São Paulo – e de uma página de extrema direita no
Facebook (que surpresa) chamada Adeus PT.
E um sujeito chamado
Marcus Tadeu Quarentei Cardoso, vereador em Itapetininga pelo PSDB, que na urna
usou a profissão de delegado para abocanhar votos da extrema-direita.
Ninguém, como se vê, com
currículo de educador.
Yamaguchi, a responsável
pelo encontro, fez parte da equipe de transição do ex-ministro Ricardo Vélez,
mas é formada em administração de empresas. Em um simpósio sobre escolas
cívico-militares sediado na Câmara dos Deputados, em abril passado, ela disse ter
conhecido o Método Cingapura em 2014 e descoberto o que o governo do país
asiático “quer para os seus alunos”: a lista inclui valores como disciplina,
lealdade e orgulho patriótico. A bobajada de sempre.
Não encontramos,
igualmente, nenhuma qualificação educacional de Silvia Andrade ou de Marcus Tadeu. O vereador
virou notícia em setembro do ano passado por outro motivo: teria autorizado
cultos religiosos noturnos em um cemitério de Itapetininga sem aval da prefeitura.
Perguntamos ao MEC, via
Lei de Acesso à Informação, porque o nome de Fakhoury foi retirado da agenda do
ministro, qual a qualificação e a documentação entregues pelos proponentes do
Método Cingapura, toda e qualquer apresentação feita por eles e a ata da
reunião. Queremos saber se as pessoas que estão vendendo métodos educacionais
ao governo entendem de… métodos educacionais.
Enquanto a resposta não vem, vamos deixar a
imaginação preencher nossos dias em pensar que essa gente desqualificada
(literalmente desqualificada) está vendendo algo que não conhece para os amigos
do governo. A mamata, senhores. A mamata.
*Leandro Demori é editor do site The Intercept, que publicou o texto em primeira mão.
E POR FALAR EM EDUCAÇÃO CADUCA HOJE A MEDIDA PROVISÓRIA QUE DÁ DIREITO AOS ESTUDANTES DO BRASIL TIRAR SUA CARTEIRA ESTUDANTIL TOTALMENTE DE GRAÇA. HÁ 90 DIAS QUE OS DEPUTADOS DO PC do B COZINHA GALO VÉIO EM FOGO BAIXO PARA ESSA MP NÃO SER APROVADA. O QUE SERÁ QUE ESTÁ POR TRÁS DE TUDO ISSO?!?!?! POR QUE O PC do B É CONTRA O ESTUDANTE TER SUA CARTEIRA TOTALMENTE GRATUITA, HEIN?!?!?!
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